Amargasaurus

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Amargasaurus ( /əˌmɑːrɡəˈsɔːrəs/; "lagarto La Amarga") é um gênero de dinossauro saurópode do Cretáceo Inferior (129,4–122,46 milhões de anos atrás) do que hoje é a Argentina. O único esqueleto conhecido foi descoberto em 1984 e está praticamente completo, incluindo um crânio fragmentado, fazendo do Amargasaurus um dos saurópodes mais conhecidos de sua época. Amargasaurus foi descrito pela primeira vez em 1991 e contém uma única espécie conhecida, Amargasaurus cazaui. Era um animal grande, mas pequeno para um saurópode, atingindo 9 a 13 metros de comprimento. Mais distintamente, ele ostentava duas fileiras paralelas de espinhos altos no pescoço e nas costas, mais altos do que qualquer outro saurópode conhecido. Em vida, esses espinhos poderiam ter saído do corpo como estruturas solitárias que sustentavam uma bainha queratinosa. Uma hipótese alternativa, agora mais favorecida, postula que poderiam ter formado um andaime sustentando uma vela de pele. Eles podem ter sido usados para exibição, combate ou defesa.

Amargasaurus
Intervalo temporal: Cretáceo Inferior
129,4–122,46 Ma
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Clado: Dinosauria
Clado: Saurischia
Clado: Sauropodomorpha
Clado: Sauropoda
Superfamília: Diplodocoidea
Família: Dicraeosauridae
Gênero: Amargasaurus
Salgado & Bonaparte, 1991
Espécies:
A. cazaui
Nome binomial
Amargasaurus cazaui

O Amargasaurus foi descoberto em rochas sedimentares da Formação La Amarga, que remonta aos estágios Barremiano e Aptiano Superior do Cretáceo Inferior. Herbívoro, compartilhava seu ambiente com pelo menos três outros gêneros de saurópodes, que poderiam ter explorado diferentes fontes de alimento para reduzir a competição. O amargasaurus provavelmente se alimentava a meia altura, como mostra a orientação do ouvido interno e a articulação das vértebras do pescoço, que sugerem uma posição habitual do focinho a 80 centímetros acima do solo e uma altura máxima de 2,7 metros. Dentro dos Saurópodes, o Amargasaurus é classificado como membro da família Dicraeosauridae, que se diferencia de outros saurópodes por apresentar pescoços mais curtos e tamanhos corporais menores.

História da descoberta editar

 
Esqueleto montado de um Amargasaurus.

O holótipo e único espécime foi descoberto em 1984 por Guillermo Rougier em uma expedição liderada por José Bonaparte. O esqueleto, atualmente, está no Museu de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia, Buenos Aires, e foi retirado de uma camada feita de conglomerados arenosos, na Argentina.[1][2] Amargasaurus significa "lagarto de La Amarga.[2] Já o epíteto específico, cazuai, homenageia o geólogo Luis Cazau, que informou a equipe de Bonaparte sobre o esqueleto.[1]

Descrição editar

Projeções laterais conectando-se às costelas indicam que a caixa torácica do Amargasaurus era bem desenvolvida. Suas vértebras dorsais não tinham pleurocele. Seus membros anteriores eram menores que os posteriores e, embora não tenhamos material completo de suas mãos e pés, é presumível que ele tivesse 5 dígitos cada.[1]

Tamanho editar

 
Diagrama comparando o tamanho de alguns dicraeossaurídeos, inclusive o Amargassauro, em verde.

