Argonauta (molusco)
Argonauta Linnaeus, 1758 é uma género de cefalópodes pelágicos.
Argonauta | |||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Classificação científica | |||||||||||||
| |||||||||||||
Espécies | |||||||||||||
Ver texto. |
Descrição editar
A fêmea cria uma concha fina como papel que enrola à volta do corpo, que funciona como ooteca (proteção para os ovos e embriões). [1]Um nome chinês para esta espécie pode ser traduzido como "O ninho do cavalo marinho branco" (White Sea-horse's Nest).[2] A. argo foi advindo daí o nome dado ao tipo de espécie deste género.
Argonauta argo, a primeira espécie a ser descrita, é a que atinge maior tamanho e possui também a maior concha. Vivos, os animais possuem um característico brilho azul no primeiro par de braços e à volta dos olhos.[2] A concha é caracterizada por duas filas de pequenos e afiados tubérculos que se desenvolvem ao longo da quilha, suaves veios curvos aos longo das paredes laterais da concha que se torna mais fina junto à entrada da concha, formando assim uma protuberâncias distintas ou "cornos" de ambos os lados.[2]
A concha da fêmea é branca e pode ter cerca de 20 cm, enquanto que a do macho é pardo-escuro não excedendo os 4 cm. Os jovens carecem de concha.[3]
Argonauta cygnus Monterosato, 1889 foi descrito com base numa concha que não possuía estas protuberâncias, mas sem ser considerado um jovem da espécie Argonauta argo.
O tamanho recorde de uma concha de A. argo é 300.0 mm.[4][5]
A espécie Argonauta argo é cosmopolita, e aparece em águas tropicais e subtropicais em todo o mundo.[2] Uma variedade anã existe no Mar Mediterrâneo, que foi descrita como Argonauta argo mediterranea Monterosato, 1914, apesar de hoje este nome taxonómico ser considerado inválido. De facto o Argonauta Argo aparece com frequência nas costas espanholas do Mediterrâneo, e mais raramente nas costas portuguesas até Peniche, onde foram recolhidos alguns espécimes.[6]
Pensa-se que o Argonauta argo se alimente sobretudo de moluscos pelágicos. A espécie é alimento de numerosos predadores. Já foi regista a sua existência no conteúdo do estômago de um Alepisaurus ferox do Pacífico Sudoeste.[7]
Os machos da espécie chegam à maturidade sexual quando o tamanho do manto (TdM) atinge os 8 mm.[8] As fêmeas maduras atingem o dobro do tamanho do Argonauta bottgeri e do Argonauta hians.[8] Começam a segregar a concha para os ovos quando atingem os 6.5–7 mm de TdM.[8] Os ovos são geralmente depositados quando as fêmeas atingem os 14–15 mm de TdM, o que varia consoante as variedades [9] e habitats. Uma pequena Argonauta argo a residir numa concha com 88 mm pode transportar nela uns estimados 48,800 embriões.[10]
Taxonomia editar
O género Argonauta agrupa sete espécies extantes e diversas espécies extintas. As espécies cuja descrição é considerada válida são as seguintes:
- †Argonauta absyrtus
- Argonauta argo (espécie tipo)
- Argonauta bottgeri
- Argonauta cornuta*
- Argonauta hians
- †Argonauta itoigawai
- †Argonauta joanneus
- Argonauta nodosa
- Argonauta nouryi
- †Argonauta oweri
- Argonauta pacifica*
- †Argonauta sismondai
- †Argonauta tokunagai
- *Espécie com estatuto em discussão.
A espécie extinta Obinautilus awaensis foi inicialmente incluída em Argonauta, mas foi entretanto transferida para o género Obinautilus.[11]
Referências
- ↑ Lu, C. C. (s.d.) "Family Argonautidae". no site do Departamento do Ambiente da Austrália (em inglês)
- ↑ a b c d Norman, M. (2000). Cephalopods: A World Guide. [S.l.]: ConchBooks. pp. 190–191
- ↑ Linnaues 1756
- ↑ Pisor, D. L. (2005). Registry of World Record Size Shells 4th edition ed. [S.l.]: Snail's Pace Productions and ConchBooks. 12 páginas
- ↑ (em russo) Nesis, K. N. (1982). Abridged key to the cephalopod mollusks of the world's ocean. Light and Food Industry Publishing House, Moscow, 385+ii pp. [Translated into English by B. S. Levitov, ed. by L. A. Burgess (1987), Cephalopods of the world. T. F. H. Publications, Neptune City, NJ, 351 pp.]
- ↑ Enciclopédia Luso-Brasileira, vol III, pág 201
- ↑ (em francês) Rancurel, P. (1970). «Les contenus stomacaux d' Alepisaurus ferox dans le sud-ouest Pacifique (Céphalopodes)». Cah. O.R.S.T.O.M. Ser. Océanogr. 8 (4): 4–87
- ↑ a b c (em alemão) Naef, A. (1923). «Die Cephalopoden, Systematik». Fauna Flora Golf. Napoli (35). 1: 1–863
- ↑ Nesis, K. N. (1977). «The biology of paper nautiluses, Argonauta boettgeri and A. hians (Cephalopoda, Octopoda), in the western Pacific and the seas of the East Indian Archipelago». Zool. Zh. 56: 1004–1014
- ↑ Okutani, T. & T. Kawaguchi (1983). «A mass occurrence of Argonauta argo (Cephalopoda: Octopoda) along the coast of Shimane Prefecture, Western Japan Sea». Venus. 41: 281–290
- ↑ Martill, D.M. & M.J. Barker (2006). A paper nautilus (Octopoda, Argonauta) from the Miocene Pakhna Formation of Cyprus. Arquivado em 16 de outubro de 2019, no Wayback Machine. Palaeontology 49 (5): 1035-1041.
Bibliografia editar
- Guerra, A., A.F. González & F. Rocha 2002. Appearance of the common paper nautilus Argonauta argo related to the increase of the sea surface temperature in the north-eastern Atlantic. Journal of the Marine Biological Association of the UK 82: 855–858. doi:10.1017/S0025315402006240
- Sweeney, M. J. (2002). Taxa Associated with the Family Argonautidae Tryon, 1879. Tree of Life web project.