Arrifana (Santa Maria da Feira)

vila e freguesia do município de Santa Maria da Feira, Portugal
 Nota: Para outros significados, veja Arrifana.

Arrifana é uma vila e freguesia portuguesa do município de Santa Maria da Feira, com 5,29 km² de área[1] e 6311 habitantes (censo de 2021)[2]. A sua densidade populacional é 1 193 hab./km².

Portugal Portugal Arrifana 
  Freguesia  
Monumento Guerra Peninsular
Monumento Guerra Peninsular
Monumento Guerra Peninsular
Símbolos
Bandeira de Arrifana
Bandeira
Gentílico Arrifanense
Localização
Localização no município de Santa Maria da Feira
Localização no município de Santa Maria da Feira
Localização no município de Santa Maria da Feira
Arrifana está localizado em: Portugal Continental
Arrifana
Localização de Arrifana em Portugal
Coordenadas 40° 55' N 8° 30' O
Região Norte
Sub-região Área Metropolitana do Porto
Distrito Aveiro
Município Santa Maria da Feira
Código 010902
História
Fundação 1826
Elevação a vila 9 de julho de 1985
Administração
Tipo Junta de freguesia
Características geográficas
Área total 5,29 km²
População total (2021) 6 311 hab.
Densidade 1 193 hab./km²
Código postal 3700
Outras informações
Orago Nossa Senhora da Assunção

Dispõe Arrifana de um corpo de bombeiros, uma farmácia, um balcão de CTT, bancos, centro de saúde, centro de dia, centro social e paroquial, vários cafés e pastelarias, postos de abastecimento de combustível, três hipermercados, papelaria/livraria, lojas de comunicações, e agências de viagens, entre outros.

História editar

 
Rapariga de Arrifana (1932), pastel sobre papel, Sofia Martins de Sousa

É terra muito antiga, devendo atribuir-se aos Árabes a sua fundação. A ancestralidade do seu povoamento poderá também ser atestada por restos pré-históricos e por uma ara romana dedicada a Júpiter encontrados na área. Pertenceu à Ordem de Cristo logo após a sua fundação, por D. Dinis, em 1319. O abade foi apresentado pela Casa do Infantado e tinha de rendimento 400$000 réis. A sede da primitiva igreja foi, nos tempos medievais, no lugar de Manhouce (pequeno agregado a poente), sendo esta a designação antiga da freguesia. Ainda no "Censual da Mitra do Porto", dos meados do século XVI, era identificada como Santa Maria de Manhouce de Arrifana. No ano de 1053, uma senhora de nome Godo, filha de Soeiro e de Gontina, mulher de D. Paio, doou metade dos seus bens próprios ao Mosteiro da Vacariça, nos quais se incluiam certas igrejas, entre as quais a de Manhouce (Maniozi). O altar do Sacramento (datado de 1582) ali permaneceu nas ruínas de uma capela até 1915, ano em que foi retirado para a igreja actual. Em documento de meados dos anos 1800 refere-se: "A aldeia onde está a matriz (e que se chama mesmo Arrifana) é arruada e tem boas casas sendo maior do que muitas vilas do reino. É muito abundante de águas e, por isso, muito fértil, e tem bonitas e extensas vistas, descobrindo-se daqui muitas freguesias e grande extensão de mar". Arrifana é nome de região e não de agregado. O núcleo em que se encontram as casas representativas, entre a igreja e o cruzeiro, é ainda denominado Rua. A parte oposta àquela chama-se Outeiro, posto que actualmente cresça a tendência para alargar este nome às duas zonas. A história encerra interessantes tradições.

Passagem da Rainha Santa Isabel por Arrifana editar

Reza uma das mais queridas pelo povo que, passando por aqui a Rainha Santa Isabel, em peregrinação a Sant'Iago, na Galiza, pernoitou numa casa onde deu vista a uma cega. E comendo uma laranja azeda, de uma pevide dela nasceu uma laranjeira e as laranjas que ela dava tinham junto ao pé as cinco quinas das armas de Portugal. Agradecidos, os Arrifanenses celebram a Rainha Santa com concorridos festejos no segundo domingo de Julho. Conta-se também que aqui morreu um frade de nome Frei Pascoal e que deixou à freguesia (e guarda a Confraria do Santíssimo) uma cruz de pau, prometendo que, enquanto ela existisse, nunca a peste entraria em Arrifana. Acrescenta o cronista oitocentista que "isto foi aí pelos anos 1600, e o que é certo é que há mais de duzentos anos que aqui não tem havido peste".