Tinha 9,1 a 12 metros de comprimento e 2,6[3] a 3,6 toneladas.[3][4][2]

Classificação editar

Amargasaurus é classificado como um membro de Dicraeosauridae, um clado familiar classificado dentro do Diplodocoidea. Atualmente, este clado é composto por nove espécies pertencentes a oito gêneros. Estes incluem Lingwulong shenqi do Jurássico Inferior ou Médio da China e quatro espécies do Jurássico Superior: Brachytrachelopan mesai da Argentina; Suuwassea emilieae da Formação Morrison dos Estados Unidos; e Dicraeosaurus hansemanni e Dicraeosaurus sattleri da Formação Tendaguru da Tanzânia. Amargasaurus foi o primeiro membro do seu clado conhecido do Cretáceo,[5] embora outros membros adicionais Dicraeosauridae do Cretáceo Inferior tenham sido descritos mais recentemente, incluindo Pilmatueia faundezi, Amargatitanis macni e Bajadasaurus pronuspinax, que são todos da Argentina.[6][7][8][9] Um espécime não identificado do Brasil indica que este grupo persistiu pelo menos até o final do Cretáceo Inferior.[5] A maioria das análises mostra que o Dicraeosaurus e o Brachytrachelopan são mais intimamente relacionados entre si do que o Amargasaurus.[10][11][12] Suuwassea é geralmente recuperado como o membro mais basal da família.[10][11][12] Uma análise de 2015 por Tschopp e colegas chegou ao resultado preliminar de que dois gêneros pouco conhecidos da Formação Morrison, Dyslocosaurus polyonychius e Dystrophaeus viaemalae, podem ser membros adicionais dos Dicraeosauridae.[8]:202, 214

Junto com o Diplodocidae e o Rebbachisauridae, o Dicraeosauridae está aninhado dentro do Diplodocoidea. Todos os membros do Diplodocoidea são caracterizados por seu focinho em forma de caixa e dentes estreitos restritos à parte anterior das mandíbulas. Tanto os Dicraeosauridae quanto os Diplodocidae são caracterizados por espinhas neurais bifurcadas das vértebras cervicais e dorsais. Nos Dicraeosauridae, as espinhas neurais bifurcadas eram fortemente alongadas, uma tendência que atinge seu extremo no Amargasaurus.[13]

O seguinte cladograma por Gallina e colegas (2019) mostra as relações presumidas entre membros dos Dicraeosauridae:[9]

Diplodocoidea

Rebbachisauridae

Flagellicaudata

Diplodocidae

Dicraeosauridae

Suuwassea

Lingwulong

Bajadasaurus

Pilmatueia

Amargasaurus

Dicraeosaurus

Brachytrachelopan


Paleobiologia editar

Alimentação editar

Alimentava-se de coníferas e pequenas pedras que ajudavam na digestão de matéria vegetal.[14]

Espinhos editar

 
A restauração de um Amargasaurus

O Amargasaurus possuía longas espinhas neurais bifurcadas que pareciam espigões.[3] Em vida, os espinhos poderiam ter sido usados para defesa contra predadores.[1] Seu número de espinhos eram nove pares no pescoço. Acredita-se que seus espinhos ficassem apenas no pescoço, e nas costas fossem encobertos por gordura e músculos, provavelmente para guardar energia para as secas, ou tempos de pouco alimento.

Locomoção editar

Os antebraços e partes inferiores das pernas do Amargasaurus são curtos, característica de animais lentos, então ele provavelmente era um animal lento.[1]

