Campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2022

A campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2022 foi oficializada em 24 de julho de 2022 no Rio de Janeiro. O vice na chapa foi Walter Braga Netto como candidato da federação. O presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018, disputou sua reeleição. No segundo turno das eleições, Jair Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva com 50,90% dos votos válidos contra 49,10%, tornando-se assim a primeira campanha à reeleição de um presidente brasileiro a não ser bem sucedida.

Campanha presidencial de Jair Bolsonaro
Campanha presidencial de Jair Bolsonaro em 2022
Eleição Eleição presidencial no Brasil em 2022
Candidatos Jair Bolsonaro (presidente),
Walter Braga Netto (vice)
Coligação
Slogan "Pelo bem do Brasil"
Website https://pelobemdobrasil22.com.br/

Antecedentes editar

Em 26 de junho de 2022, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL) anunciou em uma entrevista ao canal no YouTube do Programa 4x4, da Jovem Pan News, que iria indicar Walter Braga Netto (PL) para ser seu vice na chapa presidencial nas eleições presidenciais de 2022.[2] Em 24 de julho de 2022, o Partido Liberal que Bolsonaro disputaria a presidência da República pela segunda vez, o segundo mandato e Braga Netto a vice. Foi realizada no Maracanãzinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro.[3]

Plano de governo editar

O programa do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, defende uma agenda de incentivo ao empreendedorismo, desburocratização, desestatizações, simplificação tributária, manutenção da atual legislação trabalhista e garantia do processo de consolidação fiscal como pilares para o desenvolvimento do país. Em seu plano de governo de 48 páginas, Bolsonaro cita 157 vezes o termo “vida” e 55 a palavra “liberdade”. Ele abre o eixo estratégico da pasta com a citação de que esses dois preceitos serviram como premissa e diretriz central para a formulação de sua gestão, caso reeleito.[4] Bolsonaro também fala em proteção aos cidadãos e cita o que ele chama de manutenção de valores tradicionais na sociedade: “Deus, Pátria, Família, Vida e Liberdade”.[5]

 
Cartaz da campanha de Bolsonaro e Braga Netto.

Para garantir a “liberdade” econômica, Bolsonaro argumenta que é fundamental estimular o empreendedorismo e pretende incentivar por meio de políticas públicas, ações de financiamento e assistência técnica. Pretende, nesse sentido, “fortalecer a educação profissional, tecnológica e a Educação Superior, de forma a aproximá-las das necessidades sociais, regionais e do mercado de trabalho” e irá investir em capacitação e qualificação dos brasileiros, tendo em vista a revolução tecnológica e algumas profissões que tem se tornado obsoletas em razão dela. Bolsonaro fala em garantia da “segurança jurídica” e combate a “abusos empresariais e de sindicatos, que também não podem ter a capacidade de agir como monopólios”.

Além da liberdade econômica e religiosa, o presidente defende a liberdade de expressão, inclusive nas redes sociais. E o direito das pessoas ao "uso da força" e de armas de fogo “para evitar injusta agressão". Bolsonaro ainda escreve no plano de governo que a “força dissuasória” do acesso às armas de fogo contribui para a política de segurança pública, para a pacificação social e a preservação da vida.

O plano de Bolsonaro menciona que a geração de emprego e renda permite que as pessoas “possam desfrutar de uma vida digna e ao mesmo tempo contribuam na geração de riqueza coletiva no país”. O candidato quer ainda preservar o que pontua como direitos básicos de qualquer funcionário, entre eles a saúde no ambiente da empresa e o respeito à “dignidade humana” e bem-estar social e reduzir a taxa de informalidade, que está na casa dos 40%, conforme informações do plano de governo. Um dos compromissos prioritários do governo reeleito será a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir de janeiro de 2023. Além disso, a gestão garante que aquelas famílias em que o responsável familiar for registrado no mercado formal não perderão o direito ao benefício do programa de transferência de renda, além de receberem um bônus de 200 reais.

