Alexandre Kalil

empresário e político brasileiro, ex-Prefeito de Belo Horizonte

Alexandre Kalil (Belo Horizonte, 25 de março de 1959) é um empresário, dirigente esportivo e político brasileiro, filiado ao Partido Social Democrático (PSD). Foi prefeito de Belo Horizonte de janeiro de 2017 a março de 2022.[1][2][3]

Alexandre Kalil
Alexandre Kalil
52.º Prefeito de Belo Horizonte
Período 1 de janeiro de 2017
até 28 de março de 2022
Vice-prefeito Paulo Lamac (2017–2021)
Fuad Noman (2021–2022)
Antecessor(a) Marcio Lacerda
Sucessor(a) Fuad Noman
Presidente do Clube Atlético Mineiro
Período 30 de outubro de 2008
até 3 de dezembro de 2014
Antecessor(a) Ziza Valadares
Sucessor(a) Daniel Nepomuceno
Dados pessoais
Nascimento 25 de março de 1959 (65 anos)
Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Nacionalidade Brasileiro
Partido PSDB (2001-2013)
PSB (2013-2015)
PHS (2016-2019)
PSD (2019-presente)
Profissão empresário, dirigente esportivo e político

Filho do ex-presidente do Clube Atlético Mineiro, Elias Kalil (1930-1993), foi presidente do conselho deliberativo e diretor de futebol, eleito presidente do 51º mandato do clube em 2008,[4] cargo que ocupou até 2014. Empresário, comanda a Erkal Engenharia, com atuação na região metropolitana de Belo Horizonte. É separado e pai de três filhos.[5]

Carreira como empresário editar

Alexandre Kalil cursou Engenharia Civil em Belo Horizonte até o quarto ano de curso. Faltando um ano para sua graduação, deixou a faculdade por precisar trabalhar e passou a se dedicar a obras. Mesmo sem a formação de engenheiro, acabou se especializando em infraestrutura rodoviária, urbana, civil e industrial na prática, e assumiu a Erkal Engenharia junto com seu pai e seu tio, empresa que fez crescer e toca até hoje.[6]

Em 20 de setembro de 2016, a Justiça de Minas Gerais decretou a falência da Erkal Engenharia, que possui um débito de 88.000,00 reais. A decisão cabe recurso.[7]

Dirigente esportivo editar

Aos 25 anos de idade, Alexandre recebeu a tarefa de comandar o voleibol do Clube Atlético Mineiro, modalidade hoje extinta no clube. Entre 1980 e 1983, durante a gestão de Kalil, o Atlético conseguiu sete títulos pelo vôlei - quatro campeonatos estaduais e outros três metropolitanos.[8]

Nos anos de 2001, 2002, 2009, 2012 e 2013, conquistou o Troféu Guará como o melhor dirigente da temporada no futebol mineiro.[9] Em 14 de outubro de 2004, foi reeleito presidente do conselho deliberativo, permanecendo até 29 de julho de 2006.[10]

Elegeu-se presidente do Clube Atlético Mineiro em 30 de outubro de 2008, com 271 votos, contra 130 de Sérgio Bias Fortes.[11]

 
Kalil em 2009

Em seu primeiro mandato, Alexandre Kalil conseguiu sanar as dividas do Atlético, montou fortes elencos para o Campeonato Brasileiro de Futebol de 2010 e 2011, mas nesses dois anos o Galo brigou para não ser rebaixado, o que fez parte da torcida atleticana não o apoiar em sua reeleição. Kalil foi reeleito em dezembro de 2011,[12] e prometeu fazer times ainda mais competitivos para 2012 e disse também que era obrigação do Atlético ser campeão mineiro daquele ano.[13] O Atlético foi campeão mineiro de 2012 de forma invicta, o que não acontecia desde 1976, foi eliminado na Copa do Brasil nas oitavas-de-final pelo Goiás Esporte Clube, mas terminou o ano como vice-campeão brasileiro.

