Andrés Filomeno Mendoza Celis

Andrés Filomeno Mendoza Celis (29 de novembro de 1947, Zimatlán de Álvarez, Oaxaca) é um açougueiro, canibal e assassino em série do México condenado à prisão perpétua pela morte de 17 mulheres, uma criança e um homem na cidade de Atizapan de Zaragoza. Ele é também chamado de Monstro de Atizapan ou Canibal de Atizapan e é considerado o maior feminicida e o maior serial killer do país.[1][2][3]

Andrés Filomeno Mendoza Celis
Pseudónimo(s) El ChinoCanibal de Atizapán
Data de nascimento 29 de novembro de 1947
Local de nascimento Zimatlán de Álvarez
Nacionalidade(s) México
Ocupação Açougueiro
Crime(s) Homicídio
Pena Prisão perpétua
Situação Preso

A polícia estima que o número de vítimas possa, inclusive, chegar a 50 (ou mesmo ser indefinido) e que ele tenha atuado durante três décadas.[4][5][6][7]

"Pratos à base de carne, como o burrito, carne enchilada, chilli com carne ou carnitas eram algumas das receitas que Celis produzia com os despojos humanos das mulheres assassinadas. Ele também tinha preferência por fazer costelas e bistecas fritas", reportou a Revista Fórum, adicionando que ele servia seus pratos aos vizinhos e até a policiais".[1]

"Ele era uma pessoa muito cruel", disse o advogado e roteirista Javier Tejado Dondé, que produziu um documentário sobre o caso.[4]

A CNN Portugal o chamou de "o mais perigoso feminicida da história do México".[6]

Biografia editar

 
A cidade onde os crimes aconteceram

Conhecido como "El Chino" no bairro onde morava, o açougueiro e morador do número 22 na Rua Margarita era considerado um bom vizinho, que gostava de conversar, beber e dançar nos bares locais. Ele chegou a ser presidente do Conselho de Participação Cidadã do bairro Lomas de San Miguel e fez parte da equipe de campanha política de Pedro Rodríguez Villegas, que concorreu ao cargo de presidente municipal de Atizapán de Zaragoza pela coalizão Va Por México.[1][3]

O El Universo relata, no entanto, que algumas pessoas chegaram a desconfiar de Andrés por ele ficar extremamente alterado quando bebia, ser um pervertido viciado em pornografia e porque às vezes um cheiro queimado e ruim emanava de sua casa.[3]

Os crimes editar

No dia 14 de maio de 2021, Reyna González Amador disse ao marido que sairia com Celis, um conhecido da família, para comprar peças de celulares para revender. No entanto, como ela não voltou para casa, seu marido, o policial Bruno Ángel Portillo, começou a procurá-la e acabou indo até a Rua Margarita no dia seguinte, 15 de maio, para ver se descobria seu paradeiro. Andrés tentou evitar a entrada de Bruno, que, desconfiado, forçou a porta e se deparou com uma cena de terror dentro da residência: em cima de uma mesa, o corpo desmembrado de uma mulher junto com documentos, roupas e outros objetos femininos. Era justamente Reyna, sua esposa.[2][3][6]

Vítimas editar

19 vítimas são atribuídas a Celis, sendo que seis foram identificadas: Berenice, Alyn, Gardenia, Flor, Ribuicela e Reyna.[3]

No entanto, com base em anotações encontradas em sua casa, a polícia estima que o número de vítimas possa ser de 30 a 50 pessoas. Ele "assassinou um número ainda indefinido de mulheres", escreveu o El Universal Oaxaca.[4][5][6][7]

Perfil das vítimas editar

Ele preferia abordar mulheres da classe média-baixa, de meia idade, baixinhas e gordinhas. “Ele se aproveitou de um certo grupo de mulheres vulneráveis, com deficiências econômicas, soube escolher suas vítimas, pessoas vulneráveis, sozinhas, por isso não foi descoberto antes”, disse um policial de Atizapán, reporta o El Universal Oaxaca.[1][7]

Modus operandi editar

Celis geralmente abordava as mulheres nos bares que frequentava, oferecendo-lhes emprego ou mesmo dinheiro. No entanto, algumas vezes ele também teria usado de violência para fazer com que elas o acompanhassem até sua casa, quando elas o recusavam após tentativas de sedução.[4][7]

Uma vez em sua casa, as vítimas eram mortas e seus corpos desmembrados. Celis guardava a pele do rosto e o couro cabeludo das mulheres como uma espécie de troféu.

