Arnaldo Mecozzi
Arnaldo Mecozzi (Frascati, 14 de setembro de 1876 — Santos, 19 de maio de 1932) foi um pintor italiano, que restaurou a casa de verão dos Papas em Castelgandolfo. Foi o pai e professor e incentivador- formador de Vicente Mecozzi.
Arnaldo Mecozzi | |
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Nome completo | Arnaldo Mecozzi |
Nascimento | 14 de setembro de 1876 Frascati |
Morte | 19 de maio de 1932 Santos |
Nacionalidade | italiana |
Ocupação | pintor |
Questões biográficas editar
Estudou na Itália, nas oficinas de restauro do Vaticano.
Não há consenso sequer nas datas de nascimento e morte, já que algumas fontes apontam 1869-1923[1] e outras, ao contrário, apontam 1876-1932[2][3] datas estas que julgamos mais factíveis, já que os murais sobre A Sagrada Família no Egito, na abside da Catedral de Nossa Senhora do Desterro em Jundiaí estão assinados e datados A. Mecozzi 1925.[4] De qualquer maneira, há consenso de que ele nasceu em Frascati e morreu em Santos.
Uma biografia sua, publicada recentemente em Roma [5] registra que Mecozzi nasceu em 14 de setembro de 1876 e faleceu em 19 de maio de 1932. Casou-se em 12 de outubro de 1903 com Leonilde Graziani, com quem teve dois filhos, Amália (1905) e Vincenzo (1909).
Formação e atividades na Itália editar
Estudou em Roma, na Regia Accademia di Belli Arti, e esteve como aprendiz, depois de formado, em ateliers de pintores renomados como Mariani e Palombi. Ensinou desenho por catorze anos (1898-1912) no Nobile Collegio di Mondragone. Decorou a igreja paroquial de Rocca Priora, a abside e o Presbitério da Catedral de Pescina (1907) e realizou, em 1912, uma série de afrescos, sob encomenda do Monsenhor Francesco Giacci, para a igreja Santa Maria Dell'Assunta, uma igreja construída no século XV em Roma.[6] Hoje, seus afrescos foram cobertos por pinturas modernas, do frei Ugolino da Belluno.
Transferiu-se para o Brasil, com toda a família, em 1912. Não voltou a viver na Itália, embora tivesse feito várias visitas breves àquele país.
Obras em São Paulo, capital editar
Existem, nos altares laterais da Igreja da Consolação em São Paulo, alguns trabalhos assinados e datados, A. Mecozzi 1918: Fuga para o Egito (tema que retomará na Catedral de Jundiaí, poucos anos depois), São José e o Menino e A Morte de São José.[7] Há grande número de pinturas murais e decorativas, suas e de seu filho Vincenzo, também no Santuário do Sagrado Coração de Maria, em Higienópolis, realizadas entre os anos de 1929 e 1934 ¹.
Catedral de Nossa Senhora do Desterro editar
Em 1886 a primitiva matriz de Jundiaí, dedicada a Nossa Senhora do Desterro, em estilo barroco, foi remodelada por Ramos de Azevedo: as paredes de taipa de pilão foram substituídas por alvenaria e o estilo passou do barroco original para o neogótico. Em 1921, o pároco decidiu intensificar as características neogóticas e substituiu o forro de madeira por abóbadas ogivais em gomos, criou o transepto (pelo extrapolamento de duas das capelas laterais) e encarregou Arnaldo Mecozzi da decoração do templo. Não se tratavam, como em Roma, de alguns afrescos, mas sim toda a decoração interna de um templo relativamente grande e bastante elaborado.
"Carregado de simbolismo teológico, o estilo da Catedral expressa a grandiosidade, onde tudo se volta para o alto, em direção aos céus. Passou por uma reforma em 1921. O teto passou a ter abóbadas ogivais; foram colocados vitrais e as paredes receberam belas pinturas do artista plástico italiano Arnaldo Mecozzi. Há afrescos que retratam passagens bíblicas. A Sagrada Família em sua saída para o Egito encontra-se no presbitério, em cujo teto também há os quatro evangelistas. Sobre a porta da Capela do Santíssimo, há o afresco dos discípulos de Emaús com Jesus Ressuscitado. A representação do Batismo se encontra sobre a Capela de Nossa Senhora Aparecida, onde funcionava, antigamente, um batistério.