Em dezembro de 2012, Kalil entrou na disputa pela frase do ano do programa Redação Sportv, com a frase: "É na mão desse tipo de gente, desse rapazinho que nós estamos. Ele se traveste de auditor do futebol brasileiro, que recebe R$ 1 bilhão por ano. Eu quero avisar aos presidentes dos clubes que nós estamos nas mãos desses garotinhos, desses menininhos que brincam no Facebook", ele disse essa frase após Ronaldinho Gaúcho receber uma partida de suspensão no Campeonato Brasileiro. O dirigente protestou contra um dos auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que postou montagens em uma rede social contra um atleta do clube.[14]

Uma de suas principais características como dirigente do Atlético Mineiro foi anunciar todas suas contratações, o que se tornou uma tradição em sua gestão, adotada por outras figuras do mundo esportivo.

Em 17 de abril de 2013, Kalil afirmou que a Arena Corinthians, que abrigou a estreia da Copa de 2014, teria sido fruto de um pacto entre Andrés Sanchez, então presidente do clube, e a CBF para que, em 2011, ele iniciasse um conflito com o Clube dos 13 no que tangia a valores de cotas televisivas.[15]

Em 30 de maio de 2013, após a classificação atleticana às semifinais da Libertadores, diante do Tijuana, do México, Kalil foi novamente alvo de polêmicas. Para mandatário do Galo:[16]

Neto de imigrantes sírios, Kalil foi o responsável pela contratação de Ronaldinho Gaúcho e o presidente que conquistou a primeira Libertadores do Atlético. Na sua gestão, praticamente duplicou as receitas anuais do clube, mas também fez a dívida crescer e ultrapassar 400 milhões de reais. Em entrevista à revista Placar, resumiu sua administração da seguinte forma: "O Atlético sempre foi um clube sofrido. E hoje é respeitado".[17]

Recopa Sul-Americana, Copa do Brasil, Copa Libertadores e as grandes séries invictas editar

Na gestão Kalil entre os anos de 2009 e 2014, o Clube Atlético Mineiro foi 3 vezes campeão mineiro (2010, 2012 e 2013), vice-campeão brasileiro (2012), campeão da Recopa Sul-Americana de 2014, da Copa do Brasil 2014 e da Copa Libertadores da América de 2013.

Também sobre a gestão Kalil, o Galo teve a maior série invicta de um time como mandante na história do futebol brasileiro. Ao todo, o Galo ficou sem perder por 54 jogos, com 44 vitórias e dez empates entre Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, Mineirão e, sobretudo, no Independência, local em que o número ganhou corpo com 38 jogos de invencibilidade.[18]

Entre outubro de 2013 e dezembro de 2014, o rival Cruzeiro ficou 8 partidas sem vencer o Atlético Mineiro, que com mais 3 partidas realizadas em 2015, se tornaria uma das maiores séries invictas do maior clássico de Minas. [19]

Contratações editar

Ronaldinho Gaúcho editar

O técnico Cuca estava perto de completar dez meses de Atlético-MG e já tinha uma equipe montada. Mas o treinador queria mais, estava em busca de um jogador para ser protagonista, o diferencial do time no Campeonato Brasileiro que começaria em algumas semanas. Para a felicidade do técnico, Kalil em uma rápida negociação contratou Ronaldinho Gaúcho, que se tornaria um dos maiores jogadores na história alvinegra.[20]

Caso Anelka editar

Em 6 de abril de 2014, Kalil se envolveu em uma polêmica, como de costume anunciou em sua conta do Twitter: "Anelka é do Galo", a nova contratação, o jogador francês Anelka que, algum tempo depois, publicou um vídeo negando negociações com o time de Minas Gerais.[21] Em resposta às declarações do jogador, o Atlético publicou documentos firmados com seus agentes e uma declaração de interesse assinada pelo próprio jogador.[22]

