Os balantas (palavra que significa literalmente "aqueles que resistem") são um grupo étnico nigero-congolês dividido entre a Guiné-Bissau, o Senegal e a Gâmbia.[1] São o maior grupo étnico da Guiné-Bissau, representando mais de 25% da população total do país.[1][2] No entanto, mantiveram-se sempre fora do estado colonial e pós-colonial, devido à sua organização social. Os balantas podem ser divididos em seis subgrupos: balantas bravos, balantas cunantes, balantas de dentro, balantas de fora, balantas manés e balantas nagas.

Balantas
População total

442 000

Regiões com população significativa
Guiné-Bissau
Senegal
Gâmbia
Línguas
balanta, português, crioulo
Religiões
islão, animismo, cristianismo

Os arqueólogos crêem que o povo que viria a ser os balantas migrou para a atual Guiné-Bissau em grupos pequenos entre os séculos X e XIV d.C. Durante o século XIX, espalharam-se ao longo da área do mesmo país e do sul do Senegal, de forma a resistirem à expansão do reino de Gabu. A tradição oral entre os balantas diz que estes migraram para oeste desde a área onde são hoje o Egito, Sudão e Etiópia para escapar à seca e às guerras. Hoje, os balantas encontram-se principalmente nas regiões sul e centro da Guiné-Bissau.

São maioritariamente agricultores e criadores de gado, principalmente porcos. Existe uma importante população balanta em Angola.

Cultura editar

Os balantas são o único grupo étnico da Guiné-Bissau sem um chefe ou um líder reconhecido.[1] Todas as decisões importantes entre os balantas são tomadas por um conselho de sábios.[1] Para se tornar um membro do conselho, o candidato terá de ser iniciado durante a cerimónia fanado. No geral, a igualdade prevalece entre os balantas.[1] Consequentemente, os colonialistas portugueses tiveram dificuldades em governar este povo. Na viragem do século XIX para o XX, Portugal moveu campanhas de pacificação contra os resistentes balantas e sujeitou-os aos nomeados chefes fulas. Devido à repressão portuguesa, os balantas alistaram-se como soldados em grande número e foram apoiantes de primeira linha do PAIGC no desígnio nacionalista de libertação durante os anos 60 e 70 do século XX. Contudo, quando os nacionalistas assumiram o poder após a independência, depararam-se com a dificuldade em estabelecer comités de aldeia e outras organizações entre os balantas devido à sua organização social descentralizada. Muitos balantas ressentiram-se com a sua exclusão do governo. A sua proeminência no exército esteve na origem de várias tentativas de golpes de Estado lideradas por eles na década de 1980.

Religião editar

Os balantas são largamente animistas na sua crença.[2] Djon Cago é uma divindade deste povo.[1] Na sociedade balanta, acredita-se que Deus está muito longe. Os fieis tentam alcançá-lo através de espíritos e sacrifícios.[2] Apesar do cristianismo ser parcialmente aceito, o islão é forte e praticado juntamente com a veneração espiritualista.[1][2]

Personalidades editar

Referências

  1. a b c d e f g «Kultur Balanta». West African Languages and Cultures. Consultado em 6 de dezembro de 2019. Arquivado do original em 14 de abril de 2015 
  2. a b c d «The Balanta People». Triumphant Families Brown-Humphrey. Consultado em 6 de dezembro de 2019 
 
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