Amaury Ribeiro Jr.

 Nota: Não confundir com Amaury Jr..

Amaury Ribeiro Júnior (24 de maio de 1959) é um jornalista investigativo especializado inicialmente na temática dos direitos humanos.

Amaury Ribeiro Jr.
Nome completo Amaury Ribeiro Júnior
Nacionalidade brasileiro
Ocupação jornalista e escritor
Trabalhos notáveis O Globo
Correio Braziliense
Estado de Minas
Isto É

Trajetória editar

Em 1996 ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo ao abordar o tema da Guerrilha do Araguaia[1] junto a outros jornalistas, ajudando na descoberta de ossadas de guerrilheiros em cemitérios clandestinos e forçando o Estado Brasileiro a pagar indenização às famílias das vítimas. Em 1997, ganhou outro prêmio Esso ao desvendar uma rede de prostituição infantil[2], e em 1999 ainda no jornal "O Globo", junto a outros jornalistas ganhou outro prêmio Esso com reportagem sobre o Rio Centro.[3]

Em 2007 trabalhava para o Correio Braziliense e, enquanto investigava homicídios ligados ao narcotráfico no entorno do Distrito Federal, foi baleado numa tentativa de homicídio.[4] O suposto autor era um sobrinho em primeiro grau da prefeita de Cidade Ocidental, Sonia Melo (PSDB) e Ribeiro Jr teve de permanecer sob escolta policial. O caso teve repercussão internacional[5][6][7] e fez com que o jornalista fosse transferido para o jornal Estado de Minas, do mesmo grupo, e passasse a se dedicar a assuntos políticos, se especializando posteriormente na temática de lavagem de dinheiro.[8] Ribeiro Jr. foi o responsável por levantar os dados da CPI do Banestado (junto com a jornalista Sônia Filgueiras), e do caso da "Máfia dos Fiscais" no Rio de Janeiro, dentre outros.

Além dos três prêmio Esso que ganhou, foi vencedor por quatro vezes do prêmio Vladimir Herzog[9]. Faz parte do ICIJ – Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.[10] Foi repórter especial do jornal O Globo e da revista Isto É, além de ter se destacado no Correio Braziliense e no Estado de Minas. Foi um dos fundadores da Abraji, entre outros.[11]

Em 2010, o jornalista foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de violação de sigilo fiscal, corrupção ativa, uso de documentos falsos e por dar ou oferecer dinheiro ou vantagem à testemunha.[12][13] Amaury Ribeiro Jr. negou as acusações e afirmou que "jamais pagaria pela obtenção de dados fiscais sigilosos de qualquer cidadão". Segundo o próprio, todos os dados foram obtidos em juntas comerciais, paraísos fiscais e na CPI do Banestado, alegando a exceção de verdade. Alguns dos acusantes, como Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Preciado, dentre outros, possuem ação por quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico na 4ª Vara Federal do Distrito Federal.[14]

Ribeiro Jr. lançou em 9 de dezembro de 2011 o livro A Privataria Tucana, onde relata um suposto esquema de corrupção para lavagem de dinheiro público em paraísos fiscais, que foram usurpados pelo Governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) durante as privatizações no Brasil, tendo como principal protagonista o então ministro do Planejamento José Serra.[15] Em 2012, o PSDB anunciou que tomaria as medidas judiciais cabíveis contra o que qualificou como calúnias e erros verificados em sua publicação.[16]

A Privataria Tucana foi um dos finalistas da 54ª edição do Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, o prêmio mais prestigiado da literatura brasileira, na categoria Reportagem.[17][18][19]

Em fevereiro de 2013, Amaury Ribeiro Jr. e a Geração Editorial foram condenados, em primeira estância, a pagar R$ 1.000,00 ao ex-governador José Serra, a título de indenização por eventual dano moral e eleitoral pela publicação do livro A Privataria Tucana.[20][21][22]

Contudo, em 2016, os desembargadores Paulo Alcides, José Roberto Furquim Cabella, Vito Guglielmi e Eduardo Sá Pinto Sandeville, da 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, negaram pedido de indenização feito pelo senador, revertendo a ação e invertendo o ônus colocado ao jornalista, determinando que José Serra arcasse os custos do processo. [23]