Na entrada do coro, existe a figura de Santa Cecília, a padroeira dos músicos. E, na entrada da sacristia, uma pintura de ordenação sacerdotal que, com outras imagens, igualmente belas e harmonizadas pelos elegantes adereços, convidam ao encontro com o Senhor. No altar-mor, feito de mármore vindo da Europa, estão as imagens barrocas da Sagrada Família."[8]
Arnaldo Mecozzi morreu de infarto fulminante, em 19 de maio de 1932, em plena atividade, decorando a antiga Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Santos. Este templo, concluído em 1902 e doado aos jesuítas em 1905, possuía em seu interior famosas telas e quadros a óleo, em suas paredes internas, pinturas de Benedito Calixto, além de inscrições laqueadas em ouro, e uma imagem do Sagrado Coração de Jesus trazida de Paris pelo Dr. Saladino Figueira de Aguiar no ano de 1888.
Seriamente comprometido em suas estruturas após explosão do gasômetro em 9 de janeiro de 1967, o templo foi demolido no mesmo ano, nada restando do trabalho final de Arnaldo Mecozzi, que teve de ser concluído por seu filho Vicente.
Galeria editar
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Igreja da Consolação, com pinturas de Arnaldo Mecozzi.
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Igreja da Consolação
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Igreja da Consolação
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Catedral de Nossa Senhora do Desterro a noite
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Santa Cecília, visão aproximada
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O Batismo
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Ceia em Emaús
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Ordenação Sacerdotal
Notas editar
¹ Estas datas, que constam inclusive do site oficial da Igreja (Paróquia Imaculado Coração de Maria) nos fazem mais uma vez ser enfáticos em relação à data da morte de Arnaldo Mecozzi. O pintor não faleceu em 1923, e certamente as obras foram concluídas por Vincenzo, após seu falecimento em 1932, o que explica a coexistência da assinatura de ambos, pai e filho.
Referências
- ↑ «Mecozzi, Vicente». Enciclopédia Itaú Cultural, Artes Visuais. Consultado em 4 de setembro de 2009
- ↑ Laura Rita Facioli; Caroline Tonacci ; Elaine Bottion (março 2006). «RESTAURO DA CÚPULA DA IGREJA DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA» (PDF). ARC • Revista Brasileira de Arqueometria Restauração Conservação • Edição Especial • Nº 1 • MARÇO 2006. Consultado em 4 de setembro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 4 de março de 2016
- ↑ «Frascati». kiwipedia (em inglês). Consultado em 4 de setembro de 2009[ligação inativa]
- ↑ Regina Kalman. «A Sagrada Família no Egito (imagem)». foto. Consultado em 4 de setembro de 2009
- ↑ Luciana Vinci. «Arnaldo Mecozzi,biografia ritrovata» (PDF). CRONACHE CITTADINE; anno XVIII - N° 379, domenica,28 gennaio, 2007, p. 03 (em italiano). Consultado em 5 de setembro de 2009[ligação inativa]
- ↑ «The Church of Santa Maria dell'Assunta». Strada dei vini dei castelli romani (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2009
- ↑ post. «Um pouco de história da Igreja da Consolação em São Paulo». Portal Artes/Fórum. Consultado em 4 de setembro de 2009[ligação inativa]
- ↑ Valter Tozetto Junior (31 de maio de 2009). «Catedral Nossa Denhora do Desterro, um templo cheio de História». Jornal de Jundiaí, regional. Consultado em 4 de setembro de 2009[ligação inativa]
Bibliografia editar
- ARC - Revista Brasileira de Arqueometria Restauração Conservação • Edição Especial • Nº 1 • MARÇO 2006 • AERPA Editora
Resumos do III Simpósio de Técnicas Avançadas em Conservação de Bens Culturais - Olinda 2006
- CAPPELLANO, L. C. . Referências sobre a Restauração da Catedral. VOZES DA CATEDRAL, Jundiaí-SP, pp. 1 - 4, 02 fev. 1987.
- TOZETTO Jr., Valter - Catedral Nossa Senhora do Desterro, um templo cheio de História, in: Jornal de Jundiaí, regional, 31 de maio de 2009, acessível on-line em: http://www.portaljj.com.br/interna.asp?int_id=81178[ligação inativa]
- VINCI, Luciana - Arnaldo Mecozzi, Biografia Ritrovata; in: Cronache Cittadine, Roma, Italia, anno XVIII, nº 379, 28 gennaio 2007, p.3.