Caculé

município do Estado da Bahia, Brasil

Caculé é um município do interior do estado da Bahia, no Brasil.[3] Localiza-se na zona fisiográfica da Serra Geral, no Polígono das secas do Nordeste brasileiro, na Região Sudoeste da Bahia,[7] mais especificamente na Mesorregião do Centro-Sul Baiano e na Microrregião de Guanambi, a sudoeste da capital do estado, distando desta cerca de 782 quilômetros. Ocupa uma área de 610,983 km²[3] e sua população estimada em 2018 era de 23 045[4] habitantes.

Caculé
  Município do Brasil  
Caculé, Praça do Mercado
Caculé, Praça do Mercado
Caculé, Praça do Mercado
Símbolos
Bandeira de Caculé
Bandeira
Brasão de armas de Caculé
Brasão de armas
Hino
Lema Fides, Ordo, Labor
"Fé, Ordem, Trabalho"
Gentílico caculeense
Localização
Localização de Caculé na Bahia
Localização de Caculé na Bahia
Localização de Caculé na Bahia
Caculé está localizado em: Brasil
Caculé
Localização de Caculé no Brasil
Mapa
Mapa de Caculé
Coordenadas 14° 30' 10" S 42° 13' 19" O
País Brasil
Unidade federativa Bahia
Municípios limítrofes Ibiassucê, Rio do Antônio, Guajeru, Jacaraci, Licínio de Almeida, Caetité, Condeúba e Pindaí
Distância até a capital 782 km[1]
História
Fundação meados de 1854
Emancipação 14 de agosto de 1919 (104 anos)
Administração
Prefeito(a) Pedro Dias da Silva[2] (PSB, 2021 – 2024)
Vereadores 11
Características geográficas
Área total [3] 610,983 km²
População total (estimativa IBGE/2018[4]) 23 045 hab.
 • Posição BA: 142º
Densidade 37,7 hab./km²
Clima Semi-árido
Altitude 587 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
CEP 46300-000
Indicadores
IDH (PNUD/2010[5]) 0,637 médio
 • Posição BA: 28º
PIB (IBGE/2016[6]) R$ 240 374 mil
PIB per capita (IBGE/2016[6]) R$ 10 148,8
Sítio www.governodecacule.ba.gov.br (Prefeitura)

História editar

Início do Povoamento editar

Nas terras que hoje integram o município de Caculé existia, no século XIX, a Fazenda Jacaré, de propriedade de Dona Rosa Prates. A fazenda era bem extensa, com um território que se alongava do distrito de Ibiassucê, até os limites do antigo município de "Bom Jesus dos Meiras", atual município de Brumado. Contudo, o fato era que, de tão grande, seus proprietários não conheciam exatamente toda sua extensão e limites de forma precisa.[7]

O registro histórico e oral que predomina entre a população mais idosa, que também ouviu dos seus antepassados, relata que um escravo africano que assumia a função de vaqueiro da Fazenda Jacaré, de nome "Manoel Caculé", foi a razão e origem do atual nome da cidade.[7] Por volta do ano de 1854, após uma viagem a cavalo de quatro léguas no interior das terras dessa vasta fazenda, esse escravo encontrou uma linda lagoa, que ainda tinha proximidade com um rio - que hoje é conhecido como "Rio do Antônio". Deslumbrado com aquele cenário e abundância de água num terreno desconhecido pelos próprios donos da fazenda, Manoel Caculé resolveu construir um rancho de taipa com telhados de palmas de ouricuri e passou a residir nesse local que, para ele, representava o paraíso e a liberdade da sua condição de escravo.[7][8]

Durante muito tempo, Manoel Caculé foi dado como morto pela família de dona Rosa Prates, até que o momento em que um outro escravo que havia encontrado Manoel no seu "pedacinho do céu", denunciou a situação do escravo Caculé para os donos da fazenda. Ao chegar no local, junto com toda uma comitiva para recapturar o escravo fugitivo, dona Rosa Prates se deparou com uma surpresa: recebeu uma proposta de pagamento em dinheiro de Manuel para o pagamento da sua própria alforria, por orientação de abolicionistas da região. Dona Rosa Prates aceita a proposta e envia em poucos dias a carta de alforria de Manoel Caculé.[7]

Em 1854, esse lugarejo, além de uma grande mata virgem, era cortada por uma estrada real que dava acesso aos viajantes do estado de Minas Gerais aos municípios de Jacaraci, Caetité e São Felix. Os viajantes que tomavam aquela direção, ao se cruzarem pelo caminho, perguntavam, uns aos outros, de onde vinham e para onde iam, e a resposta era sempre a mesma: "Lagoa do Caculé". Este nome passou assim a designar o acidente geográfico, depois o povoado e, mais tarde, estendeu-se a todo o atual município de Caculé.[7][8]

