Brasil na Copa do Mundo FIFA de 1994

desempenho em competição esportiva
Brasil
Campeão
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Titular
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Alternativo
Associação CBF
Confederação Conmebol
Participação 15º (todas as copas)
Melhor resultado Campeão: 1958, 1962, 1970
Treinador Brasil Carlos Alberto Parreira

A edição de 1994 da Copa do Mundo marcou a décima quinta participação do Brasil nessa competição, sendo o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA, fato que persiste até a última edição, em 2022.

O técnico foi Carlos Alberto Parreira, tendo Zagallo como coordenador, e o capitão Dunga. O Brasil conquistou o quarto título, se isolando, à época, como a seleção mais vencedora dos mundiais, e encerrando o jejum de 24 anos sem conquistas.

Ciclo da Copa editar

A seleção brasileira começou a preparação para a Copa do Mundo de 1994 tendo Paulo Roberto Falcão como treinador, sucedendo Sebastião Lazaroni após o fracasso na Copa de 1990. A escolha do novo técnico esteve entre o ex-meia, Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Gérson.[1] A CBF tentava repetir o sucesso da Alemanha Ocidental, que foi campeã do mundo em 1990 tendo Franz Beckenbauer como treinador sem ter experiência anterior na função, apesar de ter sido auxiliar. Pesquisa do Sistema Brasileiro de Televisão mostrou que o nome de Falcão era o favorito do público com 13% da preferência popular, seguido por Telê Santana com 4%.[2] Um ano depois, em agosto de 1991, Falcão foi demitido após fazer o retrospecto de 15 jogos, 5 vitórias, 7 empates e 3 derrotas (48% de aproveitamento), e ser vice-campeão da Copa América de 1991. A cúpula da CBF acusava Falcão de "sumiços, que por inciativa própria, ficava dias sem aparecer na sede da CBF".[3] Falcão alegou que foi pressionado a convocar jogadores do Rio de Janeiro: "Tinha uma história em que, na época, o futebol carioca não estava legal. Então me colocaram assim: 'De repente, entre convocar um jogador de São Paulo e um jogador do Rio, traz o do Rio se os dois tiverem o mesmo peso'. Aí não dá. Eu vou levar não importa de onde.".[4]

Para substituir Falcão, as especulações caíram sobre os nomes de Carlos Alberto Parreira e Vanderlei Luxemburgo.[5] Confirmado, Parreira treinou a seleção com uma equipe alternativa na Copa América de 1993, sendo derrotado nos pênaltis pela Argentina nas quartas de final. Zagallo foi confirmado como assistente tendo a responsabilidade de cuidar da disciplina. "Não posso deixar que o técnico se exponha diretamente com os jogadores. Alguém tem que fazer esse trabalho. Minha experiência ajuda.". [6]

Nas Eliminatórias, o Brasil estreou com um empate sem gols fora de casa contra o Equador, seguido por uma derrota por 2-0 para a Bolívia, marcando a primeira derrota da seleção na história das Eliminatórias. Uma pesquisa encomendada pelo instituto Datafolha indicava que 67% dos torcedores queriam a saída de Parreira.[7] Após a partida, segundo o atacante Muller: "Parreira ia pedir demissão. Eu, o Ricardo Rocha e outras lideranças, nos reunimos e dizemos que nos jogos de volta íamos voar baixo". [8] Ainda sobre o episódio, o lateral Branco afirmara: "Aquele dia na volta ao Brasil, o Parreira estava querendo vazar. Aí a gente no voo, acho que era eu, o Dunga, Ricardo Rocha, Taffarel, não sei quem mais, pegamos o presidente [Ricardo Teixeira] no avião e falamos com ele. Aí na Granja [Comary, centro de treinamento da CBF] fizemos uma reunião e tiramos essa ideia do Parreira sair da seleção. Aí chega em Recife e tem a ideia do Ricardo Rocha de entrar de mãos dadas (em todos os jogos)". [9]

Para o terceiro jogo do certame, Parreira trouxe de volta o volante Dunga, contestado por sua atuação no mundial da Itália.[10] A recuperação aconteceu com goleada sobre a Venezuela em San Cristóbal, mas depois ocorreu um novo empate contra o Uruguai em Montevidéu. A seleção apresentava um futebol burocrático, de poucos gols.

