O cavalo berbere ou berberisco é uma raça de cavalos da Berbéria (ou Magrebe, Norte de África), no território que se estende da Líbia a Marrocos, onde existe há muitos séculos. Tradicionalmente é associado aos povos berberes do Magrebe. As suas origens são tema de debate, mas as suas características atuais remontam à época da conquista islâmica (século VII).

Berbere
Berbere (cavalo)
Égua berbere
Origem Magrebe
Temperamento Fogoso
Uso Cavalo de esporte
Cavalos berberes num espetáculo equestre na praia de Agadir, Marrocos

De temperamento fogoso e constituição robusta e vigorosa, apesar da sua conformação ser atípica para um cavalo de desporto, influenciou muitas raças equinas modernas. Como cavalo de guerra mereceu o elogio de muitos especialistas, demonstrando as suas qualidade até aos anos 1950.

Reprodução de 1743 duma gravura anterior, mostrando um cavalo berbere

História editar

Há diversas teorias sobre a origem do cavalo berbere. Uma diz que ele descende de um grupo de cavalos selvagens que sobreviveu à era glaciar. Os estudiosos de paleontologia animal provaram entre 1987 e 2002 que é muito provavelmente um cavalo originário do Norte de África, descendente dum cavalo selvagem domesticado que ali vivia há dezenas de milhares de anos. O cavalo berbere é uma das raças mais antigas do mundo. Até há pouco tempo, tinha-se como certo que o cavalo estava ausente na Pré-história saariana, só tendo sido introduzido no Segundo Milénio a.C. Mas em estudos recentes levados a cabo na Argélia descobriram-se ossadas de espécies equinas com mais de quatro mil anos. Em todo o caso, no Norte de África o cavalo sempre fez parte da vida do homem ao longo de toda a história. Na Argélia foram descobertas pinturas rupestres representando cavalos.

O cavalo berbere é uma raça pura e autóctone do Magrebe, o que é confirmado por estudos paleontológicos e análises de ADN e é reforçado pela existência de pinturas rupestres e outros monumentos que atestam a presença de cavalos entre a Líbia e Marrocos desde a Pré-história. Essas inscrições representam a domesticação dum cavalo cujas características morfológicas correspondem às do cavalo berbere atual. Este é criado desde a Antiguidade para a caça, guerra, paradas e trabalho. É o acompanhante tradicional dos nómadas e dos pastores do Atlas e dos Altos Planaltos.

Os cavalos berberes foram mencionados por autores romanos, há mais de dois mil anos, sob o nome de cavalos da Berbéria. A partir do século VII muitos foram exportados para a Europa, onde se tornaram montadas de guerra, nomeadamente na Grã-Bretanha. Influenciaram numerosas raças no mundo, como o andaluz, lusitano, o crioulo argentino e mustangue, estes últimos descendentes de cavalos ibéricos e berberes que voltaram aos estado selvagem nas Américas. Um garanhão presumivelmente berbere, o Godolphin Arabian, faz parte de três estalões fundadores da raça do puro sangue inglês.

Características físicas editar

O cavalo berbere apresenta variações de tamanho, sendo maior e mais robusto a leste que a oeste. Existem diversos tipos de berberes, mas todos partilham como características comuns a cabeça longa, de perfil adunco, com orelhas medianas. O pescoço é de comprimento mediano e as espáduas chatas. Os membros são compridos e fortes, secos mas sólidos, como os cascos, que são duros. A cauda está situada baixa e as crinas são abundantes. Tem entre 1,42 a 1,55 metros de altura no garrote. As suas cores características são o castanho, alazão, preto e tordilho.

É um cavalo extremamente rústico, capaz de viver com pequenas quantidades de alimento pobre. É dócil e corajoso. Apresenta a cabeça longa, mas requintada, com face reta. As espáduas são chatas. A garupa é inclinada com cauda de baixa inserção. As pernas são compridas e fortes.

Ligações externas editar

 
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  • Bogros, Denis (1994). «Le Barbe, cheval du Maghreb» (em francês). www.miscellanees.com. Consultado em 19 de abril de 2012