Primeira Liga e enfrentamento contra a CBF editar

Alexandre Kalil capitaneou a criação da Liga Sul-Minas-Rio, posteriormente chamada Primeira Liga, uma competição de futebol estruturada pra contrapor o domínio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade que comanda o esporte no Brasil.[23] Com a criação do grupo, Kalil se tornou CEO da Liga, fazendo uma composição nacional que ultrapassava as fronteiras do Atlético Mineiro. Pouco tempo depois, porém, a Liga sofreu forte pressão da CBF e Kalil deixou o grupo, dizendo ser vítima de um complô daqueles que dominam o futebol brasileiro.[24] Com sua saída, Kalil afirmou que a Liga não resistiria e acabaria, previsão que foi duramente criticada mas acabou por se provar correta.[25]

Carreira política editar

Candidatura a deputado federal editar

Chegou a registrar-se como candidato a uma vaga de deputado federal nas eleições em Minas Gerais em 2014 pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB),[26][27] porém desistiu antes do pleito pouco após a morte de Eduardo Campos.[28] Desfiliou-se do PSB em seguida.

Prefeito de Belo Horizonte editar

Na eleição municipal de Belo Horizonte em 2016, concorreu à prefeitura pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS), como o apoio da Rede Sustentabilidade (REDE) e do Partido Verde (PV), tendo o deputado Paulo Lamac (REDE) como vice na chapa.[29] Elegeu-se prefeito com cerca de 52,98% dos votos no segundo turno.[30][31]

Em 2020, foi reeleito em primeiro turno com 63,36% dos votos, desta vez, pelo Partido Social Democrático (PSD), tendo como novo vice-prefeito o ex-secretário de Fazenda Fuad Noman, também filiado ao PSD.[32] Em 28 de março de 2022, renunciou à Prefeitura de Belo Horizonte, com vistas à candidatura ao governo de Minas Gerais.[33]

Teve a candidatura ao governo de Minas Gerais oficializada pelo PSD no dia 24 de julho de 2022, porém obteve 3.805.182 votos (35,08%), ficando em segundo lugar.[34]

Desempenho em Eleições editar

Ano Eleição Partido Candidato a Votos % Resultado Ref
2016 Municipal de Belo Horizonte/MG PHS Prefeito 314.845
(1º Turno)
26,56%
(2º)
Eleito [1]
628.050
(2º Turno)
52,98%
(1º)
2020 Municipal de Belo Horizonte/MG PSD Prefeito 784.307
(1º Turno)
63,36%
(1º)
Eleito [32]
2022 Estadual de Minas Gerais PSD Governador 3.805.182 35,08%
(2º Lugar)
Não Eleito [35]

