António Filipe Pimentel

historiador de arte português

António Manuel Filipe Rocha Pimentel (São Pedro de Alva, Penacova, 5 de dezembro de 1959) é um académico e historiador de arte português cujo trabalho tem incidido, fundamentalmente, sobre a arte barroca portuguesa. António Filipe Pimentel foi director do Museu Nacional de Arte Antiga entre 1 de Março de 2010 e 1 de Junho de 2019, tendo dirigido anteriormente o Museu Grão Vasco, em Viseu, e sido Pró-Reitor da Universidade de Coimbra com competências na área do Património entre 2007 e 2009.[1] Entre 2020 e 2022 integrou o conselho de administração do World Monuments Fund Portugal. É, a partir de 18 de Janeiro de 2021, o diretor do Museu Calouste Gulbenkian[2].

António Filipe Pimentel
António Filipe Pimentel
Nascimento 5 de dezembro de 1959 (64 anos)
São Pedro de Alva, Penacova
Nacionalidade Portugal Portuguesa
Ocupação Historiador de arte

Biografia editar

Licenciado em História (variante de História da Arte) pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1986, aí concluiu o Mestrado em História Cultural e Política da Época Moderna, em 1991 e o Doutoramento em História da Arte, em 2003. É professor de nomeação definitiva da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

Especialista na arte barroca e no património histórico e artístico da Universidade de Coimbra, recebeu o Prémio Gulbenkian de História da Arte 1991. Académico correspondente da Academia Nacional de Belas Artes e da Academia de Marinha e membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, colabora regularmente com instituições científicas nacionais e internacionais e conta com cerca de três centenas de títulos publicados, em Portugal, Espanha, França, Itália, Inglaterra, Bélgica, Alemanha, Polónia, Eslováquia, Eslovénia e Brasil

Enquanto Pró-Reitor da Universidade de Coimbra, foi o coordenador científico do dossier da candidatura do conjunto histórico-cultural da Universidade a Património Mundial da UNESCO.[3]

Enquanto director do Museu Nacional de Arte Antiga, António Filipe Pimentel notabilizou-se por ter apostado numa intensa campanha de comunicação e divulgação e na gestão do museu como uma marca[4], reposicionando-o na condição de “primeiro museu nacional”.[3]. Iniciativas como o projeto "ComingOut. E se o Museu saísse à rua?"[4], que, em 2015, espalhou pelas zonas históricas de Lisboa replicas de obras das suas coleções de pintura portuguesa e europeia, ajudaram a promover a instituição tanto nacional como internacionalmente.

Partiu de si, igualmente, em 2015-2016, a campanha inédita de angariação de fundos "Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo", que mobilizou 171 entidades e 15 mil particulares e que resultou na aquisição da tela "A Adoração dos Magos" (1828) de Domingos Sequeira. O sucesso da campanha permitiu que, com a receita sobrante, se pudessem adquirir os quadros "Retrato de D. João V e a Batalha do Cabo Matapão" (Domenico Duprà, 1717) em 2016,[5] e "A Anunciação" (Álvaro Pires de Évora, c. 1430) em 2018.[6]

Apesar de inicialmente nomeado pela Ministra da Cultura Gabriela Canavilhas por ter "espírito de gestor", o seu trabalho no Museu Nacional de Arte Antiga, que define como “uma revolução tranquila”[7], alteraria amplamente a percepção global da instituição, modernizando-a e internacionalizando-a, com base numa rede crescente de parcerias, tanto nacionais como internacionais. A dinamização de uma programação intensa e criativa, com organização e apresentação continua de grandes exposições que têm a sua marca (e que define, numa entrevista, como "momentos de volúpia"[4]) resultaria num aumento crescente de públicos, logrando um crescimento de cerca de 100% no decurso do seu exercício de direcção.

Sob a sua direção o museu iniciou uma campanha sistemática de renovação museográfica que alterou a percepção pública da instituição, ao mesmo tempo que se empenharia no enriquecimento das colecções e no desenvolvimento da investigação científica.

