Batalha de Pungo Andongo


A Batalha de Pungo Andongo, também conhecida como Cerco de Pungo Andongo, foi um confronto militar no que hoje é Angola, entre Portugal e o Reino do Dongo cuja capital, Pungo Andongo, também conhecida como "Pedras Negras", foi atacada e, após nove meses de cerco, a capital tomada de assalto, saqueada e ocupada pelos portugueses.

Batalha de Pungo Andongo
Data Fevereiro 1671 – 18 Novembro 1671
Local Pungo Andongo, Angola
Desfecho Vitória Portuguesa
Beligerantes
Império Português Reino do Dongo
Comandantes
Luís Lopes de Sequeira Dom João Hari
  • Dom Diogo Cabanga

Toda a família real de Andongo foi capturada e os portugueses construíram um forte em Pungo Andongo. O Reino do Dongo deixou, assim, de existir.

Contexto editar

Em 1670, os portugueses foram derrotados na Batalha de Quitombo pelas forças do Conde do Soyo D. Estevão da Silva, este apoiado pelos holandeses. O rei de Quitombo, D Luís, pró-português, foi seguidamente deposto por um rival, D. António Carrasco, que massacrou os portugueses naquela cidade.[1]

Encorajado por estes contratempos dos portugueses, o rei do Dongo, D. João Hari ("Angola Hari), aproveitou para se revoltar contra a suserania portuguesa, cortou todas as comunicações entre Luanda e o reino de Cassanje, este aliado dos portugueses, e atacou caravanas comerciais portuguesas.[2] Enviou também emissários para vários reinos vizinhos, entre elas o reino da Matamba, com vista a uni-los sob o seu estandarte contra os portugueses.[2]

O governador de Angola, Francisco de Távora, reagiu a estes acontecimentos em celeridade, solicitando reforços ao Brasil português, e rapidamente despachou para a fortaleza de Ambaca um pequeno contingente avançado sob o comando de Luís Lopes de Sequeira, que antes tinha-se distinguido na Batalha de Ambuíla. Registaram-se escaramuças entre portugueses e os guerreiros do Dongo mesmo antes de ter uma grande frota portuguesa chegado a Luanda, trazendo esta muitos reforços do Brasil.[2] Para além do mais, o maior número possível de soldados portugueses e mercenários Imbangalas foram reunidos nas guarnições de Ilamba, Lumbo, Massangano, Cambambe, Muxima e outros lugares.[2] Seria a maior campanha militar que os portugueses já haviam realizado em Angola.[2]

O cerco editar

Os portugueses saíram de Ambaca em direcção a Pungo Andongo a 2 de Agosto, constantemente assediados por guerreiros africanos, que escaramuçavam com os europeus, procurando impedi-los de se aproximarem da capital.[3] Sequeira conseguiu, no entanto, alcançar o povoado e acampar nas imediações.[4] Todas as propostas de negociações da parte dos portugueses foram violentamente rejeitadas pelos sitiados, pelo que os portugueses deram início à construção de trincheiras e barricadas na expectativa de um cerco prolongado, ao passo que as forças do Dongo frequentemente levavam a cabo ataques contra eles.[2]

A 27 de Agosto de 1671, um feroz ataque contra às linhas portuguesas, liderado por D. Diogo Cabanga, irmão do rei do Dongo, foi rechaçado a tiros de canhão e de arcabuzes.[2] Visto que cada vez mais reforços portugueses chegavam constantemente ao acampamento vindos de Luanda, o rei D. João ofereceu escravos ao comandante português com propostas de se entregar mas só após terem os portugueses levantado cerco; o cerco não foi abandonado, mas o rei foi informado de que seria tratado com misericórdia se se rendesse. Esta mensagem ficou por responder.[2]

Quando chegaram ao Sequeira notícias de que o reino do Matamba preparava-se para socorrer os sitiados com um grande exército, o comandante português mandou que Pungo Andongo fosse tomado de assalto o mais rápidamente possível.[5] Desta feita, na noite de 18 de Novembro, os portugueses escalaram os penedos que cercavam o povoado fortificado sob o manto da escuridão; o primeiro a romper o perímetro fortificado foi o capitão Manuel Nunes Cortês, à frente de um grupo de auxiliares africanos.[5] Seguiram-se violentos combates corpo-a-corpo mas os portugueses lograram capturar o povoado. [5] Muitos defensores morreram na luta e na pilhagem que se seguiu, alguns saltando das altas falésias para fugir ao cativeiro que lhes esperava.[5]

Consequências editar

Os portugueses capturaram muitos prisioneiros, entre eles muitos nobres e toda a família real do Dongo. O rei D. João Hari havia fugido para o Libolo, mas foi capturado e entregue aos portugueses, acabando executado.[6] O resto da família real do Dongo foi então levada ao exílio no Brasil ou a viver em mosteiros em Portugal.[6] O Reino do Dongo foi assim dissolvido e as suas terras anexadas à Coroa Portuguesa. Um forte foi então construído em Pungo Andongo.[7] Alguns dos cativos não valiam nada para os portugueses, pois eram nobres protegidos por termos anteriores de serem levados cativos e resgatados, que os portugueses respeitaram.[6]

Ver também editar

Referências editar

  1. Gastão de Sousa Dias: Os Portugueses Em Angola, Agência Geral do Ultramar, 1959, p. 155.
  2. a b c d e f g h Dias, 1959, p. 156.
  3. Dias, 1959, pp. 156-157.
  4. Dias, 1959, p. 157.
  5. a b c d Dias, 1959, p. 158.
  6. a b c Silvia Hunold Lara: DEPOIS DA BATALHA DE PUNGO ANDONGO (1671): O DESTINO ATLÂNTICO DOS PRÍNCIPES DO NDONGO in Revista Histórica de São Paulo, 2016
  7. Angola - The Defeat of Kongo and Ndongo, Country Studies US