Referências

  1. a b «Eleições 2016 - Resultado da apuração em Belo Horizonte para prefeito e vereador». G1. Globo.com. Consultado em 30 de outubro de 2016 
  2. «Kalil renuncia à Prefeitura de BH para disputar Governo de Minas Gerais». Folha de S.Paulo. 25 de março de 2022. Consultado em 25 de março de 2022 
  3. «Kalil oficializa renúncia à Prefeitura de Belo Horizonte para disputar governo de Minas Gerais». G1. Consultado em 28 de março de 2022 
  4. «Diretoria do clube». Consultado em 27 de março de 2009. Arquivado do original em 15 de abril de 2009 
  5. Valeska Silva (22 de novembro de 2012). «Perfil: Kalil, 'demônio' que ficou light, avisa que braba mesmo é a ex-mulher». Globo Esporte. Consultado em 31 de outubro de 2016 
  6. Valeska Silva (22 de novembro de 2012). «Perfil: Kalil, 'demônio' que ficou light, avisa que braba mesmo é a ex-mulher». Globo Esporte 
  7. «Justiça decreta falência de empresa de candidato». Hoje em dia. Consultado em 27 de setembro de 2016 
  8. Antônio Strini e Marcus Alves (16 de julho de 2013). «Kalil construiu hegemonia no vôlei com Atlético-MG durante a década de 80». ESPN. Consultado em 31 de outubro de 2016 
  9. Tatiana Lagôa. «Alexandre Kalil rumo ao segundo turno». Hoje em dia. Consultado em 31 de outubro de 2016 
  10. «ALEXANDRE KALIL». TERCEIRO TEMPO. Uol. Consultado em 31 de outubro de 2016 
  11. Alexandre Kalil é o novo presidente do Galo
  12. «é Reeleito Presidente do Atlético Mineiro». Consultado em 13 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 25 de março de 2014 
  13. «Cópia arquivada». Consultado em 13 de dezembro de 2012. Arquivado do original em 25 de março de 2014 
  14. [1]
  15. Kalil revela pacto de Andrés Sanchez para ganhar Arena Corinthians
  16. a b «Alexandre Kalil sobre a classificação atleticana: "as porcarias já saíram"». UOL. 30 de maio de 2013. Consultado em 31 de maio de 2013 
  17. Breiller Pires (18 de dezembro de 2013). «O império do turco: como Alexandre Kalil levou o Atlético-MG ao topo». Revista Placar. Consultado em 22 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 21 de dezembro de 2013 
  18. Maior série invicta de um time como mandante na história do futebol brasileiro, 54 partidas.[ligação inativa]
  19. Serie de 11º partidas sem perder para o Cruzeiro, entre 2013 e 2015.
  20. Kalil contrata Ronaldinho.
  21. «Em vídeo, Anelka desmente Atlético-MG, diz que nunca assinou nada e garante: 'Não vou para o Brasil'». ESPN. 16 de abril de 2014 
  22. «Atlético divulga documentos para desmentir declarações de Anelka». Radio Itatiaia. 16 de abril de 2014 
  23. Alexandre Kalil nega semelhança da Primeira Liga com o Clube dos 13
  24. Marco Antônio Astoni (21 de dezembro de 2015). «Kalil denuncia complô de cinco clubes contra ele ao justificar sua saída da liga». Globo Esporte 
  25. Chico Maia (26 de janeiro de 2016). «CBF tirou Kalil do caminho e acabou com a Primeira Liga». O Tempo 
  26. «Fama enche urna? Quem são os candidatos celebridades de 2014». Exame Abril. 24 de julho de 2014 
  27. «Alexandre Kalil 4013». Eleições 2014 
  28. «Kalil anuncia desistência de candidatura a deputado e 'xinga' a política». UOL. 21 de agosto de 2014 
  29. «Divulgação de candidaturas e contas eleitorais». TSE. Consultado em 28 de agosto de 2016 
  30. «Resultado da eleição em Belo Horizonte». Gazeta do Povo. 30 de outubro de 2016. Consultado em 30 de outubro de 2016 
  31. «Alexandre Kalil (PHS) é eleito prefeito de Belo Horizonte». G1. Globo.com. 30 de outubro de 2016. Consultado em 31 de outubro de 2016 
  32. a b «Alexandre Kalil, do PSD, é reeleito prefeito de Belo Horizonte». G1. Consultado em 16 de novembro de 2020 
  33. «Kalil oficializa renúncia à Prefeitura de Belo Horizonte para disputar governo de Minas Gerais». G1. Globo.com. 28 de março de 2022 
  34. «Mais Minas». 22 de junho de 2022. Consultado em 3 de setembro de 2022 
  35. «Romeu Zema é reeleito como governador de Minas Gerais». JOTA. Consultado em 20 de outubro de 2022 

Ligações externas editar

Precedido por
Ziza Valadares
Presidente do Atlético Mineiro
2009–2014
Sucedido por
Daniel Nepomuceno
Precedido por
Márcio Lacerda
52.º Prefeito de Belo Horizonte
2017 a 2022
Sucedido por
Fuad Noman