Romário havia sido chamado para um amistoso contra a Alemanha em 1992, mas reclamou por ter ficado no banco de reservas. “Ele é desagregador e tem antecedentes. Já tomei minha decisão. O Brasil foi tricampeão do mundo por saber trabalhar junto. É claro que existia talento, mas a união foi um fator fundamental nestas conquistas. Romário quase acaba com nosso trabalho em apenas três dias. O Romário tinha que ter dito na conversa que se achava o titular. O que ele fez foi molecagem, pois tentou jogar a torcida contra nós”, declarou após a partida Zagallo.[11] As seguidas boas atuações do atleta no Barcelona deram origem a um clamor público por sua convocação.

A comissão técnica cedeu ao apelo popular e Romário foi convocado para o jogo decisivo contra o Uruguai, no Estádio do Maracanã, em que o Brasil precisava da vitória para garantir vaga na Copa do Mundo. Antes da partida, a rede britânica de televisão BBC propôs a Barbosa, goleiro do Maracanaço, que fosse até o centro de treinamento da Seleção Brasileira em Teresópolis para gravar uma entrevista entre o ex-goleiro e o então titular, Taffarel. O encontro, no entanto, foi vetado por Parreira: "Proibi mesmo. Não quero contato com Barbosa ou nenhum jogador do passado. Não acrescenta nada".[12]

Em campo, o Brasil derrotou o Uruguai por dois a zero, com ambos os gols de Romário, e garantiu a classificação para a Copa do Mundo na última rodada.

Artilheiros nas Eliminatórias editar

4 gols
3 gols
2 gols
1 gols

Assistentes nas Eliminatórias editar

4 Assistências
3 Assistências
2 Assistências
1 Assistência

Amistosos editar

23 de Março Brasil   2 – 0   Argentina   Estádio do Arruda, Recife

Bebeto     Árbitro:  BRA Wilson Souza de Mendonça

20 de Abril Paris Saint-Germain   0 – 0   Brasil   Parc des Princes, Paris

Árbitro:  FRA Alain Sars

4 de Maio Brasil   3 – 0   Islândia   Estádio da Ressacada, Florianópolis

Ronaldo  
Zinho  
Viola  
Árbitro:  BRA Dalmo Bozzano

5 de Junho Canadá   1 – 1   Brasil   Estádio Commonwealth, Edmonton

Eddy Berdusco   Romário   Árbitro:  MEX Antonio Marrufo Mendoza

8 de Junho Brasil   8 – 2   Honduras   Qualcomm Stadium, San Diego

Romário      
Bebeto    
Cafu  
Dunga  
Raí  
Luis Enrique Cálix  
Eugenio Dolmo Flores  
Árbitro:  USA Brian Hall

12 de Junho Brasil   4 – 0   El Salvador   Bulldog Stadium, Fresno

Romário  
Bebeto  
Zinho  
Raí  
Árbitro:  USA Brian Hall

23 de Dezembro Brasil   2 – 0   Iugoslávia   Estádio Olímpico Monumental, Porto Alegre