Ao conhecer a região da fazenda que Manoel Caculé vivia, Dona Rosa também ficou encantada com o local. Anos depois, após a divisão da Fazenda Jacaré entre os herdeiros, ela opta por ficar e residir na terras que futuramente será instalado o atual município. Após a mudança de Dona Rosa Prates para lá, ela constrói uma grande casa, no alto, próximo a lagoa, uma outra casa pequena para seu sobrinho Tinoco e a senzala dos escravos. Com isso, o lugarejo passou então a ser conhecido como "Fazenda Caculé".[7]

Em 1860, Dona Rosa doou um terreno ao Sagrado Coração de Jesus para ser erguida uma capela sob essa invocação, no local onde, atualmente, se ergue a cidade. No entanto, a ideia de construir essa primeira capela foi de Dona Ana Tereza, mãe de Dona Rosa. Com a morte da sua genitora que não teve a satisfação de ver o seu ideal religioso concretizado, Dona Rosa se empenhou para a construção desse sonho. Com o término das obras, a primeira missa foi celebrada pelo Padre Joaquim Pedro Garcia Leal, sobrinho de Dona Rosa Prates e Vigário de Umburanas.[7] Além disso, Dona Rosa Prates também fez um testamento dando alforria para todos os seus escravos da Fazenda, além de deixar vários pedaços de terra entre todos eles, a fim de que os mesmo pudessem se manter após a sua morte.[7]

Com a construção da Capela, a alforria dos escravos que tinham terra para plantar, juntamente com a presença da estrada real que cortava a região e dava acesso aos viajantes, se formou ali, com o passar do anos, um vilarejo que foi se desenvolvendo de forma promissora. Assim, em 23 de julho de 1880, essa região do Santíssimo Coração de Jesus de Caculé foi eleva a "Distrito de Paz" por meio da Lei Provincial de n° 2.093. Vinte e dois anos depois, em agosto de 1902, devido ao amplo progresso da região de Caculé, a sede da freguesia foi transferida para lá por ato do Arcebispo da Bahia na época, Dom Jerônimo Tomé da Silva. Em 1880, Caculé é elevada a Distrito de Paz pela Lei Provincial n° 2.093[7] e depois emancipada em 14 de agosto de 1919.[7][8]

Formação administrativa editar

A lei estadual nº 1.365, de 14 de agosto de 1919, criou o município de Caculé, com território desmembrado do de Caetité.[7][8] A sua instalação ocorreu a 1 de janeiro de 1920. Desta maneira foi o arraial de Caculé elevado à categoria de vila. Em 30 de março de 1938, a vila de Caculé transformou-se em cidade. O Decreto-lei estadual nº 519, de 19 de junho de 1945, criou a Comarca de Caculé constituída pelo termo único de idêntico nome, desmembrado da de Caetité.[7][8]

Segundo o quadro administrativo do País, vigorante em 1º de janeiro de 1960, o município era composto de 4 distritos: Caculé, Ibiassucê, Ibitira e Rio do Antônio.

Geografia editar

 
Mapa da Região de Caculé[1]

Caculé localiza-se na zona fisiográfica da Serra Geral, no Polígono das secas do Sertão Nordestino, na Região Sudoeste da Bahia, mais especificamente, na Mesorregião do Centro-Sul Baiano e na Microrregião de Guanambi. A sede do município possui as seguintes coordenadas geográficas: 14º 50'26 de latitude S; e 42º 22'e 25 de longitude W.[1] O Rumo do município, partindo da capital do estado, é O.S.O., e dela dista, em linha reta, 416 quilômetros e, por meio de estradas, cerca de 782 quilômetros.