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e Salgado, L .; Bonaparte, JF (1991). "Un nuevo sauropodo Dicraeosauridae, Amargasaurus cazaui gen. Et sp. Nov., De la Formacion La Amarga, Neocomiano de la Provincia del Neuquén, Argentina". Ameghiniana (em espanhol). 28 (3–4): 333–346.
  2. a b c Holtz, Thomas R. Jr. (2012) Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages, Winter 2011 Appendix.
  3. a b c Gerardo V. Mazzetta, Per Christiansen & Richard A. Fariña (2004) Giants and Bizarres: Body Size of Some Southern South American Cretaceous Dinosaurs, Historical Biology: An International Journal of Paleobiology, 16:2-4, 71-83, doi:10.1080/08912960410001715132
  4. Supplementary Information to Dinosaurs: The Most Complete, Up-to-Date Encyclopedia for Dinosaur Lovers of All Ages by Thomas R. Holtz, Jr., illustrations by Luis Rey https://www.geol.umd.edu/~tholtz/dinoappendix/appendix.html
  5. a b Novas, F.E. (2009). The age of dinosaurs in South America. Bloomington: Indiana University Press. pp. 172–174. ISBN 978-0-253-35289-7 
  6. Xing Xu; Paul Upchurch; Philip D. Mannion; Paul M. Barrett; Omar R. Regalado-Fernandez; Jinyou Mo; Jinfu Ma; Hongan Liu (2018). «A new Middle Jurassic diplodocoid suggests an earlier dispersal and diversification of sauropod dinosaurs». Nature Communications. 9 (1): Article number 2700. Bibcode:2018NatCo...9.2700X. PMC 6057878 . PMID 30042444. doi:10.1038/s41467-018-05128-1 
  7. Whitlock, J. A. (2011). «A phylogenetic analysis of Diplodocoidea (Saurischia: Sauropoda)». Zoological Journal of the Linnean Society (em inglês). 161 (4): 872–915. ISSN 1096-3642. doi:10.1111/j.1096-3642.2010.00665.x 
  8. a b Tschopp, E.; Mateus, O.; Benson, R.B.J. (2015). «A specimen-level phylogenetic analysis and taxonomic revision of Diplodocidae (Dinosauria, Sauropoda)». PeerJ. 3: e857. PMC 4393826 . PMID 25870766. doi:10.7717/peerj.857 
  9. a b Gallina, P.A.; Apesteguía, S.; Canale, J.I.; Haluza, A. (2019). «A new long-spined dinosaur from Patagonia sheds light on sauropod defense system». Scientific Reports. 9 (1): 1392. Bibcode:2019NatSR...9.1392G. PMC 6362061 . PMID 30718633. doi:10.1038/s41598-018-37943-3 
  10. a b Rauhut, O. W. M.; Remes, K.; Fechner, R.; Cladera, G.; Puerta, P. (2005). «Discovery of a short-necked sauropod dinosaur from the Late Jurassic period of Patagonia». Nature (em inglês). 435 (7042): 670–672. Bibcode:2005Natur.435..670R. PMID 15931221. doi:10.1038/nature03623 
  11. a b Taylor, M. P.; Naish, D. (2005). «The phylogenetic taxonomy of Diplodocoidea (Dinosauria: Sauropoda)». PaleoBios (em inglês). 25 (2): 1–7 
  12. a b Sereno, P. C.; Wilson, J. A.; Witmer, L. M.; Whitlock, J. A.; Maga, A.; Oumarou, Ide; Timothy, A. R. (2007). «Structural extremes in a Cretaceous dinosaur». PLOS ONE (em inglês). 2 (11): e1230. Bibcode:2007PLoSO...2.1230S. PMC 2077925 . PMID 18030355. doi:10.1371/journal.pone.0001230 
  13. Wilson, J. (2005). «Overview of sauropod phylogeny and evolution». In: Rogers, K. C.; Wilson, J. The sauropods: Evolution and paleobiology. [S.l.]: University of California Press. pp. 15–49. ISBN 978-0-520-24623-2 
  14. Paulina Carabajal, A.; Carballido, J.L.; Currie, P.J. (2014). «Braincase, neuroanatomy, and neck posture of Amargasaurus cazaui (Sauropoda, Dicraeosauridae) and its implications for understanding head posture in sauropods». Journal of Vertebrate Paleontology (em inglês). 34 (4): 870–882. doi:10.1080/02724634.2014.838174. hdl:11336/19365 

Bibliografia editar

  • Dinossaurs, From Allosaurus to Tyrannosaurus. Texto de Gerrie McCall. copyright TODOLIBRO EDICIONES,S.A.. ISBN-13:978-84-9806-493-3. ISBN-10:84-9806-493-7
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