Tendo defendido insistentemente a necessidade de alteração do modelo de gestão do Museu, conferindo-lhe autonomia administrativa e financeira, bem como a ampliação da sua estrutura física, a sua discordância de fundo com a política ministerial para o sector e, designadamente, com os termos do novo diploma da autonomia de gestão de museus, monumentos e palácios, ditariam a sua indisponibilidade para manter-se, após o termo da comissão de serviço, regressando à carreira universitária[8]. Ao sair, daria à estampa o livro “MNAA 2010-2019. Para a História do Museu Nacional de Arte Antiga”, onde reune um conjunto de textos que condensam o seu pensamento sobre a instituição[9].

Em 2016 foi uma das 17 personalidades internacionais da cultura e das artes selecionadas para um encontro com o Papa Francisco sob e título “Arte luce di Dio”, tendo, na ocasião, proferido uma alocução no Senado italiano[10].

Obras principais editar

  • The Dictionary of Art. Londres: Macmillan Publishers Limited, 1996.
  • Histoire de L'Art, peinture, sculpture, architecture. Paris: Hachette Éducation (25ª ed., 2018), em colaboração com Jean-François FAVRE, Dietrich GRUNEWALD e Jacek DEBICKI; [ Stuttgart: 1996]; [Ljubljana: 1998]; [Bratislava: 1998]; [Warszawa; 1998]; [Coimbra: 2010].
  • “Um Olhar Perspicaz: Robert Smith e o Monumento de Mafra”, Robert C. Smith: a investigação na História da Arte/Research in History of Art. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
  • “D. João V e a festa devota: do espectáculo da política à política do espectáculo”, Arte Efémera em Portugal. Lisboa:  Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.
  • “Uma jóia em forma de templo: a Capela de São João Baptista”, Oceanos, nº 43, “A ourivesaria luso-brasileira do ciclo do ouro e dos diamantes”. Lisboa: Comissão Nacionl para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2000..
  • Arquitectura e Poder, o Real Edifício de Mafra . 2ª ed.: Lisboa: Livros Horizonte, 2002.
  • “A Sagração do Reino: em torno do(s) projecto(s) da Sé Velha”. Lisboa: Artis. Revista do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras de Lisboa, nº 3, 2004.
  • A Morada da Sabedoria. I – O Paço Real de Coimbra: das origens ao estabelecimento da Universidade. Coimbra: Livraria Almedina, 2005.
  • “À Flandres por devoção e à Itália por ostentação — ou ao invés. As razões do Manuelino”, Ao Modo da Flandres. Disponibilidade, inovação e mercado de arte na época dos Descobrimentos (1415-1580). Madrid-Lisboa: Fundación Carlos de Amberes, 2005.
  • “António Canevari e a Arcádia Romana: subsídios para o estudo das relações artísticas Lisboa/Roma no reinado de D. João V”. Lisboa: VALE, Teresa Leonor M. (coord.), Lisboa Barroca e o Barroco de Lisboa, Colóquio de História da Arte, 2007.
  • “Da  “Nova Ordem” à “Nova Ordenação”: ruptura e continuidade na Real Praça do Comércio”. Lisboa, FARIA, Miguel Figueira de (coord. de), Praças Reais: passado, presente e futuro”, 2008.
  • “Os pintores de D. João V e a invenção do retrato de Corte”. Lisboa: Revista de História da Arte, nº 5, 2008.
  • “De Lisboa ao Caia: em torno do programa político e artístico da “troca das princesas”. Lisboa: Actas do Colóquio Lisboa e a Festa. Celebrações Religiosas e Civis na Cidade Medieval e Moderna, coord. VALE, Teresa Leonor, FERREIRA, Maria João Pacheco, FERREIRA, Sílvia, 2009.
  • "As Tapeçarias de Pastrana no Museu Nacional de Arte Antiga”. Lisboa: A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana, 2010 (ed. castelhana La Invención de la Gloria. Alfonso V y los Tapices de Pastrana, ed. inglesa The Invention of Glory. Alphons V and the Pastrana Tapestries).
  • “El ‘intercambio de las princesas’: arte y politica en las fiestas de la boda entre Fernando de Borbón y Bárbara de Braganza”. Santiago de Compostela: Quintana, Revista do departamento de Historia da Arte, 2010.
  • A encomenda prodigiosa: da Patriarcal à Capela Real de São João Baptista. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2013.
  • “Invenit et fecit”: cinco peças e uma história complexa” (com BASTOS, Celina). In FRANCO, Anísio, PENALVA, Luísa, PIMENTEL, António Filipe (coord.) - Splendor et gloria: cinco joias setecentistas de excepção. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2014.
  • “O Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu Nacional do Prado: dois casos de estudo entre modelos de gestão” [com Miguel Zugaza Miranda]. In Revista Património. Lisboa. Nº 2, Nov. 2014.
  • “Longos dias têm cem anos: Josefa de Óbidos e o barroco português”. In CAETANO, Joaquim Oliveira, CARVALHO, José Alberto Seabra, FRANCO, Anísio, e PIMENTEL, António Filipe (coord. cient.) - Josefa de Óbidos e a invenção do barroco português: Lisboa, MNAA: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2015.
  • “Uma capela para o Rei de Portugal: história controversa de uma encomenda prodigiosa”. In VALE, Teresa Leonor M. (coord. de) - A capela de São João Batista da Igreja de São Roque. a encomenda, a obra, as coleções, Lisboa: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa-Museu de São Roque:INCM, 2015.
  • “A capela real de São João Batista: um ‘debate desenhado’ entre Lisboa e Roma”. In VALE, Teresa Leonor M. (coord. de) - A capela de São João Batista da Igreja de São Roque: a encomenda, a obra, as coleções. Lisboa: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa-Museu de São Roque:INCM, 2015.
  • “MNAA 2010-2019. Para a História do Museu Nacional de Arte Antiga”, Lisboa, Palavras Límpidas, 2019.

