Argonauta (molusco)

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Argonauta Linnaeus, 1758 é uma género de cefalópodes pelágicos.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaArgonauta
Argonauta argo (espécie tipo).
Argonauta argo (espécie tipo).
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Cephalopoda
Ordem: Octopoda
Família: Argonautidae
Género: Argonauta
Linnaeus, 1758
Espécies
Ver texto.
Esquerda: Uma das primeiras ilustrações do A. argo, existente no Index Testarum Conchyliorum (1742) por Niccolò Gualtieri
Direita: Uma femêa A. argo sem a concha

Descrição editar

A fêmea cria uma concha fina como papel que enrola à volta do corpo, que funciona como ooteca (proteção para os ovos e embriões). [1]Um nome chinês para esta espécie pode ser traduzido como "O ninho do cavalo marinho branco" (White Sea-horse's Nest).[2] A. argo foi advindo daí o nome dado ao tipo de espécie deste género.

Argonauta argo, a primeira espécie a ser descrita, é a que atinge maior tamanho e possui também a maior concha. Vivos, os animais possuem um característico brilho azul no primeiro par de braços e à volta dos olhos.[2] A concha é caracterizada por duas filas de pequenos e afiados tubérculos que se desenvolvem ao longo da quilha, suaves veios curvos aos longo das paredes laterais da concha que se torna mais fina junto à entrada da concha, formando assim uma protuberâncias distintas ou "cornos" de ambos os lados.[2]

A concha da fêmea é branca e pode ter cerca de 20 cm, enquanto que a do macho é pardo-escuro não excedendo os 4 cm. Os jovens carecem de concha.[3]

Argonauta cygnus Monterosato, 1889 foi descrito com base numa concha que não possuía estas protuberâncias, mas sem ser considerado um jovem da espécie Argonauta argo.

O tamanho recorde de uma concha de A. argo é 300.0 mm.[4][5]

A espécie Argonauta argo é cosmopolita, e aparece em águas tropicais e subtropicais em todo o mundo.[2] Uma variedade anã existe no Mar Mediterrâneo, que foi descrita como Argonauta argo mediterranea Monterosato, 1914, apesar de hoje este nome taxonómico ser considerado inválido. De facto o Argonauta Argo aparece com frequência nas costas espanholas do Mediterrâneo, e mais raramente nas costas portuguesas até Peniche, onde foram recolhidos alguns espécimes.[6]

Pensa-se que o Argonauta argo se alimente sobretudo de moluscos pelágicos. A espécie é alimento de numerosos predadores. Já foi regista a sua existência no conteúdo do estômago de um Alepisaurus ferox do Pacífico Sudoeste.[7]

Os machos da espécie chegam à maturidade sexual quando o tamanho do manto (TdM) atinge os 8 mm.[8] As fêmeas maduras atingem o dobro do tamanho do Argonauta bottgeri e do Argonauta hians.[8] Começam a segregar a concha para os ovos quando atingem os 6.5–7 mm de TdM.[8] Os ovos são geralmente depositados quando as fêmeas atingem os 14–15 mm de TdM, o que varia consoante as variedades [9] e habitats. Uma pequena Argonauta argo a residir numa concha com 88 mm pode transportar nela uns estimados 48,800 embriões.[10]

Taxonomia editar

O género Argonauta agrupa sete espécies extantes e diversas espécies extintas. As espécies cuja descrição é considerada válida são as seguintes:

*Espécie com estatuto em discussão.

A espécie extinta Obinautilus awaensis foi inicialmente incluída em Argonauta, mas foi entretanto transferida para o género Obinautilus.[11]

Referências

  1. Lu, C. C. (s.d.) "Family Argonautidae". no site do Departamento do Ambiente da Austrália (em inglês)
  2. a b c d Norman, M. (2000). Cephalopods: A World Guide. [S.l.]: ConchBooks. pp. 190–191 
  3. Linnaues 1756
  4. Pisor, D. L. (2005). Registry of World Record Size Shells 4th edition ed. [S.l.]: Snail's Pace Productions and ConchBooks. 12 páginas 
  5. (em russo) Nesis, K. N. (1982). Abridged key to the cephalopod mollusks of the world's ocean. Light and Food Industry Publishing House, Moscow, 385+ii pp. [Translated into English by B. S. Levitov, ed. by L. A. Burgess (1987), Cephalopods of the world. T. F. H. Publications, Neptune City, NJ, 351 pp.]
  6. Enciclopédia Luso-Brasileira, vol III, pág 201
  7. (em francês) Rancurel, P. (1970). «Les contenus stomacaux d' Alepisaurus ferox dans le sud-ouest Pacifique (Céphalopodes)». Cah. O.R.S.T.O.M. Ser. Océanogr. 8 (4): 4–87 
  8. a b c (em alemão) Naef, A. (1923). «Die Cephalopoden, Systematik». Fauna Flora Golf. Napoli (35). 1: 1–863 
  9. Nesis, K. N. (1977). «The biology of paper nautiluses, Argonauta boettgeri and A. hians (Cephalopoda, Octopoda), in the western Pacific and the seas of the East Indian Archipelago». Zool. Zh. 56: 1004–1014 
  10. Okutani, T. & T. Kawaguchi (1983). «A mass occurrence of Argonauta argo (Cephalopoda: Octopoda) along the coast of Shimane Prefecture, Western Japan Sea». Venus. 41: 281–290 
  11. Martill, D.M. & M.J. Barker (2006). A paper nautilus (Octopoda, Argonauta) from the Miocene Pakhna Formation of Cyprus. Arquivado em 16 de outubro de 2019, no Wayback Machine. Palaeontology 49 (5): 1035-1041.

Bibliografia editar

Ligações externas editar

 
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