Abhijna (Sânsc.; Pali, abhiñña) no budismo é o conhecimento superior ou espiritual obtido através de um meio de vida virtuoso e da meditação. Estes conhecimentos superiores incluem habilidades mundanas extra-sensoriais (tais como ver as vidas passadas e futuras) bem como extinção supra-mundana de todas as máculas mentais.

No cânone Pali editar

No cânone Pali, os conhecimentos superiores são tipicamente enumerados em um grupo de seis ou três tipos de conhecimento.

Os seis tipos de conhecimento superior são (chalabhiñña) são:

  1. "Poderes superiores" (iddhi-vidhā), tais como andar sobre a água e através de paredes;
  2. "Ouvido divino" (dibba-sota), ou seja, clariaudiência;
  3. "Conhecimento que penetra mentes" (ceto-pariya-ñāṇa), ou seja, telepatia;
  4. "Lembrar-se das moradas anteriores" (pubbe-nivāsanussati), ou seja, lembrar-se de suas vidas passadas;
  5. "Olho divino" (dibba-cakkhu), ou seja, conhecer a destinação cármica dos outros; e,
  6. "Extinção de todos os poluentes mentais" (āsavakkhaya), ao qual se segue o estado de um arhat.[1]

A realização destes seis poderes superiores é mencionado em vários discourses, o mais famoso sendo o "Discurso sobre os frutos da vida contemplativa" (Samaññaphala Sutta), DN 2).[2] Os primeiros cinco conhecimentos são alcançados através da concentração meditativa (samadhi), enquanto que o sexto é obtido através do insight (vipassana). O sexto tipo é o objetivo último do budismo, que é o fim de todo o sofrimento e a destruição de toda a ignorância.[3]

De modo similar, os três conhecimentos ou sabedorias (tevijja ou tivijja) são:

  1. "Lembrar-se das moradas anteriores" (pubbe-nivāsanussati);
  2. "Olho divino" (dibba-cakkhu); e,
  3. "Extinção dos poluentes mentais" (āsavakkhaya).[4]

Os três conhecimentos são mencionados em numerosos discursos, incluindo o Maha-Saccaka Sutta (MN 36), no qual o Buda descreve a obtenção de cada deles na primeira, segunda e terceira vigilhas, respectivamente, da noite de sua iluminação. Estas formas de conhecimento são tipicamente listadas como surgindo depois que se alcança o quarto jhana.[5]

Enquanto tais poderes são considerados como indicadores de progresso espiritual, o budismo alerta contra a indulgência ou exibição deles, já que isso poderia desviar o praticante do caminho verdadeiro para obter a cessação do sofrimento.[3]

Ver também editar

Referências

  1. Orientalia (2007); Rhys Davids & Stede (1921-5), pp. 64-65, 115-116, 121-122, 272, 288-289, 372, 432; Thanissaro (1997).
  2. Thanissaro (1997). Outros discursos que mencionam os seis tipos de conhecimentos superiores incluem o Kevatta Sutta (DN 11), o Lohicca Sutta (DN 12) e o Mahasakuludayi Sutta (MN 77).
  3. a b Encyclopædia Britannica (2007).
  4. Veja, por exêmplo, Rhys Davids & Stede (1921-25), pp. 307, 617.
  5. Thanissaro (1998). Outros discursos que mencionam os três incluem: Tevijja Sutta (DN 13), Bhaya-bherava Sutta (MN 4).

Fontes editar