O município limita-se ao norte com os municípios de Ibiassucê e Caetité, ao sul com os municípios de Jacaraci e Condeúba, a leste com os municípios de Guajeru, Rio do Antônio e a oeste com o município de Pindaí, Licínio de Almeida.[1][3] O município com mais de 300 mil habitantes que se localiza mais próximo a Caculé é o de Vitória da Conquista, distando cerca de 240 km.[1]

O seu território é pouco acidentado e altitude da sede do município é de 572,55 metros. A sede se situa no local de uma chapada cravada, à direita da porta principal, na Estação da Viação Férrea Federal Leste Brasileiro.[7]

Clima editar

De acordo com o Mapa Climático do IBGE, o clima de Caculé é semiárido quente, com uma estação seca que dura, em media, seis meses e a média das temperaturas fica acima de 18 °C em todos os meses do ano.[9] O município encontra-se na zona tropical Brasil Central.[10] No que se refere à pluviometria do município, apesar da estação da seca ser mais predominante, entre os meses outubro a fevereiro é possível cair trovoadas, acompanhadas de grande chuvas que transbordam os pequenos riachos e lagoas que encharcam as estradas e, em alguns locais, as tornam intransitáveis.[7] Contudo, essa condição não ocorre de forma regular. No período de janeiro de 2000 a outubro de 2012, por exemplo, as médias de precipitação anual são bem irregulares. O maior índice anual registrado ocorreu no ano de 2008, com 985 milímetros de água, enquanto que o menor índice anual aconteceu no ano de 2003, com 343 milímetros.[11]

Gráfico climático para Caculé
JFMAMJJASOND
 
 
133
 
30
20
 
 
96
 
30
20
 
 
93
 
30
20
 
 
59
 
30
19
 
 
15
 
29
17
 
 
10
 
28
16
 
 
11
 
28
15
 
 
8
 
29
16
 
 
15
 
30
18
 
 
57
 
31
20
 
 
159
 
30
20
 
 
159
 
29
20
Temperaturas em °CPrecipitações em mm

Fonte: [1] Os dados climatológicos representam uma média do período entre 1961 e 1990.

Hidrografia editar

A hidrografia de Caculé é caracterizada pela presença do rio do Antônio: um rio temporário (corrente apenas no período das águas). Ele é um dos afluentes do Rio Brumado, que desce do município de Jacaraci com o nome de Palmeiras para unir-se com o seu afluente de nome Rio do Salto, nas proximidades das divisas com Caculé, para então receber esse nome: Rio do Antônio.[1][7] Após passar por Caculé, ele deságua no Rio Brumado e este, por sua vez, no Rio das Contas.[11][12]

À margem esquerda do Rio do Antônio, nas proximidades da cidade, é o local da histórica Lagoa de Manuel Caculé, que abastece parte da população, mas, por ser salobra, não tem condições adequadas para o consumo doméstico.[1][7] Além da Lagoa de Caculé, compõem o ambiente hidrográfico da região as Lagoas do Cercado, Jaboticaba, Capivara, Periperi, Malhada e Cabeceira. À margem direita da parte do mesmo Rio do Antônio que corta o município, existem as lagoas do Esconso, Espinho, Cambambosa, Amargoso, Torta, dentre outras. Já no centro, é possível encontrar as lagoas Alecrim, Alegre e Patos.[7]

Filhos notórios editar

Ver também editar

Referências

  1. a b c d e f g «Mapa da Região de Caculé». Mapa do IBGE. OpenStreetMap (OSM). 6 de maio de 2015. Consultado em 21 de novembro de 2015 
  2. Prefeito e vereadores de Caculé tomam posse Portal G1 - acessado em 2 de janeiro de 2021
  3. a b c d IBGE (ed.). «Caculé». Cidades. Consultado em 24 de novembro de 2015 
  4. a b «Estimativa populacional 2018 IBGE». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de agosto de 2018. Consultado em 30 de agosto de 2018 
  5. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 14 de agosto de 2013 
  6. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2010 à 2016». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 9 de fevereiro de 2019 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Fróis, José alves (2006). Caculé de Miguelzinho. Rio de Janeiro: Forense Universitária. p. 25. ISBN 85-218-0407-5 
  8. a b c d e Prefeitura de Caculé (ed.). «História». Consultado em 24 de novembro de 2015 
  9. «Mapa Climático do Brasil» (PDF). IBGE. Consultado em 13 de abril de 2012 
  10. «Mapa Climas Zonais do Brasil» (PDF). IBGE. Consultado em 21 de novembro de 2015 
  11. a b Cleide Aparecida Freitas Farias, Márcio Lima Rios; Altemar Amaral Rocha (8 de novembro de 2013). «Uso da terra e degradação ambiental na sub-bacia do Riacho de Quirino - Caculé, BA» (PDF). Goiânia: Centro Científico Conhecer. Enciclopédia Biosfera. v. 9 (n. 16): 215-233. Consultado em 9 de Setembro de 2015 
  12. Carina Gomes Messias. «Análise da Degradação da Micro-bacia do Rio do Antônio». Universidade de Brasília. Consultado em 6 de agosto de 2015 

Ligações externas editar

 
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