Batalha da Floresta de Baduena

A Batalha da Floresta de Baduena[3] foi travada na Germânia Inferior, perto da moderna Heiloo, nos Países Baixos em 28 d.C.[1][4][5] entre os frísios e o exército romano, que era liderado pelo general Lúcio Aprônio.[6] Baduena (em latim: Baduhenna) é uma deusa germânica adorada na região.

Batalha da Floresta de Baduena
Guerras germânicas
Data 28 d.C.[1]
Local Germânia Inferior (perto da moderna Heiloo,[1] nos Países Baixos)
Coordenadas 52° 36' N 4° 42' E
Desfecho Vitória decisiva dos frísios
Beligerantes
Império Romano Império Romano   Frísios
Comandantes
Império Romano Lúcio Aprônio   Desconhecido
Baixas
1 300[2] Desconhecidas
Heiloo está localizado em: Países Baixos
Heiloo
Localização de Heiloo no que é hoje os Países Baixos

História editar

A primeira menção sobre a existências dos frísios aparece no relato da guerra de Druso contra as tribos germânicas do Reno e contra os caúcos em 12 a.C. Os romanos não os atacaram depois de terem destruído os germânicos, mas apenas passaram pelo seu território pela costa para conseguir atacar os caúcos. O relato afirma que os frísios foram "convencidos", o que sugere que a suserania romana lhes foi imposta.[7] Nesta época, Druso já passou a cobrar deles um moderado tributo. Porém, um governador subsequente aumentou os requisitos e exigiu o pagamento de forma brutal, primeiro dizimando os rebanhos frísios, depois confiscando suas terras e finalmente tomando suas esposas e filhos como escravos por dívida. Em 28 a.C., os frísios finalmente se revoltaram e enforcaram os soldados romanos que faziam a cobrança dos tributos, forçando o governador a fugir para um forte que eles imediatamente cercaram.

Segundo Tácito:

Assim que soube do fato, o propretor da Germânia Inferior, Lúcio Aprônio, convocou da província superior os legionários veteranos e também algumas tropas auxiliares e a cavalaria. Imediatamente depois de transportá-las pelo Reno, atirou-as sobre os frísios, libertando rapidamente o cerco à fortaleza e dispersando os rebeldes que defendiam suas posses. Depois, ele iniciou a construção de sólidas estradas e pontes sobre os estuários vizinhos para facilitar a passagem de tropas pesadas e, enquanto isso, tendo encontrado um vau, ordenou à cavalaria dos caninefates, à frente de toda a infantaria germânica que nos servia, que atacasse o inimigo pela retaguarda. Já em formação de batalha, eles estavam conseguindo fazer recuar nossa cavalaria auxiliar e também a legionária enviada para ajudar até que três coortes leves e depois duas mais e depois de mais algum tempo toda a cavalaria receberam ordens de atacar. Eles seriam poderosos o suficiente se tivessem atacado juntos, mas chegando em intervalos como fizeram, não davam mais coragem aos que foram repelidos e acabaram eles próprios tomados pelo pânico dos fugitivos. Aprônio encarregou o resto dos auxiliares a Cátego Labeu (Cathegus Labeo), o comandante da quinta legião, mas ele também, encontrando seus homens e posição crítica e em extremo perigo, enviou mensageiros implorando pela força total das legiões. Os soldados da quinta avançaram e empurraram o inimigo para trás num combate acirrado e salvaram nossas coortes e cavalaria, que estavam exauridas por causa de seus ferimentos. Mas o general romano não tentou se vingar ou mesmo enterrar os mortos, embora muitos tribunos, prefeitos e centuriões de primeira classe tenham morrido. Logo depois, descobriu-se através de desertores que novecentos romanos foram estraçalhados numa floresta chamada de "de Baduena" depois de prolongar a batalha até o dia seguinte e outro grupo de quatrocentos, que haviam conquistado a casa de um tal Cruptórix, que já fora um soldado na nossa folha de pagamento, temendo traição, morreram num assassinato mútuo.
 
Tácito, Os Anais, Livro IV.

Por algum motivo, os romanos não tentaram se vingar e o assunto terminou aí. O prestígio dos frísios entre seus vizinhos aumentou consideravelmente.[8]

Referências

  1. a b c «Baduhenna». www.angelfire.com. Abril de 2012 
  2. Peter Loughran, The Mystery of the King, p.155
  3. Tácito, Os Anais: Volume 1, p.204
  4. Ken Dowden, European Paganism: The Realities of Cult from Antiquity to the Middle Ages, p.112
  5. Camden House, European Paganism: Camden House History of German Literature, p.100
  6. Tácito sobre Baduena. Vide mais adiante no texto também.
  7. Lúcio Dião Cássio Coceiano (229), «Book LIV, Ch 32», in: Carl, Earnest (translator), Dio's Roman History, VI, Londres: William Heinemann (publicado em 1917), p. 365 
  8. Tácito 117:147–148, Os Anais, Livro IV, capítulo 72–74. Eventos de 15–16 AD.