Ácido anacárdico

Ácido anacárdico
Alerta sobre risco à saúde
Nome IUPAC Ácido 2-hidroxi-6-[(8Z,11Z)-pentadeca-8,11,14-trienil]benzóico
Identificadores
Número CAS 11034-77-8
PubChem 9875131
ChemSpider 2157
MeSH anacárdico ácido anacárdico
Propriedades
Fórmula molecular C22H30O3
Massa molar 342.4718 g/mol
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

O ácido anacárdico é um composto químico encontrado na casca da castanha de caju (Anacardium occidentale). Como ele está intimamente relacionado com urushiol, podendo também causar uma erupção cutânea alérgica em contato com a pele[1] conhecida como dermatite de contato induzida por urushiol. O acido anacárdico é um líquido amarelo. É miscível parcialmente em álcool e éter, mas quase imiscível em água. Quimicamente, o ácido anacárdico é uma mistura de vários compostos orgânicos intimamente relacionados. Cada um consiste de um ácido salicílico substituído com uma cadeia alquílica que tem 15 ou 17 átomos de carbono. O grupo alquila pode ser saturado ou insaturado. O ácido anacárdico é portanto uma mistura de moléculas saturadas e insaturadas. A mistura exata depende da espécie da planta.[2] da qual o a mistura encontrada no caju é muito letal para as bactérias Gram positivas.

Estrutura geral dos ácidos anacárdicos. R é uma cadeia alquílica de comprimento variável, que pode ser saturada ou insaturada.

Usado principalmente no tratamento de abcessos dentários, também é ativo contra acne, alguns insetos, tuberculose e SARM. Ela é encontrada principalmente na castanha de caju, mas também no fruto do caju, no óleo de casca de noz do caju, mas também em mangas e gerânios Pelargonium.[3]

Tratamento de abcessos dentários editar

A cadeia lateral com três ligações insaturadas provou ser a mais eficaz contra a Streptococcus mutans, a bactéria da cárie dentária, em experimentos de tubo de ensaio. O número de ligações insaturadas não teve influência na ação contra a Propionibacterium (bactéria da acne).[4] Pesquisas de laboratório comprovaram que o ácido anacárdico se demonstra muito eficaz contra bactérias causadoras da tuberculose.[5] Ao aquecer, este ácido se converte em um tipo de álcool (cardanol), mas não perde suas propriedades[6] a não ser que a temperatura se eleve a ponto de causar a descarboxilação da mistura.[7] Diz-se que os povos da Costa do Ouro usavam a castanha do caju e as folhas para curar a dor de dente.[8]

Aplicações industriais editar

Ácido anacárdico é o principal componente do óleo de castanha de caju, e encontra uso na indústria química para a produção de cardanol, que é utilizado para as resinas, revestimentos e materiais de fricção. [9]

Aplicação em resina biodegradável editar

Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolveram um resina biodegradável composta por cardanol e glicerol, substâncias extraídas do caju, contendo também a maghemita. Esta resina contém propriedades magnéticas e aglomerante de óleos, permitindo a sua utilização na remoção de petróleo derramado em fontes de água. Acredita-se que que as semelhanças entre as estruturas do cardanol e glicerol se assemelham a do petróleo, o que causa o efeito aglomerante.[10]

Historia editar

A primeira análise química do óleo da casca da castanha de caju do Anacardium occidentale foi publicado em 1847.[11]

Referências

  1. Rosen, T.; Fordice, D. B. (abril de 1994). «Cashew Nut Dermatitis». Southern Medical Journal. 87 (4): 543–546. PMID 8153790. Consultado em 13 de janeiro de 2011 
  2. V. J. Paul & L. M. Yeddanapalli (1954). «Olefinic Nature of Anacardic Acid from Indian Cashew-nut Shell Liquid». Nature. 174 (4430). 604 páginas. doi:10.1038/174604a0 
  3. Romeo, Edited by John T. (2006). Integrative plant biochemistry. Amsterdam: Elsevier. 132 páginas. ISBN 008045125X 
  4. Kubo I, Muroi H, & Himejima M. (1993) Structure - Antibacterial activity relationships of anacardic acids. Journal of Agricultural food Chemicals 41; 1016-1019, on p1018.
  5. Eichbaum FW 1946 Biological properties of anacardic acid (O- pentadeca dienylsalicylic acid) and related compounds. General discussion-bactericidal action. «Memórias do Instituto Butantan», 19, pp. 71-86.
  6. Himejima M & Kubo I. 1991 Antibacterial agents from the cashew Anacardium occidentale (Anacardiaceae) nutshell oil. Journal of Agricultural Food Chemicals 39; 418-421, on p419.
  7. Patel NM Patel MS 1936 Cashew-nut shell oil and a study of the changes produced in the oil by the action of heat. Journal of the University of Bombay, Science: Physical Sciences, Mathematics, Biological Sciences, Medicine 5 (pt2) 114-131.
  8. Cashew plants in folk medicine.
  9. Alexander H. Tullo (8 de setembro de 2008). «A Nutty Chemical». Chemical and Engineering News. 86 (36): 26–27. doi:10.1021/cen-v086n033.p026 
  10. Oliveira, Raquel (24 de novembro de 2009). «Magnetismo contra derramamentos de petróleo». Ciência Hoje. Instituto Ciência Hoje. Consultado em 27 de setembro de 2020 
  11. Dr. Städeler (1847). «Ueber die eigenthümlichen Bestandtheile der Anacardiumfrüchte». Annalen der Chemie und Pharmacie. 63 (2): 137–164. doi:10.1002/jlac.18470630202