Abelissauro

Dinossauros

Abelisaurus (em português Abelissauro)[1][2] é um gênero de dinossauro terópode que viveu na América do Sul durante a idade Campaniana, do Cretáceo Superior. Era um carnívoro bípede que provavelmente atingiu cerca de 7,4 metros de comprimento, embora isso seja incerto, pois é conhecido apenas por um crânio parcial.

Abelisaurus
Intervalo temporal: Campaniano
80 Ma
Reconstrução do crânio de Abelisaurus com ossos originais do holótipo.
Escala = 10 cm
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Theropoda
Família: Abelisauridae
Clado: Furileusauria
Tribo: Carnotaurini
Gênero: Abelisaurus
Bonaparte & Novas, 1985
Espécie-tipo
Abelisaurus comahuensis
Sinónimos

Este dinossauro é o principal representante da família Abelisauridae, um grupo de terópodes ceratossaurianos que viveram em grande parte na América do Sul (além de África, Madagascar, Índia e partes da Europa) durante o final do Jurássico e até o fim do Cretáceo.

Era provavelmente o principal predador do seu ecossistema, caçando saurópodes como Antarctosaurus, Barrosasaurus e Neuquensaurus.

Descoberta editar

A Formação Anacleto no mapa da América do Sul
Formação Anacleto, local onde o holótipo do Abelissauro foi descoberto

Cunhando a espécie-tipo Abelisaurus comahuensis, tanto o gênero quanto a espécie foram nomeados e descritos pelos paleontólogos argentinos José Bonaparte e Fernando Emilio Novas em 1985. O nome do gênero é em homenagem ao Professor Roberto Abel, autor da descoberta.[2] Já o epíteto específico deriva de Comahue, local onde o primeiro material foi descoberto.[3]

O holótipo, MC 11078, foi descoberto em 1983 no sítio "Cantera de la Pala Mécanica" nas pedreiras Lago Pellegrini exploradas por Abel desde 1975. Este único fóssil conhecido de Abelissauro consiste em um crânio, sem as mandíbulas inferiores, que é incompleta, especialmente no lado direito. A maioria das conexões entre o focinho e a parte de trás do crânio está ausente. Também está faltando a maior parte do palato (céu da boca). Apesar das peças que faltam, pode ser estimado em mais de 85 centímetros de comprimento.[3]

O Abelissauro é um dos muitos dinossauros que foram descobertos na Patagônia. Foi originalmente descrito como proveniente da Formação Allen, mas pesquisas posteriores provaram que os restos foram realmente encontrados na antiga Formação Anacleto (parte do Grupo Neuquén) da Província de Rio Negro, Argentina. No entanto, localmente Abelissauro é conhecido por ter vindo do campo Sr. Fernandez, que está na Formação Allen, do datada do estágio Coniaciano.[4] Claramente, mais estudo é necessário. O Anacleto é uma formação geológica na América do Sul, que data do início do estágio Campaniano do Período Cretáceo Superior, entre 83 e 80 milhões de anos atrás.[5]

Em 2009, Novas sugeriu que Aucasaurus garridoi poderia ser um sinônimo júnior de Abelisaurus comahuensis.[3] Em 2010, Gregory S. Paul renomeou Aucasaurus garridoi para Abelisaurus garridoi.[6]

Descrição editar

Foto do crânio do holótipo de Abelisaurus comahuensis
Reconstuição da cabeça.

O crânio do holótipo é quase completo, tem 85 centímetros de comprimento e apresenta rugosidades proeminentes no nasal que podem ter sido cobertas por queratina.[3] O comprimento do crânio foi estimado em 85 centímetros em 1985. O crânio é relativamente profundo. Embora não haja cristas ósseas ou chifres, como os encontrados em alguns outros abelissaurídeos, como Carnotaurus, cristas ásperas no focinho e acima dos olhos podem ter sustentado algum tipo de crista feita de queratina, que não teria se fossilizado. O teto do crânio é engrossado. Há também fenestras muito grandes (aberturas semelhantes a janelas) no crânio, que são encontradas em muitos dinossauros e reduzem o peso do crânio. Uma delas é uma grande fenestra anterorbital triangular na lateral do focinho. A órbita ocular atrás dele é bastante alta. É constringido no meio por projeções ósseas do osso lacrimal na frente e do osso pós-orbital na parte traseira. O olho estava localizado acima da constrição. Atrás da cavidade ocular está presente uma grande fenestra infratemporal triangular. Sua forma reflete uma forte inclinação para a frente da parte de trás do crânio.[3]

O osso do focinho frontal, a pré-maxila, tinha quatro dentes relativamente pequenos. A maxila atrás dela tinha pelo menos sete, mas talvez até treze dentes maiores.[3]

Tamanho editar

 
Comparação de tamanho de alguns abelissaurídeos. Abelissauro em vermelho.

O paleontólogo de vertebrados Thomas Holtz deu um comprimento de 11 metros e um peso máximo de 3,6 toneladas, tornando o Abelisaurus um dos maiores terópodes carnossauros e talvez o maior abelissaurídeo.[7][8] Seu tamanho também foi estimado em 7,2 metros e 1,65 toneladas.[9]

Classificação editar

Bonaparte e Novas colocaram o Abelisaurus na recém-criada família Abelisauridae em 1985. Eles achavam que era um membro da Carnosauria.[3] Abelissauro foi o primeiro abelissaurídeo nomeado.[2]

Muitos outros abelissaurídeos foram descobertos desde então, incluindo espécimes muito mais completos de Aucasaurus, Carnotaurus e Majungasaurus. Eles mostraram que os abelissaurídeos não eram carnossauros no sentido moderno, mas pertenciam ao Neoceratosauria. Alguns cientistas colocam o Abelisaurus como um abelissaurídeo basal, fora da subfamília Carnotaurinae.[10][11] Outros estão menos certos de sua posição.[12][13] O Abelisaurus compartilha algumas características do crânio, como um alongamento relativo, com os carcharodontosaurídeos, um grupo não relacionado a outras espécies atribuídas aos Abelisauridae, e, como é conhecido apenas a partir de um crânio, tem sido sugerido que futuras descobertas possam mostrar que o Abelisaurus foi na verdade, um carcharodontosaurídeo.[14] No entanto, isso é considerado improvável.[13]

 
Representação artística de um Abelisaurus comahuensis.