Viola  
Branco  
Árbitro:  BRA José Mocellin

A Copa editar

Convocados editar

Técnico: Carlos Alberto Parreira

Nº Camisa Jogador Posição Data de nascimento Clube
1 Taffarel Goleiro 08/05/1966
  Reggiana
2 Jorginho Lateral Direito 17/08/1964   Bayern
3 Ricardo Rocha Zagueiro 11/09/1962   Vasco da Gama
4 Ronaldão Zagueiro 19/06/1965   Shimizu S-Pulse
5 Mauro Silva Volante 12/01/1968   Deportivo La Coruña
6 Branco Lateral Esquerdo 04/04/1964   Fluminense
7 Bebeto Atacante 16/02/1964   Deportivo La Coruña
8 Dunga Volante 31/10/1963   Stuttgart
9 Zinho Meia 17/06/1967   Palmeiras
10 Raí Meia 15/05/1965   Paris Saint-Germain
11 Romário Atacante 29/01/1966   Barcelona
12 Zetti Goleiro 10/01/1965   São Paulo
13 Aldair Zagueiro 30/11/1965   Roma
14 Cafu Lateral Direito 19/06/1970   São Paulo
15 Márcio Santos Zagueiro 15/09/1969   Bordeaux
16 Leonardo Lateral Esquerdo 05/09/1969   São Paulo
17 Mazinho Volante
Lateral Direito
08/04/1966   Palmeiras
18 Paulo Sérgio Meia 02/06/1969   Bayer Leverkusen
19 Muller Atacante 31/01/1966   São Paulo
20 Ronaldo Atacante 22/09/1976   Cruzeiro
21 Viola Atacante 01/01/1969   Corinthians
22 Gilmar Goleiro 13/01/1959   Flamengo

Convocação editar

Originalmente, Mozer, Ricardo Rocha e Ricardo Gomes e Márcio Santos foram os zagueiros convocados por Carlos Alberto Parreira. Cerca de um mês antes do mundial, Mozer foi cortado por conta de uma hepatite, sendo substituído por Aldair. Em seguida, Ricardo Gomes também foi cortado após sofrer um estiramento durante um amistoso na véspera da Copa, dando lugar a Ronaldão.

Ricardo Rocha se machucou na estreia, mas continuou com o grupo. O jogador relatou mais tarde: "Fiz uma ressonância no outro dia e pensei que seria cortado. Porque não tem como ficar. Eu poderia ficar bom para o último jogo e os jogadores me chamaram, junto com Parreira, e disseram: "Você vai ficar". E eu tive medo. Acho que é a primeira vez que falo isso. Falei: "Gente, nós temos três zagueiros (Aldair, Márcio Santos e Ronaldão). Se machuca mais um vamos ficar só com dois. Era o início da Copa do Mundo. Então não tem como você ficar numa situação que pode prejudicar vocês. Eles falaram: "Não, você foi importante e vai ficar. Se precisar, Dunga vai pra zagueiro, Mauro Silva... Se não tiver outro zagueiro, claro, mas a gente quer você." Chorei muito quando tive a lesão porque me preparei muito para essa Copa do Mundo, que era minha última. Mas o que acontece, os jogadores conversaram mais uma vez comigo. Romário me chamou, Parreira me chamou. E acordei no outro dia um "outro Ricardo". Se não dá pra ajudar dentro de campo, vou fazer de tudo fora de campo.".[13]

Um pouco antes da estreia, Parreira acertou sua ida ao Valencia. Segundo o empresário Fernando Roig na Folha em 2 de Junho de 1994 : “No final de semana acertei um pré-contrato com o procurador do técnico, o que significa, para mim, meio caminho andado. (…) Acertamos também um acordo com o preparador [físico], que foi indicado pelo Parreira.”.[14]

Campanha editar

No primeiro jogo, o Brasil venceu a Rússia por 2x0. Com 20 minutos Ricardo Rocha deixou o jogo. Segundo a Folha de S.Paulo, "O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, cumpriu quase integralmente suas previsões. Ataque, meio-campo e defesa funcionaram. O teste só não foi completo porque a Rússia, salvo no início do jogo e no meio do segundo tempo, foi completamente dominada. Os meias Raí e Zinho não mais estão presos nos lados do campo, como "assessores" dos laterais Jorginho e Leonardo. Ao contrário, moveram-se pelo campo todo.".[15]

