Avro Canada CF-100

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O Avro Canadá CF 100 Canuck foi um avião de interceptação e caça do Canadá, produzido no início dos anos 1950, tendo sido o primeiro jato militar de tecnologia canadense a entrar em produção. Durante a década de 1950, foi o principal avião da armada canadense até a introdução do McDonnell CF-101 Voodoo (versão canadense do F-101 americano).[2]

CF-100 "Canuck"
Avro Canada CF-100
Avro CF-100 Canuck do 414º Esquadrão (guerra Eletrônica) da Real Força Aérea do Canadá em exposição no Alberta Aviation Museum.
Descrição
Tipo / Missão Caça interceptador, com motores turbojato, bimotor monoplano
País de origem  Canadá
Fabricante Avro Canada
Período de produção 1950-?
Quantidade produzida 692
Primeiro voo em 19 de janeiro de 1950 (74 anos)
Introduzido em 1952
Aposentado em 1981
Variantes Avro Canada CF-103
Tripulação 2 - piloto e navegador
Carga útil 4 670 kg (10 300 lb)
Especificações (Modelo: CF-100 Mk 5)
Dimensões
Comprimento 16,5 m (54,1 ft)
Envergadura 17,4 m (57,1 ft)
Altura 4,4 m (14,4 ft)
Área das asas 54,9  (591 ft²)
Alongamento 5.5
Peso(s)
Peso vazio 10 500 kg (23 100 lb)
Peso carregado 15 170 kg (33 400 lb)
Peso máx. de decolagem 16 329 kg (36 000 lb)
Propulsão
Motor(es) 2 x turbojatos Avro Canada Orenda 11[1]
Força de empuxo (por motor) 3 311 kgf (32 500 N)
Performance
Velocidade máxima 888 km/h (479 kn)
Alcance (MTOW) 3 200 km (1 990 mi)
Teto máximo 13 700 m (44 900 ft)
Razão de subida 44,5 m/s
Armamentos
Foguetes 2 x pods nas pontas das asas para foguetes de 70 mm (2,76 in) "Mighty Mouse"
Notas
Dados de peso de decolagem: Combat Aircraft of the World[nota 1]

Desenvolvimento editar

 
O protótipo 18102 em um voo de testes.

No final da Segunda Guerra Mundial se iniciava a era do jato militar. Após a derrocada da Alemanha nazista, Estados Unidos e União Soviética lideravam as pesquisas nesse ramo enquanto que Grã-Bretanha e França seguiam em estágio embrionário. O acirramento da chamada guerra fria colocou muitos países em uma corrida armamentista. O Canadá, país de tamanho continental, foi um desses países e elaborou estudos para ampliar o patrulhamento aéreo de seu vasto território. Por conta de suas condições climáticas adversas, a aeronave deveria ser projetada para operar em qualquer condição climática, assim como em pistas dos mais diversos pavimentos (terra, asfalto, concreto,cascalho,etc).

Em outubro de 1946, a Real Força Aérea do Canadá elaborou um projeto para aquisição de uma aeronave de interceptação a jato capaz de operar sobre quaisquer condições climáticas. A Avro Canadá começou a desenvolver um protótipo para atender esse projeto no final daquele ano. Iniciado pelo engenheiro chefe Edgar Atkin, o projeto XC-100 foi transferido em junho de 1947 para as mãos de John Frost e Jim Chamberlin, que refizeram todo o projeto, que se arrastou pelo final da década de 1940. O primeiro protótipo, nº 18101, realizou seu primeiro voo em 19 de janeiro de 1950. O desenvolvimento dos testes foi confiado a Bill Waterton, piloto de testes da companhia Gloster (cedido temporariamente para a Avro Canadá).[3][4]

Para acelerar o desenvolvimento do projeto, as autoridades canadenses firmaram um convênio de cooperação técnica com os Estados Unidos, de forma que enquanto os americanois auxiliavam no desenvolvimento decomponentes para o XC-100, o governo canadense iria adquirir algumas unidades do jato F-86 Sabre americano. Havia um interesse americano no projeto do XC -100, porém a Força Aérea dos Estados Unidos resolveu adquirir o F-89 Scorpion da companhia Northrop, projeto desenvolvido na mesma época para atender missões similares a do Canuck.[5] A cooperação militar entre os Estados Unidos e o Canadá resultou no desnevolvimento da turbina Orenda, com 6.500 lbf (29.000 N) de empuxo, utilizada para equipar o Canuck e a versão canadense do Sabre (Canadair Sabre).[6]

Durante um teste realizado em agosto de 1950, o XC-100 alcançou a velocidade de 1100 km/h.[7] O sucesso do projeto fez com que o governo canadense encomendasse 124 aeronaves e o XC-100 foi renomeado CF-100 Canuck. As primeiras unidades, Mk3, entraram em serviço na Real Força Aérea do Canadá em 1953.

Em operação editar

Canadá editar

 
Linha de combate da OTAN em 1959. Da esquerda paraa direita, um F-84 Thunderjet da Deutsche Luftwaffe, um F-86K Sabre da Real Força Aérea da Holanda, um Dassault Mystere IVA da Exército do Ar Francês, um Hawker Hunter da Força Aérea Real, um Avro Canadá CF-100 da Força Aérea da Bélgica e um F-100C Super Sabre da USAF.

Os primeiros jatos Canuck entraram em operação entre 1953/54, sendo incorporados a treze esquadrões da Real Força Aérea do Canadá, desempenhado missões de interceptação e caça nas piores condições de clima. Posteriormente, a RCAF utilizou a aeronave para desempenhar missões de reconhecimento fotográfico, guerra eletrônica e treinamento. Inicialmente projetado para sobreviver a 2 mil horas de operações, o Canuck acabou voando muito mais, já que a força aérea descobriu que sua estrutura robusta podia suportar até 20 mil horas de operação.