Na saúde, o plano é fortalecer a atenção primária, com um trabalho interdisciplinar de promoção à saúde, além de melhorar a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), com articulação entre os setores público e privado. A proposta é expandir a assistência social, no combate a todas as formas de violência e abandono de mulheres, crianças e adolescentes, pessoas idosas e com deficiência e vulneráveis. Na educação, os objetivos incluem melhorar a posição brasileira nos diversos rankings internacionais e desenvolver a educação em áreas como inteligência artificial e segurança cibernética, agregando valor à economia e melhorando a empregabilidade dos jovens. O novo mandato de Bolsonaro prevê também investimentos para recuperar o ensino de estudantes afetados pela pandemia e o compromisso com a aprovação do Plano Nacional do Desporto e com a implantação do Sistema Nacional de Cultura.[6]

 
Propaganda em Ilhéus, junho de 2022

O documento diz que o eventual segundo mandato de Bolsonaro terá, na área ambiental, o "propósito central promover a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais" e defende conciliar "a preservação do meio ambiente com o desenvolvimento econômico e social". Bolsonaro aponta que o Brasil, "em função de seu território conter grandes e diversificados biomas, tem função relevante" no esforço internacional para a preservação ambiental. Sobre a Amazônia, o plano aponta que a região possui "riquíssimos recursos naturais, muitos deles fundamentais para parte expressiva do mundo" e que, por isso, "é alvo de cobiça estrangeira e palco de crimes, notadamente ambientais". Ele defende que o país "deve apoiar e participar de todas as iniciativas julgadas coerentes, realistas e socioeconomicamente viáveis para contribuir para o futuro do planeta". Entretanto, aponta que devem ser considerados "valores", "peculiaridades de biodiversidade" e "realidades econômicas regionais", além dos "interesses nacionais e internacionais" e a soberania territorial brasileira. Para combater a criminalidade na região, ele propõe ampliar o número de bases na Amazônia e torná-las fixas e permanentes. Bolsonaro afirma que, se for reeleito, haverá um fortalecimento das ações de combate ao crime organizado e de outras ameaças à segurança e defesa nacional. Para isso, diz, será utilizado um “amplo espectro de tecnologias”, como drones, inteligência artificial e perícia forense.[5]

Campanha editar

 
Casa Bolsonaro - Local para divulgação de campanha em Araçatuba, São Paulo[7]

No dia 8 de agosto, Bolsonaro participou do Flow Podcast, onde teceu críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Petrobras.[8] A transmissão atingiu um pico de mais de 558 mil telespectadores.[9]

Doadores de campanha editar

O produtor rural Oscar Luiz Cervi doou R$ 1 milhão, tornando-se o maior doador da campanha, superando Nelson Piquet, que havia doado R$ 501 mil. Dos dez maiores doadores, apenas Piquet não tem ligação com o agronegócio.[10][11]

  • Gilson Lari Trennephol, diretor-presidente da Stara, agropecuarista, doou R$ 350 mil
  • Cirineu de Aguiar, produtor rural, doou R$ 150 mil
  • Helmute Lawisch, suplente de deputado federal e presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde condenado em 2005 à prisão por apropriação indevida de mais de 6,6 mil toneladas de grãos de milho entre as safras de 92/93 e 93/94 pertencentes à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab),[12] doou R$ 100 mil
  • Maurício Tonhá, presidente da Estância Bahia Leilões, é conhecido nacionalmente, principalmente nos meios pecuários, doou R$ 100 mil
  • Luiz Alberto Gotardo, construtora Grupo Gotardo do Espírito Santo, doou R$ 100 mil
  • Angelo Carlos Maronezzi, Diretor da Agro Norte Pesquisa e Sementes, doou R$ 50 mil
  • José Odemir Spaggiari, da Agropecuária Katispera, doou R$ 20 mil

Apoio editar

 
Em setembro de 2022, o astro do futebol brasileiro Neymar anunciou seu apoio a Jair Bolsonaro na eleição presidencial no Brasil de 2022.

Celebridades que declararam apoio à campanha presidencial de Jair Bolsonaro, com grandes números de seguidores nas redes sociais Twitter, Instagram e Facebook, estão: Neymar, Gusttavo Lima, Netinho, Zé Neto & Cristiano, Nattan, DJ Chris no Beat, Sorriso Maroto, Léo Santana, Marcynho Sensação, George Henrique & Rodrigo, Léo & Raphael, Ícaro e Gilmar, Clayton e Romário, Bruno & Marrone, Ronaldinho Gaúcho, Ratinho, Zezé Di Camargo, Amado Batista, Andressa Urach, Latino, Antônia Fontenelle, Chrystian, Sérgio Reis, Ney de Oliveira Cotrim, Humberto Martins, Glória Perez e Thiago Gagliasso.[13][14][15]

Candidatos editar

Os seguintes políticos anunciaram a sua candidatura. Os partidos políticos tiveram até 15 de agosto de 2022 para registrar formalmente os seus candidatos.[16]