Contra Camarões nova vitória, por 3 a 0. Telê Santana analisou: "Foi uma boa vitória, mas podia ter sido melhor. A seleção brasileira não rendeu tanto quanto no jogo de estreia contra a Rússia, quando o normal seria exatamente o contrário, pois nossos jogadores estavam livres do nervosismo da estreia. Vendo bem, Camarões não foi uma só vez área brasileira em todo o primeiro tempo. E sua defesa não era exatamente sólida. Diante disso, para que tantos homens lá atrás? Para que Mauro Silva e Dunga de cabeças de área e Zinho e Raí embolados no meio campo. Tínhamos pela frente um adversário que nos permitia soltar mais o Dunga e fazer com que Raí e Zinho se projetassem mais.".[16]

No terceiro jogo, Brasil e Suécia empataram por 1 a 1. Foi a primeira partida da seleção brasileira em estádio coberto em sua história. As maiores críticas foram à lentidão e falta de mobilidade do Brasil. Matinas Suzuki Jr.: "Além disso, o esquema idealizado por Parreira Copa é muito previsível: Raí por um lado, Zinho por outro, tentativa de subida ao ataque dos laterais. Todos os técnicos adversários já manjaram.". [17]

Brasil e Estados Unidos jogaram em San Francisco no dia 4 de Julho, dia do aniversário da independência norte-americana, diante de quase 85 mil pagantes. Vitória do Brasil por 1-0, com tento do atacante Bebeto em raro lance no qual recebeu passe de Romário. A partida ficou marcada pela cotovelada do lateral Leonardo em Tab Ramos, que causou não só a expulsão do lateral pelo resto da Copa, além dos danos físicos ao jogador norte-americano, que só se recuperou definitivamente em dezembro, quando voltou a jogar com o seu clube de então, o Bétis, da Espanha. Matinas Suzuki Jr. criticou: "Foi uma vitória constrangedora de um time medíocre e sem imaginação. Um futebol sem personalidade e medroso.". [18] Telê Santana analisou: "Precisamos dar mais liberdade aos homens que atuam à frente de Mauro Silva. Nossa defesa jogou bem, não teve problemas. Logo, não há necessidade de armarmos barreiras defensivas contra times como o norte-americano.". [19]

Nas quartas de final o Brasil enfrentou a Holanda. A vitória de 3-2, decidida por uma cobrança rasteira de falta de Branco, pôs o Brasil na semifinal. Telê Santana analisou "Foi a melhor partida da Copa do Mundo até agora. Mais importante: foi a melhor partida realizada pelo Brasil nos Estados Unidos. Pode-se dizer tudo desta seleção, menos que ela não luta, não se empenha, não tem coração. Muito do que temos feito até aqui deve-se ao entusiasmo dos jogadores.".[20]

Na semifinal, um novo encontro com a Suécia, já adversária na primeira fase. O Brasil venceu por 1-0, gol de Romário, marcando de cabeça em meio à zaga sueca, composta de jogadores bem mais altos. Johan Cruijff elogiou: "Sem dúvida, a partida entre Brasil e Suécia foi, futebolisticamente, a mais bem jogado pela seleção brasileira nos campos dos Estados Unido. Não foram os suecos que se fecharam em sua área. Foram os "canarinhos" que os encurralaram, que fizeram esgotar, em 90 minutos, a força física de uma equipe perfeitamente organizada. O Brasil teve a indiscutível qualidade de dominar sempre, de controlar a partida durante todo o tempo, de impedir que os suecos colocassem o nariz além da sua metade do campo. E, o que é mais louvável, foi um domínio que criou perigo, que propiciou chances de gol. O fato de o Brasil ter marcado somente a dez minutos do final não foi mais do que uma anedota.".[21]

Voltando a uma final de Copa do Mundo após 24 anos, o Brasil enfrentou a Itália, mesma adversária da decisão de 1970. O meia Zinho jogou mais recuado contra a Itália, do que na partida com a Suécia, na semifinal. O técnico Carlos Alberto Parreira decidiu mudar porque considerava os italianos mais perigosos do que os suecos. Parreira: "Vamos jogar diferente porque não podemos nos expor diante de um adversário forte e com jogadores rápidos e habilidosos".[22] Chutando vinte e duas vezes ao gol de Gianluca Pagliuca, contra seis do adversário, o time brasileiro atacou até a prorrogação, quando Parreira trocou Zinho por Viola, um atacante genuíno. Romário desperdiçou uma bola sob as traves. Após 120 minutos, a partida acabou 0-0, o que fazia a Copa do Mundo ser decidida na disputa por pênaltis pela primeira vez na história.