No final dos anos 1950, o governo canadense preparava a substituição do Canuck pelo novo caça Arrow. Com o abandono do projeto do Arrow, o CF-100 ganhou sobrevida e , mesmo tendo sido substituído da linha de batalha canadense no início dos anos 1960 pelo CF-101 Voodoo, operou até outubro de 1981(quando foi retirado de serviço).[8]

No teatro europeu editar

Com o desenvolvimento de uma nova geração de bombardeiros soviéticos, capazes de voar em condições climáticas severas, o Canuck foi (durante boa parte da década de 1950) a única aeronave capaz de interceptá-los. Assim, algumas unidades canadenses foram transferidas para bases da OTAN na Alemanha e Bélgica. O bom desempenho dessas aeronaves incentivou o governo belga a adquirir 53 CF 100 Mk 5, ooperados entre 1957 e 1964, quando foram substituídos pelo Lockheed F-104 Starfighter.

Ex utilizadores editar

  - Real Força Aérea do Canadá (1953-1981)[9];

  • Esquadrão 409
  • Esquadrão 410
  • Esquadrão 414
  • Esquadrão 416
  • Esquadrão 419
  • Esquadrão 423
  • Esquadrão 425
  • Esquadrão 428
  • Esquadrão 432
  • Esquadrão 433
  • Esquadrão 440
  • Esquadrão 445
  • Esquadrão 448

 Força Aérea da Bélgica(1957-1964);

  • Esquadrão 11
  • Esquadrão 349
  • Esquadrão 350

Versões editar

 
Um CF-100 Mk3 pintado nas cores do protótipo XC-100, em exibição no Calgary AeroSpace Museum.
  • CF-100 Mk 1 : Dois primeiros protótipos.
  • CF-100 Mk 1P : Versão de reconhecimento fotográfico. Não construída.
  • CF-100 Mk 2 : Dez primeiros aviões construídos.
  • CF-100 Mk 2T : Versão biplace de treinamento do CF-100 Mk 2. Dois construídos.
  • CF-100 Mk 3 : Versão biplace para interceptação e caça todo tempo. Primeira versão operacional produzida para a RCAF. Foram construídas 70 aeronaves.
  • CF-100 Mk 3A : CF-100 Mk 3 sub-tipo, equipado com dois motores Orenda 2 turbojet. 21 construídos.
  • CF-100 Mk 3B : CF-100 Mk 3 sub-tipo, equipado com dois motores Orenda 8 turbojet engines. 45 construídos.
  • CF-100 Mk 3CT : UM CF-100 Mk 3 convertido para treinador biplace. Redesignado posteriormente CF-100 Mk 3D.
  • CF-100 Mk 4 : Versão biplace para interceptação e caça todo tempo. Uma aeronave em pré produção.
  • CF-100 Mk 4A : CF-100 Mk 4 sub-tipo, equipado com dois motores Orenda 9 turbojet engines. 137 construídos.
  • CF-100 Mk 4B : CF-100 Mk 4 sub-tipo, equipado com dois motores Orenda 11 turbojet engines. 141 construídos.
  • CF-100 Mk 4X : Versão proposta do CF-100 Mk 4. Nunca construído
  • CF-100 Mk 5 Versão biplace para interceptação e caça todo tempo, equipado com dois motores Orenda ou Orenda 14 turbojet. 332 construídos.
  • CF-100 Mk 5D : Pequeno número de CF-100 Mk 5s convertido para guerra eletrônica.
  • CF-100 Mk 5M : Pequeno número de CF-100 Mk 5s equipados com mísseis AIM-7 Sparrow II.[10]
  • CF-100 Mk 6 : Versão proposta para receber o sistema de mísseis AIM-7 Sparrow II . Nunca construída.

Ver também editar

Notas

  1. Taylor and Alexander 1969, p. 51.

Bibliografia editar

  • Taylor, John W. R. and Jean Alexander. Combat Aircraft of the World. New York: G.P. Putnam's Sons, 1969. ISBN 0-71810-564-8.

Referências

  1. Canadian Museum of Flight. «Avro Canada CF-100 Canuck». Consultado em 16 de novembro de 2013 
  2. «Avro Canadá CF-100». Canada Avitation and Space Museum. Consultado em 16 de novembro de 2013 
  3. «Husky Canuck». Flight Magazine. 5 de janeiro de 1950. Consultado em 16 de novembro de 2013 
  4. «All-Weather Fighter». Flight Magazine. 27 de abril de 1950. Consultado em 16 de novembro de 2013 
  5. Raul de Polillo (21 de janeiro de 1950). «Cooperação aeromilitar entre os Estados Unidos e o Canadá». Folha da Manhã, Ano XXV, edição 7917, página 7. Consultado em 16 de novembro de 2013 
  6. Douglas How (18 de janeiro de 1950). «Big air fighter role for R.C.A.F seen in Altlantic defense plans». The Montreal Gazette, Ano 172 páginas 1 e 2. Consultado em 16 de novembro de 2013 
  7. «Alcança mais de 1100 quilômetros por hora». Jornal do Brasil, Ano LX, edição 186, página 7- Republicado pela Biblioteca Nacional - Hemeroteca Digital Brasileira. 10 de agosto de 1950. Consultado em 16 de novembro de 2013 
  8. Avroland (2006). «CF-100 Canuck». Consultado em 16 de novembro de 2013 
  9. Avroland (2006). «CF-100 Squadron Code, Name, Call Sign & Locations». Consultado em 16 de novembro de 2013 
  10. «The Canadian Industry...». Flight Magazine. 22 de agosto de 1958. Consultado em 16 de novembro de 2013 
 
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