Coligação Pelo Bem do Brasil
 
Bolsonaro Braga Netto
   
para presidente para vice-presidente
Presidente da República

desde 1° de janeiro de 2019

até 1º de janeiro de 2023

Ministro da Defesa do Brasil

de 29 de março de 2021

até 1° de abril de 2022

Integrantes:

Resultado da eleição editar

Eleições presidenciais editar

Ano de eleição Candidato Primeiro turno Segundo turno Resultado
# do total de votos % do total de votos % do total de votos % do total de votos
2022 Jair Bolsonaro 51.072.345 43,20% 58.206.354 49,10%[20] Não eleito

Condenações editar

Em 28 de setembro de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) multou o ex-presidente Jair Bolsonaro em 10 mil reais por impulsionar propaganda negativa contra o então Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022.[21]

Em 8 de fevereiro de 2024, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Jair Bolsonaro a pagar 15 mil reais de multa por entender que ele divulgou informações que associavam o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao crime organizado na eleição de 2022.[22]

Ver também editar


Notas

Referências

  1. Junqueira, Caio (24 de março de 2022). «Bolsonaro e Republicanos fecham acordo para chapa da reeleição». CNN Brasil. Consultado em 28 de março de 2022 
  2. «Bolsonaro afirma que pretende indicar Braga Netto como vice na chapa». jovempan.com.br. 26 de junho de 2022. Consultado em 27 de junho de 2022 
  3. «Com 204 votos de convencionais, PL aclama Jair Bolsonaro candidato à presidência em 2022». Valor. Consultado em 24 de julho de 2022 
  4. Notícias, Redação Suno (2 de outubro de 2022). «Lula e Bolsonaro no segundo turno: veja propostas para economia». Suno Notícias. Consultado em 21 de outubro de 2022 
  5. a b «Plano de governo: Jair Bolsonaro (PL)». G1. 10 de agosto de 2022. Consultado em 17 de março de 2024 
  6. «Conheça o programa de governo do candidato à reeleição Jair Bolsonaro». Agência Brasil. 13 de setembro de 2022. Consultado em 17 de março de 2024 
  7. «Casas Bolsonaro são inauguradas em Araçatuba e Birigui». RP10. 16 de agosto de 2022. Consultado em 28 de agosto de 2022 
  8. «Bolsonaro faz críticas ao Supremo e à Petrobras no Flow Podcast». Poder360. Consultado em 8 de agosto de 2022 
  9. «No Flow, Bolsonaro bate recorde de Lula em acessos simultâneos». Poder360. 8 de agosto de 2022. Consultado em 8 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 8 de agosto de 2022 
  10. Ruralista doa R$ 1 mi e supera Piquet como maior financiador de Bolsonaro
  11. «Jair Messias Bolsonaro - Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais». Divulgação de Contas TSJ. Consultado em 2 de setembro de 2022 
  12. «Helmute Lawisch é condenado à prisão». Consultado em 2 de setembro de 2022 
  13. «Ritmo dos apoios: veja artistas que defendem Lula ou Bolsonaro em cada estilo musical». Consultado em 21 de agosto de 2022 
  14. «Disputa entre Bolsonaro e Lula mobiliza famosos nas redes». Consultado em 21 de agosto de 2022 
  15. «Neymar declara apoio a Bolsonaro». G1. Consultado em 29 de setembro de 2022 
  16. «L9504». www.planalto.gov.br. Consultado em 16 de agosto de 2022 
  17. «Bolsonaro é lançado candidato à reeleição em evento com ataque ao STF e discurso de Michelle». G1. Consultado em 16 de agosto de 2022 
  18. carolinafarias. «Bolsonaro e Republicanos fecham acordo para chapa da reeleição». CNN Brasil. Consultado em 16 de agosto de 2022 
  19. «PP oficializa apoio à candidatura de Bolsonaro em convenção». Poder360. Consultado em 16 de agosto de 2022 
  20. «Resultados – TSE». resultados.tse.jus.br. Consultado em 31 de outubro de 2022 
  21. Márcio Falcão (28 de setembro de 2023). «Por unanimidade, TSE multa Bolsonaro em R$ 10 mil por impulsionar propaganda negativa contra Lula». G1. Consultado em 29 de setembro de 2023 
  22. Beatriz Borges (8 de fevereiro de 2024). «TSE condena Bolsonaro a pagar R$ 15 mil por associar Lula ao crime organizado na eleição 2022». G1. Consultado em 9 de fevereiro de 2024 

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