A Aérospatiale, Société Nationale Industrielle, comumente referida como Aérospatiale[1][2] (pronúncia em francês: ​[aeʁɔspasjal]) foi uma indústria aeroespacial francesa que construiu aeronaves civis e militares, além de foguetes e satélites. Foi originalmente conhecida como Société Nationale Industrielle Aérospatiale (SNIAS). Sua sede era no 16º arrondissement de Paris.[3][4]

Aérospatiale
Aérospatiale
Razão social Aérospatiale, Société Nationale Industrielle
Atividade Aeroespacial
Fundação 1970
Encerramento 10 de Julho de 2000
Sede Paris, França
Produtos Aeronaves, Foguetes e Satélites
Sucessora(s) EADS

A Aérospatiale foi uma das maiores industrias aeroespaciais da sua época, tendo se envolvido nos projetos do Concorde, ATR, Airbus e Transall, além do programa Ariane. Sua divisão de helicópteros construiu maquinas de grande sucesso, como o Alouette III, o Puma e o Écureuil. A Aérospatiale projetou e produziu boa parte dos mísseis balísticos operados pela França, além de armas como o míssil antinavio Exocet, os mísseis anticarro MILAN e HOT (dentro do consórcio Euromissile) e o míssil ar-superfície nuclear ASMP.

Durante os anos 90, a Aérospatiale sofreu significativas reestruturações e fusões. Sua divisão de helicópteros foi combinada com a alemã DaimlerBenz Aerospace AG para criar a Eurocopter Group. Em 1999, maioria das atividades da Aérospatiale (exceto as atividades de satélites), foram fundidas com a divisão de defesa do conglomerado francês Matra, formando assim a Aérospatiale-Matra. No mesmo tempo, a divisão de construção de satélites foi fundida a Alcatel e se tornou Alcatel Space, hoje Thales Alenia Space. Em 2001, a Aérospatiale-Matra se fundiu com a espanhola Construcciones Aeronáuticas S.A. (CASA), e a alemã DaimlerChrysler Aerospace AG (DASA), formando assim a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), Hoje, boa parte das antigas posses da Aérospatiale fazem parte da consórcio multinacional Airbus Group.

História editar

Formação editar

Durante o ano de 1970, as estatais Sud Aviation, Nord Aviation e Société d'études et de réalisation d'engins balistiques (SÉREB) foram fundidas. O resultado foi a Société Nationale Industrielle Aérospatiale (SNIAS), a - na época - maior companhia aeroespacial da França. O governo francês era o sócio majoritário da companhia, com 97% de suas ações.[5] Suas operações se iniciaram em 1971 e seu diretor era industrial francês Henri Ziegler.

Principais Projetos editar

Muitos dos primeiros programas de desenvolvimento da Aérospatiale eram programas anteriores de seus predecessores, principalmente da Sud Aviation.[5] O projeto de maior prestígio que foi herdado era o Concorde, uma tentativa conjunta entre o Reino Unido e a França para um avião comercial supersônico. O trabalho inicial foi feito entre a Sud Aviation e a Bristol Aeroplane Company (BAC), do Reino Unido.[6] Os motores do Concorde foram também um esforço conjunto entre a francesa SNECMA e a britânica Bristol Siddeley. O programa foi altamente politizado e sofreu com inúmeros atrasos e superação de custos iniciais.[7] Ao fim, devido a más decisões políticas e as crises do petróleo dos anos 70, somente duas companhias (British Airways e Air France) adquiriram o Concorde.[7]