Nas cobranças de pênaltis, Franco Baresi, um dos melhores zagueiros do mundo à época, chutou para fora enquanto Márcio Santos chutou para as mãos de Pagliuca; Demetrio Albertini fez 1-0 para a Itália; Romário empatou para o Brasil; Alberigo Evani acertou, fazendo 2-1; Branco tornou a empatar para o Brasil; Daniele Massaro chutou para uma espetacular defesa de Taffarel; Dunga, com muita raça, virou para o Brasil, 3-2; restava Roberto Baggio, craque do time italiano, que chutou para o alto. O Brasil tornou-se o primeiro tetracampeão mundial de futebol, encerrando um jejum de 24 anos sem conquistas. E Dunga levantou a Taça do Mundo, quatro anos depois do jocoso apelido "Era Dunga". Os atletas comemoraram com uma faixa homenageando o piloto Ayrton Senna, tricampeão mundial de Fórmula 1 que falecera dois meses e meio antes em um grave acidente durante o Grande Prêmio de San Marino na cidade italiana de Ímola, onde escreveram "Senna, aceleramos juntos! O tetra é nosso!".

Johan Cruijff se queixou: "Uma final sem gol é o pior para o espetáculo. Uma final que acaba em cobrança de pênaltis depois que nenhuma das seleções foi capaz de marcar um só gol já é por si só o pior dos castigos para o espetáculo. (...) A partida foi ruim e não vale a desculpa de que dificilmente em uma final se pode ver bom futebol. O que acontece é que o Brasil jogou demasiadamente preocupado com seu rival e em nenhum momento conseguiu impor seu domínio de bola.".[23] Tostão refletiu: "A seleção de 1994, dirigida por Parreira, não fascinou, mas era muito forte, no individual e no coletivo. Não agradou tanto porque jogou à moda inglesa da época, com duas rígidas linhas de quatro, recuadas, e dois atacantes. Nenhuma equipe do Brasil jogava dessa forma. Era considerado uma retranca. Como os dois volantes atuavam muito atrás e os dois meias muito abertos, com funções defensivas, os atacantes Bebeto e Romário ficavam isolados. O time dependia muito dos contra-ataques e das estocadas. Por outro lado, até hoje, essa é a maneira defensiva de jogar mais eficiente, pois os quatro defensores são protegidos por quatro jogadores de meio-campo.". [24]

O Voo da Muamba editar

Na volta ao Brasil, uma série de reportagens do jornal Folha de S.Paulo deu origem ao episódio conhecido como "vôo da muamba". O avião, que partira do Brasil com 3,4 toneladas de bagagem, regressara com 14,4, segundo dados da Receita Federal. O caso mais famoso foi o do lateral Branco, que trazia na bagagem uma cozinha completa, avaliada em US$ 18 mil. O limite legal era US$ 500 por pessoa. Sobre Teixeira, recaiu a acusação de que ele aproveitava a oportunidade para contrabandear equipamentos para o bar El Turf, de sua propriedade, no Rio. A Folha de S.Paulo descreveu a descoberta:

O avião da Varig que transportou os campeões dos EUA até o Brasil parou primeiro em Recife. Os jogadores desfilaram na capital pernambucana e agradeceram o apoio recebido na despedida rumo ao Mundial. A segunda parada foi em Brasília -para a tradicional visita ao presidente. No Palácio do Planalto, Itamar Franco condecorou a delegação com a medalha do mérito desportivo. Terminada a homenagem, o avião decolou rumo ao Rio para um novo desfile em carro aberto. Antes da festa, no entanto, havia o dever. Como todos os brasileiros que chegam do exterior, a delegação teria que prestar contas à Receita Federal. Teria, porque não prestou, pelo menos não naquele dia -20 de julho de 1994. Quando ficou sabendo que os agentes da Receita queriam inspecionar as bagagens, Teixeira estrilou. Após evocar o título mundial e ralhar com todos no aeroporto do Galeão, o dirigente ligou diretamente para Brasília. Pediu e conseguiu a liberação de todos. [25]

