Acidente ferroviário de Engenheiro Goulart (1959)

O acidente ferroviário de Engenheiro Goulart aconteceu na noite de 5 de junho de 1959 no bairro de Engenheiro Goulart, zona leste de São Paulo, quando dois trens de passageiros colidiram frontalmente. Com 50 vítimas fatais, esse foi o um dos maiores acidentes ferroviários já ocorridos no Brasil.

Acidente ferroviário de Engenheiro Goulart
Acidente ferroviário de Engenheiro Goulart (1959)
A colisão provocou um engavetamento telescópico dos carros de passageiros.
Descrição
Data 5 de junho de 1959
Hora 18:20 (21:20 UTC)
Local São Paulo
Coordenadas 23° 29′ 53″ S, 46° 31′ 12″ O
País Brasil
Linha Linha Variante
Operador EFCB
Tipo de acidente Colisão frontal
Causa Falha humana
Estatísticas
Comboios/trens 2 x TUE Série 100 (EFCB)
Passageiros aprox. 3.000[1][2]
Mortos 50
Feridos 120
Prejuízos 2 milhões de cruzeiros[3][4]

Variante de Poá editar

Variante de Poá era a denominação de uma via férrea suburbana que integrava o antigo Ramal de São Paulo da Estrada de Ferro Central do Brasil e ligava as estações Roosevelt, na região central da capital paulista, e Calmon Viana, no município de Poá.[5] À época, essa variante passava por obras de duplicação de linhas, sendo que o primeiro trecho, entre as estações Engenheiro Sebastião Gualberto e Engenheiro Goulart, havia sido inaugurado menos de três meses antes do acidente.[6][7][8]

Apesar do projeto de modernização em andamento, a estação de Engenheiro Goulart não dispunha de equipamentos de sinalização ou de comunicação automáticas para orientação das composições que transitavam pelo trecho de linha única. A seção de bloqueio era operada a partir de uma licença para circulação concedida pelo chefe da estação aos maquinistas através dos chamados bastões de staff.[nota 1][11] Nesse sistema, o maquinista do primeiro trem a chegar à parada onde se dá o cruzamento oficial entrega ao guarda da estação um bastão metálico com a identificação da estação anterior. Esse bastão é repassado ao agente de movimento, que o coloca no staff. Assim, esse trem permanece estacionado no desvio até que a composição que segue no sentido contrário chegue à estação e seu maquinista realize o mesmo procedimento de entrega do bastão. Somente quando o bastão correspondente à estação seguinte é entregue ao maquinista da composição estacionada é que esta encontra-se autorizada para seguir viagem.[12]

Acidente editar

Duas composições envolveram-se no acidente: a UP-240, que havia partido às 18h05 da Estação Roosevelt com destino à Estação Calmon Viana e a UP-237, que seguia no sentido contrário.[13][14] Essa segunda composição, procedente da Estação Comendador Ermelino e conduzida por João Rosa da Costa, já se encontrava estacionada no desvio da Estação Engenheiro Goulart à espera da UP-240, que era conduzida pelo maquinista Agenor André Pereira e vinha da Estação Engenheiro Trindade.

Notas e referências

Notas

  1. Bastão de staff é o elemento representativo da licença em trecho cujo sistema de licenciamento adotado é o Staff Elétrico. Consiste em um bastão de aço de forma cilíndrica, apresentando saliências e tem gravado, em uma de suas extremidades, os nomes das duas estações delimitatórias do trecho em que o mesmo tem validade.[9][10]

Referências

  1. «Choque de trens em São Paulo: 46 mortos» (PDF). Rio de Janeiro. Diário de Notícias (11.213): 1. 6 de junho de 1959. Consultado em 5 de fevereiro de 2018 
  2. «Desastre de trem em São Paulo mata 49 pessoas» (PDF). Rio de Janeiro. Jornal do Brasil (130): 1. 6 de junho de 1959. Consultado em 7 de fevereiro de 2018 
  3. «Balanço trágico: 56 mortos e 120 feridos em São Paulo» (PDF). Rio de Janeiro. O Jornal (11.891): 6. 7 de junho de 1959. Consultado em 5 de fevereiro de 2018 
  4. «Desastre da Central enluta S. Paulo e acusados acusam-se mutuamente» (PDF). Rio de Janeiro. Jornal do Brasil (132): 10. 9 de junho de 1959. Consultado em 5 de fevereiro de 2018 
  5. «EFCB - Estrada de Ferro Central do Brasil - Variante de Poá». Estações Ferroviárias. Consultado em 3 de Fevereiro de 2018 
  6. «Entregue ao tráfego um trecho de linha dupla eletrificada nos subúrbios de São Paulo» (PDF). Rio de Janeiro. Última Hora (2.673): 7. 20 de março de 1959. Consultado em 7 de fevereiro de 2018 
  7. «EFCB inaugura bastão piloto nas estações» (PDF). Rio de Janeiro. Jornal do Commércio (144): 7. 20 de março de 1959. Consultado em 5 de fevereiro de 2018 
  8. «Entregue ao tráfego um trecho da linha dupla eletrificada nos subúrbios de S. Paulo» (PDF). Rio de Janeiro. O Jornal (11.824): 7. 21 de março de 1959. Consultado em 5 de fevereiro de 2018 
  9. «Glossário Ferroviário». Informações do Setor. Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários. Consultado em 5 de Fevereiro de 2018. Arquivado do original em 6 de fevereiro de 2018 
  10. Silva, Amado da Costa e (2012). «6. Fundamentos de Sinalização Ferroviária». Uma Introdução à Engenharia Ferroviária 1ª ed. Joinville: Clube de Autores. p. 52. 112 páginas. ISBN 978-8591350704. Consultado em 5 de Fevereiro de 2018 
  11. «Central, Estrada da Morte: Até quando os descalabros?» (PDF). Rio de Janeiro. Última Hora (2.747): 1. 15 de junho de 1959. Consultado em 5 de fevereiro de 2018 
  12. «Trilhos de sangue continuarão matando: Central é a responsável pela tragédia!» (PDF). São Paulo. Última Hora (2.197): 4. 8 de junho de 1959. Consultado em 9 de fevereiro de 2018 
  13. Giesbrecht, Ralph M. «Engenheiro Goulart, Município de São Paulo, SP». Estações Ferroviárias do Brasil. Consultado em 3 de Fevereiro de 2018 
  14. «Centenas de feridos num desastre ferroviário ocorrido em São Paulo» (PDF). Rio de Janeiro. Correio da Manhã (20.304): 14. 6 de junho de 1959. Consultado em 3 de fevereiro de 2018