Não foi possível precisar se as vítimas também foram estupradas.[4]

Prisão editar

Aos 72 anos de idade, Andrés foi preso pelo policial Bruno Ángel Portillo em 15 de maio de 2021.[1][3]

Investigações editar

Nos dias que se seguiram à descoberta macabra, dezenas de policiais trabalharam no local para coletar provas, tendo sido necessário o uso de martelos hidráulicos para quebrar o solo e desmontar parcialmente a estrutura de concreto e o telhado de zinco para que os especialistas forenses pudessem examinar minuciosamente o local.[8][9]

Ao final das investigações, os policiais tinham em mãos cerca de 4.500 restos de ossos, fitas de vídeo em formato VHS, objetos das vítimas e cadernos onde ele havia anotado detalhes de cada um dos crimes.[8][4]

Além disto, vários livros de gastronomia também foram encontrados em sua residência, reportou a Revista Fórum.

Julgamento e pena editar

Andrés foi a julgamento em março de 2022 e condenado a 70 anos de prisão, o que no México equivale à prisão perpétua.[10]

Ele cumpre pena na prisão de alta segurança de Tenango del Valle.[11]

Curiosidade editar

Em meados de 2022, com apoio da Corte Suprema do México, o advogado Javier Tejado Dond lançou o o documentário Caníbal, indignación total, com o objetivo de conscientizar os mexicanos sobre a alta taxa de feminicídios no país.[1][12][2]

Até o início de julho de 2022, 16 milhões de pessoas já haviam visto a série.[7]

Referências

  1. a b c d e f «Quem é o Canibal de Atizapan, da estrondosa séria produzida pela Justiça do México». Revista Fórum. Consultado em 31 de agosto de 2022 
  2. a b c «"El caníbal de Atizapán": el mayor feminicida en serie de México cuyo caso llega a la televisión». BBC News Mundo (em espanhol). Consultado em 31 de agosto de 2022 
  3. a b c d e f «¿Quién es Andrés Filomeno Mendoza Celis "El Caníbal de Atizapán"? El mexicano de 74 años asesinó al menos a 30 mujeres durante 10 años». El Universo (em espanhol). 30 de junho de 2022. Consultado em 31 de agosto de 2022 
  4. a b c d e f PERÚ, NOTICIAS EL COMERCIO (28 de junho de 2022). «"El caníbal de Atizapán": el mayor feminicida en serie de México cuyo caso llega a la televisión | Andrés Filomeno Mendoza Celis | Narración | Historias EC | MUNDO». El Comercio Perú (em espanhol). Consultado em 31 de agosto de 2022 
  5. a b PERÚ, NOTICIAS EL COMERCIO (2 de julho de 2022). «"El Caníbal de Atizapán" regalaba carne humana a sus vecinos... y les decía que era de jabalí | Andrés Filomeno Mendoza Celis | México | Narración | Historias EC | MUNDO». El Comercio Perú (em espanhol). Consultado em 31 de agosto de 2022 
  6. a b c d «Uma casa construída com ossos, cadernos macabros, canibalismo. Como um idoso acarinhado pela vizinhança foi desmascarado». CNN Portugal. Consultado em 1 de setembro de 2022 
  7. a b c d e «Caníbal de Atizapán. Mujeres pobres, bajitas y robustas, el perfil de sus víctimas». Oaxaca (em espanhol). 2 de julho de 2022. Consultado em 1 de setembro de 2022 
  8. a b «El 'Caníbal de Atizapán': quién es el asesino serial de México expuesto en un documental». Dallas News (em espanhol). 28 de junho de 2022. Consultado em 31 de agosto de 2022 
  9. «Feminicida serial de Atizapán: Suman 4 mil 600 restos óseos hallados en su casa». www.proceso.com.mx (em espanhol). Consultado em 31 de agosto de 2022 
  10. «Dan prisión vitalicia a Andrés, el feminicida serial de Atizapán». www.proceso.com.mx (em espanhol). Consultado em 31 de agosto de 2022 
  11. «Identifican a 6 de las 19 víctimas del feminicida de Atizapán». www.proceso.com.mx (em espanhol). Consultado em 31 de agosto de 2022 
  12. «El 'Caníbal de Atizapán': quién es el asesino serial de México expuesto en un documental». Dallas News (em espanhol). 28 de junho de 2022. Consultado em 31 de agosto de 2022