Obras publicadas editar

Prêmios editar

Prêmio Esso de Jornalismo
Prêmio Jornalistico Vladimir Herzog

Referências

  1. a b Prêmio Esso (1996). «1996 - Prêmio principal - Guerrilha no Araguaia». Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 17 de novembro de 2012 
  2. a b Prêmio Esso (1997). «1997». Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 14 de fevereiro de 2012 
  3. a b Prêmio Esso (1999). «1999». Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 17 de novembro de 2012 
  4. Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (20 de setembro de 2007). «Amaury Ribeiro Jr. é baleado durante investigação, no entorno do Distrito Federal». Consultado em 28 de outubro de 2012 
  5. The Guardian (22 de setembro de 2007). «Brazilian crime reporter shot» (em inglês). Consultado em 28 de outubro de 2012 
  6. Freedom House (29 de abril de 2008). «Country reports - Freedom of the Press 2008» (PDF) (em inglês). Consultado em 1 de março de 2011 
  7. Committee to Protect Journalists (5 de fevereiro de 2008). «Attacks on the Press 2007: Brazil» (em inglês). Consultado em 28 de outubro de 2012 
  8. Ribeiro Jr., Amaury (2011). A Privataria Tucana 1 ed. [S.l.]: Geração Editorial. p. 19-20. ISBN 978-85-61501-98-3 
  9. Prêmio Vladimir Herzog (1996). «1996 - A Guerrilha do Araguaia» (ZIP). Consultado em 28 de outubro de 2012 
  10. International Consortium of Investigative Journalists. «Amaury Ribeiro, Jr.» (em inglês). Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 30 de março de 2013 
  11. Gato Sabido. «A Privataria Tucana - Ebook Download». Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 17 de fevereiro de 2012 
  12. O Estado de S. Paulo (25 de outubro de 2010). «Jornalista Amaury Ribeiro Jr. é indiciado por 4 crimes pela Polícia Federal». Consultado em 28 de outubro de 2012 
  13. Folha de S. Paulo (20 de outubro de 2010). «Jornalista confirma à PF que encomendou dados de tucanos». Consultado em 28 de outubro de 2012 
  14. Tribunal Regional Federal da Primeira Região. «Processo: 2002.34.00.029731-6». Consultado em 28 de outubro de 2012 
  15. CartaCapital (8 de dezembro de 2011). «Chega às livrarias 'A Privataria tucana', de Amaury Ribeiro Jr. CartaCapital relata o que há no livro». Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 20 de setembro de 2012 
  16. O Estado de S. Paulo (27 de dezembro de 2011). «PSDB quer processar autor de livro sobre privatizações no governo FHC». Consultado em 28 de outubro de 2012 
  17. Correio do Brasil (24 de outubro de 2012). «'A Privataria Tucana' está na final do prêmio Jabuti». Consultado em 8 de novembro de 2012 [ligação inativa]
  18. Estadão (20 de setembro de 2012). «Prêmio Jabuti divulga finalistas». Consultado em 8 de novembro de 2012 
  19. Prêmio Jabuti. «Confira a Classificação Final do Prêmio Jabuti 2012». Consultado em 8 de novembro de 2012. Arquivado do original em 18 de maio de 2013 
  20. Rede Brasil Atual (28 de março de 2013). «Serra ganha indenização de R$ 1 mil por 'Privataria Tucana'». Consultado em 31 de março de 2013 
  21. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. «Consulta de Processos do 1ºGrau». Consultado em 31 de março de 2013 [ligação inativa]
  22. Folha de S. Paulo (28 de março de 2013). «Serra recebe indenização por "oportunismo eleitoral" do livro "A Privataria Tucana"». Consultado em 31 de março de 2013 
  23. «Serra perde ação contra escritor da 'Privataria Tucana'». Rede Brasil Atual 
  24. Livraria Saraiva
  25. Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. «A guerrilha do Araguaia». Consultado em 28 de outubro de 2012 

Ligações externas editar