O Apolo de Piombino é uma estatueta de bronze de um jovem nu representando o deus Apolo, hoje preservada no Museu do Louvre, uma das raras peças em bronze autênticas que sobreviveram da Antiguidade Clássica.[1]

O Apolo de Piombino.

Mede 115 centímetros de altura, e foi criada na técnica da cera perdida em várias partes, depois unidas. Tem acabamentos em cobre nas sobrancelhas, lábios e mamilos. Os olhos, atualmente vazados, devem ter sido feitos de vidro ou pedras coloridas. Provavelmente portava objetos em suas mãos. Uma inscrição no pé esquerdo gravada em prata diz que é um ex-voto dedicado à deusa Atena.[2][1]

Foi descoberta em 1832 no fundo do mar, ao largo da costa de Piombino, junto com os remanescentes de um naufrágio, e em 1834 foi adquirida pelo Museu do Louvre. Seu estilo geral arcaizante levou alguns estudiosos a datá-la dos séculos VI ou V a.C., mas algumas de suas características não são congruentes com esta datação, levando outros a considerá-la uma releitura helenística ou romana do protótipo do kouros grego arcaico. Na década de 1960 Brunilde Ridgway foi mais longe, pensando que se tratava de uma falsificação deliberada, destinada a abastecer o mercado de arte da Roma Antiga, onde peças gregas eram muito apreciadas pela elite.[2][1]

Em 1842, durante trabalhos de conservação na estátua, foi descoberta uma tira de chumbo em seu interior com os nomes de seus autores, Menodoto de Tiro e Xenofonte de Rodes, artistas que trabalharam em Rodes na segunda metade do século II a.C. Isso dataria a obra do período helenístico, mas na época a inscrição foi considerada uma falsificação, e depois desapareceu, fazendo com que a controvérsia sobre sua procedência continuasse por muito tempo. Contudo, em 2010 a inscrição foi reencontrada em fragmentos nos depósitos do Louvre, e foi autenticada pelo historiador e epigrafista Nathan Badoud. O nome de Menodoto é bem legível, mas o de Xenofonte não, e foi reconstruído. Há indícios de que houve um terceiro artista envolvido na criação da peça.[1]

De qualquer modo, a datação agora se tornou segura, e seu estilo combinando traços gerais arcaicos com detalhes mais recentes é consistente com a eclética tradição helenística de escultura conhecida em Rodes. Isso não exclui a hipótese de Ridgway de que o Apolo tenha sido criado com uma aparência de ex-voto arcaico para enganar algum colecionador romano, e os fatos de ter sido descoberta em um naufrágio na costa italiana e de os nomes dos autores serem encontrados ocultos dentro da estátua, onde jamais se pensaria achá-los, parecem apoiar esta ideia. Testes realizados recentemente por especialistas do Louvre mostraram que a estátua passou por um extenso processo de restauro ainda na Antiguidade.[1]

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Referências

  1. a b c d e Mille, Benoît & Descamps-Lequime, Sophie. "A Technological Reexamination of the Piombino Apollo". In: XIX International Congress of Ancient Bronzes — Artistry in Bronze: The Greeks and Their Legacy. J. Paul Getty Museum and Getty Conservation Institute, 2017, pp. 349-360
  2. a b Musée du Louvre. Apollo of Piombino.