Logo após o programa Concorde, o direção da Aérospatiale estava mais atenta para não cometer os mesmos erros de antigamente.[5] O próximo grande projeto da Aérospatiale seria um consórcio internacional entre ela, a britânica British Aerospace (BAe) e a alemã Messerschmitt-Bölkow-Blohm (MBB), chamado Airbus Industries. Dentro desse consórcio, havia o planejamento de construir um avião comercial bimotor widebody, que seria designado como A300.[8] No começo, houveram dificuldades para vender a nova aeronave, porém, a Aérospatiale continuou construíndo a aeronaves (mesmo sem ordens de companhias aéreas), uma vez que não conseguiria dispensar funcionários para diminuir a produção, devido a lei trabalhista francesa.[5] As vendas do A300 logo após começaram a deslanchar, se tornando um grande sucesso da aviação comercial, disputando mercado diretamente com aeronaves mais complexas e caras, como o Lockheed L-1011 Tristar e o Douglas DC-10, tendo vantagens sobre esses, devido os menores custos de operação.[5] Com o sucesso do A300, o consórcio teve continuidade, produzindo vários outros modelos de aeronaves e se tornando uma das maiores fabricantes de aeronaves comerciais do mundo.

Programas Espaciais editar

A Aérospatiale tomou um papel de liderança também no setor espacial europeu.[5] Durante os anos 60, a Sud Aviation se envolveu em um programa multinacional europeu do veículo de lançamento espacial Europa, sendo esse um foguete de três estágios, com os mesmos sendo construídos separadamente na Alemanha, França e Reino Unido. Porém, todos os lançamentos de provas conduzidos resultaram em falhas; sendo atribuido a completa falha do programa na falta de uma autoridade central responsável pelas operações. Isso foi resultado de um programa altamente politizado.

Quando a Aérospatiale decidiu assumir um papel no setor espacial, decidiu por não cometer os mesmos erros do programa Europa.[5] A companhia propôs a construção de um novo veículo de lançamento espacial pesado, chamado Ariane. Nesse programa, houve o convite à outros países europeus, porém, os franceses tomaram a responsabilidade primária, e também as principais decisões.[5] O programa Ariane foi um sucesso, dando a capacidade aos franceses de lançamento de satélites e a vantagem de executar mais lançamentos na época, uma vez que os americanos estavam concentrados no programa do Space Shuttle.

Privatização e Fusões editar

Em 1992, a companhia alemã DaimlerBenz Aerospace AG (DASA) e a Aérospatiale uniram suas divisões responsáveis pelos helicópteros, formando a Eurocopter Group; a propriedade da nova entidade é dividida entre as duas companhias.[9]

Durante o fim dos anos 90, o governo do primeiro ministro francês Lionel Jospin iniciou uma politica de privitização da Aérospatiale.[10] Em 1999, a Aérospatiale, com exceção dos satélites, foi fundida com a Matra Haute Technologie, formando a Aérospatiale-Matra.[11] Em 2001, a divisão de mísseis da Aérospatiale-Matra se uniu com a Matra BAe Dynamics e a divisão de mísseis da Alenia Marconi Systems para formar a MBDA.[12]

Finalmente, em 10 de julho de 2000, foi formada a EADS (The European Aeronautic Defence and Space Company), a partir da união da Aérospatiale-Matra, Construcciones Aeronáuticas SA (CASA), da Espanha e DaimlerChrysler Aerospace AG (DASA), da Alemanha. Em janeiro de 2014 houve uma reestruturação do Grupo Airbus e a EADS foi extinta.[13][14]

Produtos editar

 
O Aerospatiale Corvette voou pela primeira vez em 1970, entrando em serviço no ano de 1974. Quarenta aeronaves deste tipo foram produzidas

A Aérospatiale trabalhou em conjunto a companhia britânica Westland em três projetos, o Puma, o Gazelle e o Lynx.

Aeronaves de Asa Fixa editar

 
ATR-42
 
SA 330 Puma
 
Ariane 4

Helicópteros editar

Veículo Aéreo Não Tripulado editar

  • C.22

Mísseis editar

Míssil Ar-Superfície

  • AS.12
  • AS.20
  • AS.30
  • ASMP

Míssil Superfície-Ar editar

  • Roland

Míssil Antinavio editar

Míssil Anticarro

Míssil Balístico editar

Produtos Espaciais editar

Foguetes editar

Ônibus Espacial editar

Veículo Experimental editar

  • Atmospheric Reentry Demonstrator (ARD)