A CBF acusou o então secretário da Receita Federal, Osiris de Azevedo Lopes Filho de querer "aparecer". Foi dele a ordem para que a bagagem de toda a delegação fosse revistada, o que atrasaria o desfile pelas ruas. Osiris de Azevedo Lopes Filho capitaneou a Receita Federal entre 1993 e 1994, durante o governo do ex-presidente Itamar Franco, e conseguiu elevar em 50% a arrecadação no período, sem aumentar a carga tributária. Osiris foi atrás de pessoas que mantinham bens como iates e aviões e os confrontou com sua renda declarada. [26] Após o episódio, Osiris pediu demissão.

A CBF também alegou que, normalmente, na chegada dos voos internacionais apenas alguns passageiros passam pela malha fina da Receita.

O caso teve a aprovação do então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero. A Receita Federal deixou de arrecadar pelo menos US$ 1 milhão em impostos. O cálculo da Folha levou em conta o volume da bagagem de 17 toneladas e as listas de compras dos atletas.[27]

Primeira Fase: Grupo B editar

Time Pts J V E D GF GC SG
  Brasil 7 3 2 1 0 6 1 5
  Suécia 5 3 1 2 0 6 4 2
  Rússia 3 3 1 0 2 7 6 1
  Camarões 1 3 0 1 2 3 11 -8

Brasil vs Rússia

20 de Junho de 1994   Brasil 2–0   Rússia Stanford Stadium, Palo Alto
13:00 PDT
Romário   26'
Raí   52' (pen.)
Report Público: 81,061
Árbitro:  MUS Lim Kee Chong
Brasil
Rússia
Go 1 Taffarel
LD 2 Jorginho
ZA 3 Ricardo Rocha   75'
ZA 15 Márcio Santos
LD 16 Leonardo
VO 5 Mauro Silva
VO 8 Dunga   85'
MC 10 Raí  
MC 9 Zinho
AT 7 Bebeto
AT 11 Romário
Substituições:
ZA 13 Aldair   75'
MC 17 Mazinho   85'
Técnico:
Carlos Alberto Parreira
GO 16 Dmitri Kharine(c)
LD 2 Dmitri Kuznetsov   78'
ZA 3 Sergei Gorlukovich
ZA 5 Yuriy Nikiforov   61'
LE 6 Vladislav Ternavsky
VO 7 Andrei Piatnitski
MC 10 Valeri Karpin
MC 15 Dmitri Radchenko   77'
MF 17 Ilya Tsymbalar
DF 21 Dmitri Khlestov   65'
FW 22 Sergei Yuran   55'
Substituições:
FW 9 Oleg Salenko   55'
MF 13 Aleksandr Borodyuk   77'
Técnico:
Pavel Sadyrin
Bandeirinhas:
El Jilali Rharib (Marrocos)
Domenico Ramicone (Itália)
Quarto árbitro:
Fabio Baldas (Itália)