Condecorações editar

 
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre António Filipe Pimentel
  • Luxemburgo: Cavaleiro da Ordem do Mérito (2016)[11]
  • França: Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras (2016)[12]
  • Itália: Oficial da Ordem da Estrela de Itália (2017)

Referências

  1. Despacho n.º 3740/2010 do Ministério da Cultura (Gabinete da Ministra) - Diário da República n.º 41/2010, Série II de 2010-03-01
  2. «Novos diretores para o Museu e CAM». Fundação Calouste Gulbenkian. 10 de dezembro de 2020. Consultado em 13 de janeiro de 2021 
  3. «Intervenção para classificação como Património da Humanidade vai transfigurar cidade - pró-reitor António Filipe Pimentel». Rádio e Televisão de Portugal. 20 de janeiro de 2009. Consultado em 9 de fevereiro de 2018 
  4. a b Anjos, Mafalda (28 de janeiro de 2017). «"Lembro-me de chegar ao museu e ouvir os meus passos ecoar nas salas vazias. Agora já se anda em ziguezague"». Visão. Consultado em 9 de fevereiro de 2018 
  5. «MNAA compra Retrato de D. João V à boleia de Sequeira». Diário de Notícias. 21 de setembro de 2016. Consultado em 9 de fevereiro de 2018 
  6. «Estado português recupera em leilão quadro com quase 600 anos». Jornal de Notícias. 2 de fevereiro de 2018. Consultado em 9 de fevereiro de 2018 
  7. «António Filipe Pimentel: Somos um país absolutamente desguarnecido de elites» 
  8. Canelas, Lucinda. «Artes. O Museu de Arte Antiga quer crescer assim, sem sair do lugar». PÚBLICO 
  9. «MNAA | Rei dos Livros». www.reidoslivros.pt. Consultado em 14 de junho de 2019 
  10. Lusa, RTP, Rádio e Televisão de Portugal -. «Diretor do Museu de Arte Antiga participa em delegação que vai entregar manifesto ao papa» 
  11. «António Filipe Pimentel condecorado pelo Governo luxemburguês | Notícias UC | A UC como nunca a viu.». António Filipe Pimentel condecorado com a Ordem das Artes e das Letras 
  12. «António Filipe Pimentel condecorado com a Ordem das Artes e das Letras | Notícias UC | A UC como nunca a viu.». Notícias UC 
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