Abaixo, segue um cladograma de família Abelisauridae por Zaher et al (2020) mostrando a posição filogenética de Abelisaurus e de outros gêneros basais na família.[15]

Abelisauridae

Eoabelisaurus

Spectrovenator

Rugops

Arcovenator

Rajasaurus

Majungasaurus

Indosaurus

Abelisaurus

Brachyrostra

Skorpiovenator

Ekrixinatosaurus

Ilokelesia

Carnotaurini

Dahalokely

Carnotaurus

Aucasaurus

Rahiolisaurus

Paleobiologia editar

Como o crânio do Abelissauro era relativamente largo na parte de trás, Bonaparte e Novas fizeram uma comparação entre as espécies recém-descritas e os Tyrannosauridae também de crânio largo. Eles assumiram que, assim como os tiranossaurídeos, o Abelissauro era o ápice dos predadores de seu ecossistema.[3]

Em 2010, Gregory S. Paul propôs que Abelissauro caçasse saurópodes titanossauros, tais como Antarctosaurus, Pellegrinisaurus, Barrosasaurus e Neuquensaurus.[6]

Ver também editar

Referências

  1. «O abelissauro brasileiro». Super Interessante. 4 de julho de 2009. Consultado em 20 de março de 2022 
  2. a b c Infopédia. «lingua-portuguesa/abelissauro | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 19 de julho de 2022 
  3. a b c d e f g h Bonaparte, J.; Novas, E.E. (1985). «Abelisaurus comahuensis, n.g., n.sp., Carnosauria del Crétacico Tardio de Patagonia». Ameghiniana (em espanhol). 21: 259–265 – via ResearchGate 
  4. Gianechini, Federico A.; Apesteguía, Sebastián; Landini, Walter; Finotti, Franco; Juárez Valieri, Rubén; Zandonai, Fabiana (1 de maio de 2015). «New abelisaurid remains from the Anacleto Formation (Upper Cretaceous), Patagonia, Argentina». Cretaceous Research (em inglês). 54: 1–16. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2014.11.009 
  5. Leanza, H.A.; Apesteguía, S.; Novas, F.E.; Fuente, M.S. (2004). «Cretaceous terrestrial beds from the Neuquén Basin (Argentina) and their tetrapod assemblages». Cretaceous Research. 25 (1): 61–87. doi:10.1016/j.cretres.2003.10.005 
  6. a b Paul, G.S. (2010). The Princeton Field Guide to Dinosaurs. [S.l.]: Princeton University Press. ISBN 9781400836154 
  7. Holtz, Thomas R. Jr. (2012) Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix.
  8. Supplementary Information to Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages by Thomas R. Holtz, Jr., illustrations by Luis Rey https://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/appendix.html
  9. M-P., R.; Larramendi, A. (2016). Récords y curiosidades de los dinosaurios Terópodos y otros dinosauromorfos. Barcelona, Espanha: Larousse. 257 páginas. ISBN 9788416641154 
  10. Tykoski, R.S.; Rowe, T. (2004). «Ceratosauria». In: Dodson, P.; Osmólska, H.; Weishamepl, D.B. The Dinosauria (2nd edition). [S.l.]: University of California Press. pp. 47–70. ISBN 9780520941434 
  11. Sereno, P.C.; Wilson, J.A.; Conrad, J.L. (2004). «New dinosaurs link southern landmasses in the Mid-Cretaceous». Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences. 271 (1546): 1325–1330. PMC 1691741 . PMID 15306329. doi:10.1098/rspb.2004.2692 
  12. Sampson, S.D.; Witmer, L.M.; Forster, C.A.; Krause, D.A.; O'Connor, P.M.; Dodson, P.; Ravoavy, F. (1998). «Predatory Dinosaur Remains from Madagascar: Implications for the Cretaceous Biogeography of Gondwana». Science. 280 (5366): 1048–1051. PMID 9582112. doi:10.1126/science.280.5366.1048 
  13. a b Lamanna, M.C.; Martínez, R.D.; Smith, J.B. (2002). «A definitive abelisaurid theropod dinosaur from the early Late Cretaceous of Patagonia». Journal of Vertebrate Paleontology. 22 (1): 58–69. ISSN 0272-4634. doi:10.1671/0272-4634(2002)022[0058:ADATDF]2.0.CO;2 
  14. Novas, F.E. (1997). «Abelisauridae». In: Currie, P.J.; Padian, K.P. Encyclopedia of Dinosaurs. San Diego: Academic Press. pp. 1–2. ISBN 9780080494746. OCLC 436848919 
  15. Zaher, Hussam; Navarro, Bruno A.; Pol, Diego; Delcourt, Rafael. «An Early Cretaceous theropod dinosaur from Brazil sheds light on the cranial evolution of the Abelisauridae». Comptes rendus paleovol. 19 (6): 101-115. doi:10.5852/cr-palevol2020v19a6 

Ligações externas editar

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