Brasil vs Camarões

24 de Junho de 1994   Brasil 3–0   Camarões Stanford Stadium, Palo Alto
13:00 PDT
Romário   39'
Márcio Santos   66'
Bebeto   73'
Report Público: 83,401
Árbitro:  MEX Arturo Brizio Carter
Brasil
Camarões
GO 1 Taffarel
LD 2 Jorginho
ZA 13 Aldair
ZA 15 Márcio Santos
LD 16 Leonardo
VO 5 Mauro Silva   44'
VO 8 Dunga
MC 10 Raí     81'
MC 9 Zinho   75'
AT 7 Bebeto
AT 11 Romário
Substituições:
MC 18 Paulo Sérgio   75'
AT 19 Müller   81'
Técnico:
Carlos Alberto Parreira
GK 1 Joseph-Antoine Bell
DF 3 Rigobert Song   63'
MF 6 Thomas Libiih
FW 7 François Omam-Biyik
MF 8 Emile Mbouh
FW 10 Louis-Paul Mfédé   71'
DF 13 Raymond Kalla   37'
DF 14 Stephen Tataw(c)   8'
DF 15 Hans Agbo
MF 17 Marc-Vivien Foé
FW 19 David Embé   64'
Substituições:
FW 9 Roger Milla   64'
MF 11 Emmanuel Maboang   71'
Técnico:
  Henri Michel

Bandeirinhas:
Douglas James (Trinidad and Tobago)
Carl-Johan Meyer Christensen (Denmark)
Quarto árbitro:
Peter Mikkelsen (Denmark)

Brasil vs Suécia

28 de Junho de 1994   Brasil 1–1   Suécia Pontiac Silverdome, Pontiac
16:00 EDT
Romário   46' Report K. Andersson   23' Público: 77,217
Árbitro:  HUN Sándor Puhl
Brasil
Suécia
GO 1 Taffarel
LD 2 Jorginho
ZA 13 Aldair   23'
ZA 15 Márcio Santos
LD 16 Leonardo
VO 5 Mauro Silva   45'
VO 8 Dunga
MC 9 Zinho
MC 10 Raí     83'
AT 7 Bebeto
AT 11 Romário
Substituições:
MF 17 Mazinho   45'
MF 18 Paulo Sérgio   83'
Técnico:
Carlos Alberto Parreira
GK 1 Thomas Ravelli
DF 2 Roland Nilsson
DF 3 Patrik Andersson
DF 5 Roger Ljung
MF 6 Stefan Schwarz   75'
FW 7 Henrik Larsson   65'
MF 8 Klas Ingesson
MF 9 Jonas Thern(c)
FW 11 Thomas Brolin
DF 14 Pontus Kåmark
FW 19 Kennet Andersson
Substituições:
MF 21 Jesper Blomqvist   65'
MF 18 Håkan Mild   83'   75'
Técnico:
Tommy Svensson

Bandeirinhas:
Sándor Márton (Hungary)
Luc Matthys (Belgium)
Quarto árbitro:
Manuel Díaz Vega (Spain)

Oitavas editar

Brasil vs Estados Unidos

4 de Julho de 1994   Brasil 1 – 0   Estados Unidos Stanford Stadium, Stanford
12:35
Bebeto   72' Report Público: 84,147
Árbitro:  FRA Joël Quiniou
Brasil
Estados Unidos
GO 1 Taffarel
LD 2 Jorginho   16'
ZA 13 Aldair
DF 15 Márcio Santos
DF 16 Leonardo   43'
MF 5 Mauro Silva
MF 8 Dunga  
MF 9 Zinho   69'
MF 17 Mazinho   8'
FW 7 Bebeto
FW 11 Romário
Substituições:
DF 14 Cafu   69'
Técnico:
Carlos Alberto Parreira
GK 1 Tony Meola (c)
DF 5 Thomas Dooley   80'
DF 17 Marcelo Balboa
DF 20 Paul Caligiuri   49'
DF 21 Fernando Clavijo     64', 85'
DF 22 Alexi Lalas
MF 7 Hugo Pérez   66'
MF 9 Tab Ramos   43'   45'
MF 13 Cobi Jones
MF 16 Mike Sorber
FW 8 Earnie Stewart
Substituições:
FW 11 Eric Wynalda   45'
FW 10 Roy Wegerle   66'
Técnico:
  Bora Milutinović

