Antropofagia no Brasil

O ritual antropofágico é um dos costumes indígenas, que mais causaram espanto e perturbação entre os colonizadores portugueses. Ele era praticado amplamente pelos chamados tupinambás e outros grupos tupis-guaranis; e, consistia basicamente em consumir carne humana.[1]

Desenho de uma cena antropofágica datada de 1557.

Como acontecia editar

Nas guerras rotineiras entre as tribos, a vitória de uma delas lhe garantia o direito de devorar um dos guerreiros da tribo inimiga. O prisioneiro era levado para a aldeia e obrigado a desfilar diante das pessoas enquanto todos o ameaçavam, anunciando-lhe a morte.[1]

A execução poderia demorar quase um ano para acontecer. Enquanto isso, o prisioneiro era muito bem tratado, alimentado e podia até receber uma esposa. Quando se aproximava o dia de sua morte, as tribos vizinhas eram convidadas para o grande ritual.[1]

Chegado o dia, o prisioneiro e o escolhido para ser o executor eram enfeitados com cores fortes e brilhantes. Depois de imobilizado, o prisioneiro tinha a cabeça arrebentada. O corpo era limpo, cozido em grandes panelas e saboreado pelos presentes. Todo esse ritual destinava-se a vingar os parentes e amigos mortos durante a guerra e, ao mesmo tempo, incorporar as virtudes guerreiras do morto. Comer a carne de um guerreiro da tribo inimiga, após uma guerra, tinha um significado místico arraigado na cultura dos povos ameríndios.[1]

O ritual antropofágico, que tanto chocou os europeus, não mais existe em nenhum grupo indígena da atualidade.[1]

O ritual antropofágico era visto como a maior e mais completa forma de vingança para com os inimigos, como é descrito abaixo em um trecho escrito por por Hans Staden, no século XVI:

Fazem isto, não para matar a fome, mas por hostilidade, por grande ódio, e quando na guerra escaramuçam uns com os outros, gritam entre si, cheios de fúria: “Debe marãpá Xe remiu ram bengué, sobre ti caia toda desgraça, tu és meu pasto. Nde acanga jucá aipotá curi ne, quero ainda hoje moer-te a cabeça. Xe anama poepica que Xe aju, aqui estou para vingar em ti a morte dos meus amigos. Nde rôo, Xe mocaen será ar eima riré, etc.,tua carne hoje ainda, antes que o sol se deite, deve ser meu manjar”. Isto tudo fazem por imensa hostilidade.[2]

Referências

  1. a b c d e "BRAICK, Patrícia Ramos". História: das cavernas ao terceiro milênio. 2ª edição. Local de publicação: Moderna, 2006. ISBN 85-16-04908-6
  2. STADEN, Hans séc. XVI. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte, Edit. Itatiaia; São Paulo, Universidade de São Paulo. 1974, 216p.
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