Sonda

  • Huygens

Telescópio Espacial

Satélites editar

Direção editar

A governança da Aérospatiale funcionava com um Conselho Administrativo, exceto no periodo entre 1973 a 1975, quando foi estabelecido um conselho de supervisão e um conselho de gerência.[15][16][17]

Lista de Presidentes editar

  • 1970 - 1973 : Henri Ziegler
  • 1973 - 1975 : Charles Cristofini
  • 1975 - 1983 : Jacques Mitterrand
  • 1983 - 1992: Henri Martre
  • 1992 - 1996: Louis Gallois
  • 1996 - 1999: Yves Michot

Referências

  1. Partiot, Anne (janeiro de 1990). «Aerospatiale - Près de trente ans d'alliances... Un formidable brassage de compétences». Revue Aérospatiale 
  2. Maoui, Gerard (1985). Aerospatiale : la passion de la conquête. Paris: [s.n.] 
  3. Who owns whom: Continental Europe, Volume 1. Dun & Bradstreet., 1990. 555. Recuperada do Google Books em 31 de Agosto de 2011. "SA NATIONALE INDUSTRIELLE AÉROSPATIALE 372 1 . 3724 SA, 37 Boulevard de Montmorency, F-75016 Paris"
  4. "Escritórios e facilidades." Aerospatiale. Visualizado em 09 de Agosto de 2012. "HEADQUARTERS PARIS Aerospatiale 37, boulevard de Montmorency - 75781 Paris cedex 16"
  5. a b c d e f g h «SUD AVIATION AND AEROSPATIALE». www.centennialofflight.net. Consultado em 29 de novembro de 2023 
  6. «BAC Sud Aviation Concorde». www.aussieairliners.org. Consultado em 29 de novembro de 2023 
  7. a b Staff, Spike (11 de março de 2013). «What Happened to the Concorde?». Spike Aerospace (em inglês). Consultado em 29 de novembro de 2023 
  8. Kennedy, Charles (30 de junho de 2022). «History Special: A300 - The First Airbus». SamChui.com (em inglês). Consultado em 29 de novembro de 2023 
  9. «A Bit of History: American Eurocopter's Growth over the Decades.» (PDF). Rotor Journal (83). Outubro de 2009. Consultado em 28 de novembro de 2023. Arquivado do original (PDF) em 26 de outubro de 2016 
  10. «Airbus set for privatisation as France abandons objection». The Independent (em inglês). 28 de agosto de 1997. Consultado em 29 de novembro de 2023 
  11. «Defense & Aerospace Companies - Volume II». Forecast International. Setembro de 2001. Consultado em 28 de novembro de 2023 
  12. «History». MBDA (em inglês). Consultado em 29 de novembro de 2023 
  13. «Airbus Group takes off into 2014 with joint brand» (em inglês). Airbus group. 2 de janeiro de 2014. Consultado em 23 de fevereiro de 2015 
  14. «What we do» (em inglês). Airbus group. 2014. Consultado em 13 de fevereiro de 2014 
  15. «Décret n°70-71 du 26 janvier 1970 RELATIF A LA FUSION DES SOCIETES NATIONALES DE CONSTRUCTIONS AERONAUTIQUES SUD-AVIATION ET NORD-AVIATION SOUS LE NOM DE "SOCIETE NATIONALE INDUSTRIELLE AEROSPATIALE" (SNIAS) - Légifrance». www.legifrance.gouv.fr. Consultado em 29 de novembro de 2023 
  16. Décret n°73-1203 du 27 décembre 1973 PORTANT ORGANISATION DE LA SOCIETE NATIONALE INDUSTRIELLE AEROSPATIALE (SNIAS), 27 dezembro 1973, consultado em 29 de novembro de 2023 
  17. Décret n°75-995 du 29 octobre 1975 PORTANT ORGANISATION DE LA SOCIETE NATIONALE INDUSTRIELLE AEROSPATIALE (SNIAS), 29 outubro 1975, consultado em 29 de novembro de 2023 
 
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