Quartas editar

Países Baixos vs Brasil

9 de Julho de 1994   Países Baixos 2 – 3   Brasil Cotton Bowl, Dallas
14:35
Bergkamp   64'
Winter   76'
Report Romário   53'
Bebeto   63'
Branco   81'
Público: 63,500
Árbitro:  CRI Rodrigo Badilla
Países Baixos
Brasil
GK 1 Ed de Goeij
MF 3 Frank Rijkaard   65'
DF 4 Ronald Koeman (c)
MF 5 Rob Witschge
MF 6 Jan Wouters   89'
MF 7 Marc Overmars
MF 8 Wim Jonk
FW 10 Dennis Bergkamp
DF 18 Stan Valckx
FW 19 Peter van Vossen   54'
MF 20 Aron Winter   40'
Substituições:
FW 11 Bryan Roy   54'
MF 9 Ronald De Boer   65'
Técnico:
Dick Advocaat
GK 1 Taffarel
DF 2 Jorginho
DF 13 Aldair
DF 15 Márcio Santos
DF 6 Branco   90'
MF 5 Mauro Silva
MF 8 Dunga     74'
MF 9 Zinho
MF 17 Mazinho   81'
FW 7 Bebeto
FW 11 Romário
Substituições:
MF 10 Raí   81'
DF 14 Cafu   90'
Técnico:
Carlos Alberto Parreira

Semifinal editar

Sweden vs Brasil

13 de Julho de 1994   Suécia 0 – 1   Brasil Rose Bowl, Pasadena
16:05
Report Romário   80' Público: 91,856
Árbitro:  COL José Torres Cadena
Suécia
Brasil
GK 1 Thomas Ravelli
DF 2 Roland Nilsson
DF 3 Patrik Andersson
DF 4 Joachim Björklund
DF 5 Roger Ljung   29'
MF 8 Klas Ingesson
MF 9 Jonas Thern (c)   63'
FW 10 Martin Dahlin   68'
FW 11 Tomas Brolin   86'
MF 18 Håkan Mild
FW 19 Kennet Andersson
Substituições:
MF 17 Stefan Rehn   68'
Técnico:
Tommy Svensson
GK 1 Taffarel
DF 2 Jorginho
DF 13 Aldair
DF 15 Márcio Santos
DF 6 Branco
MF 5 Mauro Silva
MF 8 Dunga  
MF 9 Zinho   3'
MF 17 Mazinho   45'
FW 7 Bebeto
FW 11 Romário
Substituições:
MF 10 Raí   45'
Técnico:
Carlos Alberto Parreira

Final editar

17 de julho Brasil   0 – 0 (pro)   Itália Rose Bowl, Pasadena
12:30 (UTC−7)
Relatório Público: 94 194
Árbitro:  HUN Sándor Puhl
Assistente 1: PAR Venancio Zarate
Assistente 2:  IRN Mohammed Fanaei
Quarto Árbitro: ARG Francisco Lamolina
    Penalidades  
Márcio Santos  
Romário  
Branco  
Dunga  
3 – 2   Baresi
  Albertini
  Evani
  Massaro
  R. Baggio
 
Brasil
Itália
 
BRASIL:
G 1 Taffarel
LD 2 Jorginho   21'
Z 13 Aldair
Z 15 Márcio Santos
LE 6 Branco
V 5 Mauro Silva
V 8 Carlos Dunga  
M 17 Mazinho   4'
M 9 Zinho   106'
A 11 Romário
A 7 Bebeto
Substituições:
LD 14 Cafu   87'   21'
A 21 Viola   106'
Treinador:
Carlos Alberto Parreira
 
 
ITÁLIA:
G 1 Gianluca Pagliuca
LD 8 Roberto Mussi   35'
Z 6 Franco Baresi  
Z 5 Paolo Maldini
LE 3 Antonio Benarrivo
MD 14 Nicola Berti
M 13 Dino Baggio   95'
M 11 Demetrio Albertini   42'
ME 16 Roberto Donadoni
A 10 Roberto Baggio
A 19 Daniele Massaro
Substituições:
LD 2 Luigi Apolloni   41'   35'
M 17 Alberigo Evani   95'
Treinador:
Arrigo Sacchi

Artilharia[28] editar