A Santinha de Arrifana editar

A Serva de Deus Ana de Jesus Maria José de Magalhães, também conhecida por Santinha de Arrifana, viveu no lugar da Rua, na freguesia de Arrifana, durante o século XIX. Sobre o assunto, escreveu um cronista: "Para a Arrifana não perder a posse de ser terra dos milagres, há ali actualmente uma "extática" que, segundo dizem, não come nem bebe há muitos anos e está quase sempre ajoelhada na cama a rezar! Está reduzida a uma múmia vivente". Referia-se, é hoje sabido, à chamada Santinha de Arrifana, que viria morrer com fama de santidade a 25 de março de 1875.

Invasões Francesas editar

As Invasões Francesas, que, no princípio do século XIX deixaram marcas no concelho da Feira, estão particularmente ligadas a Arrifana por um episódio horroroso e da mais atroz barbaridade. Na freguesia ergue-se o Monumento aos Mártires em memória dos homens fuzilados pelo exército napoleónico, em 17 de Abril de 1809. O massacre, acompanhado do saque da povoação, surgiu como represália à emboscada montada em Riba-Ul e dirigida por um natural de Arrifana, em que perdeu a vida, entre outros, um oficial francês sobrinho do general Soult. O povo, aflito, fugiu a esconder-se na igreja, mas nem assim escapou aos intentos assassinos dos franceses, que o fez sair ordeiramente, contando um, dois, três, quatro e, chegando ao quinto, agarrando-o para ser fuzilado no Campo da Bussiqueira. Segundo os mais fundamentalistas, terão morrido — entre homens, mulheres e crianças — perto de trezentas pessoas. Só escaparam os que o acaso escondeu por debaixo dos cadáveres.

O monumento (obelisco assente sobre pedestal) foi descerrado em 17 de Abril de 1914, na sequência das comemorações do centenário daquele trágico acontecimento. Uma placa de bronze, na frente, apresenta a cena do fuzilamento, em baixo-relevo, tendo ao fundo uma coroa de louros, com fita, onde se pode ler "Arrifana 1809-1914". No soco da base está um pequena placa, com as seguintes datas e letras abertas: "1809-1959/J. F. A." Do lado direito, uma outra placa com a seguinte inscrição: "Erigido/Pelo Povo de Arrifana/No/Primeiro Centenário/Da/Guerra Peninsular/Com o concurso/Da/Comissão Oficial Executiva/Do/Dito Centenário". Do lado posterior a placa reza: "Aos 17 de Abril de 1809/Foram barbaramente/Trucidados e fuzilados/Pelas tropas de Soult/71 mancebos de Arrifana/E lugares próximos em/ /Represália de um ataque/Dirigido contra alguns oficiais e soldados/Franceses". A placa da esquerda diz simplesmente: "Solenemente/Inaugurado/Em/17 de Abril de 1914".

Demografia editar

A população registada nos censos foi:[2]

População da freguesia de Arrifana[3]
AnoPop.±%
1864 993—    
1878 1 020+2.7%
1890 1 141+11.9%
1900 1 206+5.7%
1911 1 447+20.0%
1920 1 644+13.6%
1930 1 965+19.5%
1940 2 450+24.7%
1950 3 109+26.9%
1960 4 161+33.8%
1970 5 137+23.5%
1981 6 315+22.9%
1991 5 600−11.3%
2001 6 544+16.9%
2011 6 551+0.1%
2021 6 311−3.7%
Distribuição da População por Grupos Etários[4]
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 1012 916 3699 917
2011 934 655 3689 1273
2021 726 653 3351 1581

Geografia editar

Arrifana foi elevada a vila em 8 de agosto de 1985 e conta com cerca de 6300 habitantes. Situada numa planície elevada, dista 4 km da sede do município. Confina com Escapães, a Norte; São João da Madeira e Cucujães, a sul; Milheirós de Poiares, a nascente; e Mosteirô e Fornos a poente.

Administração editar

A Junta de Frequesia situa-se na Avenida do Corgo, nº 58, 3700-460 Arrifana.

Património editar

Ligações externas editar

Referências

  1. «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 10 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013 
  2. a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos» 
  3. Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
  4. INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022 
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