Bardoto

Animal híbrido do cavalo e da jumenta

Bardoto[1][nota 1] ou mulo asneiro[2], é um animal resultante do cruzamento de indivíduos de espécies diferentes (híbrido). O pai é da espécie Equus caballus (cavalo) e a mãe é da espécie Equus asinus (jumenta).[3] O animal resultante do cruzamento inverso, em que a mãe é uma égua (Equus caballus) e o pai é um jumento (Equus asinus), denomina-se mula ou muar, que, assim como o bardoto, também é estéril.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaBardoto

Estado de conservação
Não avaliada: Domesticado
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Perissodactyla
Família: Equidae
Gênero: Equus
Espécie: Equus caballus x Equus asinus
Sinónimos
Equus mulus
Bardoto na antiguidade.

Etimologia editar

O nome «bardoto»[1] entrou no português de Portugal por via do francês bardot[4], palavra que detém o mesmo significado que em português. A palavra entrou no francês por via do árabe barda‘a, que significa «sela ou albarda»[4] e que é o mesmo étimo da palavra portuguesa «albarda»[5].

A designação «mulo asneiro», assenta na distinção dentre as duas variedades de mulo, diferindo do mulo eguariço[6], que é fruto do cruzamento de uma égua com um burro[2]. O adjectivo «asneiro»[7][8] serve expressamente para distinguir o mulo que resulta do cruzamento de um cavalo com uma burra.

Biologia editar

Se, porventura, surgirem descendentes do cruzamento entre indivíduos de espécies diferentes, estes serão, quase sempre, estéreis.[9] No caso específico do bardoto ou da mula, a esterilidade fica a dever-se ao facto de os cavalos possuirem 64 cromossomas, ao passo que os jumentos só têm 62, o que faz com que as crias depois só tenham 63 cromossomas, um número ímpar.[10]

Apesar de tanto o bardoto como a mula possuírem maior resistência do que o cavalo para a execução de trabalhos pesados, é muito mais comum de se encontrar uma mula do que um bardoto. Isso fica a dever-se às maiores dificuldades de se cruzar um cavalo com uma jumenta do que uma égua com um jumento, tais como: maior esforço para se conseguir observar o período fértil das jumentas (quando comparadas às éguas) e maiores riscos na gestação, posto que o filhote híbrido pode ser grande demais para o útero da jumenta.[10]

A isto alia-se, também, o facto dos bardotos ou mulos asneiros serem mais pequenos do que os seus compartes eguariços e de terem um temperamento tendencialmente menos dinâmico.[11]

Ver também editar

Notas

  1. No Português de Portugal, o primeiro «o» lê-se como «ô» e o segundo «o» não é aberto. A palavra entra no português de Portugal por via do francês «bardot», com o mesmo significado. No português do Brasil, a palavra é paroxítona com segundo «o» aberto, tendo provindo do italiano bardotto, que significa "mula"

Referências

  1. a b S.A, Priberam Informática. «bardoto». Dicionário Priberam. Consultado em 4 de novembro de 2022 
  2. a b Cunha Fajardo Losvéles de Ortigósa, J.M. (1926). «Cruzamento continuo e industrial — Hibridação — Productos Híbridos e productos mestiços—Representação numérica das influencias dos reproductores» (PDF). Officinas de O Commercio do Porto. Livraria do Lavrador (XXXIX): 155. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  3. «Bardoto X burros». Consultado em 1 de janeiro de 2016 
  4. a b Larousse, Éditions. «Définitions : bardot, bardeau - Dictionnaire de français Larousse». www.larousse.fr (em francês). Consultado em 4 de novembro de 2022 
  5. Infopédia. «albarda | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 4 de novembro de 2022 
  6. Infopédia. «eguariço | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  7. S.A, Priberam Informática. «asneiro». Dicionário Priberam. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  8. Infopédia. «asneiro | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 6 de novembro de 2022 
  9. «Bardoto». Consultado em 1 de janeiro de 2016 
  10. a b «Muar do futuro». Consultado em 1 de janeiro de 2016 
  11. Leal, João Ribeirinho (1982). Motivos alentejanos. Lisboa: Edições Colibri. p. 71. 171 páginas. ISBN 9789727728848. (...) Assim nasceram os machos e mulas eguariços e asneiros. Desses dois híbridos, os eguariços são, sem a mínima dúvida, os mais bem-sucedidos. Com efeito, a mula eguariça herda da mãe a forte musculatura e a estatura elevada, mas o pai lega-lhe a resistência e a sobriedade. A mula suporta as maiores fadigas, é capaz de suportar intempéries que seriam fatais para o cavalo e é, ainda por cima, insensível às vertigens. A mula asneira é mais pequena e menos robusta. A mãe burra marcou-a, além disso, com o temperamento um tanto preguiçoso próprio da espécie.