Capoeira (arquitetura)

A capoeira é um tipo de estrutura de arquitetura militar usada para a defesa do fosso de uma fortificação. O termo original francês: caponnière (literalmente: capoeira) também é utilizado na Língua Portuguesa.

Esquema de uma capoeira

O fogo feito a partir de uma capoeira - de mosquete, espingarda, metralhadora ou, mesmo canhão - varreria o interior do fosso, impedindo o inimigo de aí se estabelecer para tentar um assalto às muralhas da fortificação.

Em alguns tipos de fortificações abaluartadas, a capoeira servia apenas como um acesso coberto às obras exteriores, uma vez que o traçado dos baluartes permitia a defesa do fosso pelo fogo feito a partir dos parapeitos principais.

História editar

 
Capoeira do Forte Napoleon, em Ostende, Bélgica.

Originalmente, o termo "capoeira" referia-se a uma passagem coberta que atravessava o fosso entre as muralhas principais da fortaleza e um revelim exterior. Estas capoeiras acabaram por se tornar mais do que simples passagens, uma vez que o tiro realizado a partir delas poderia varrer o fosso entre o revelim e o pano de muralha, devastando qualquer tentativa de assalto à muralha. Assim as capoeiras passaram a dispor de seteiras e mesmo canhoneiras para o tiro de enfiada ao longo do fosso.

Quando as fortificações abaluartadas evoluiram para as mais simples fortificações poligonais, o termo "capoeira" foi usado para descrever os blocausses colocados nos cantos dos fossos, com funções semelhantes neste tipo de fortificações. Estas capoeiras, normalmente, assumem a forma de um blocausse pouco elevado - muitas vezes, parcialmente enterrado no solo do fosso - que se projeta para o fosso. O acesso faz-se através de uma passagem, através da cortina de muralhas ou, nas fortalezas enterradas mais modernas, através de um túnel. Como as coberturas destas capoeiras são vulneráveis a projéteis vindos de cima, normalmente são extremamente espessas, curvas para defletirem as granadas que caem ou cobertas com uma grossa camada de terra.

Equipamento editar

 
Capoeira do Forte de Sacavém, Portugal.

A capoeira é, normalmente, equipada com um degrau de tiro e com seteiras para pemitir à guarnição disparar ao longo do fosso. Muitas vezes, também dispôe de canhoneiras para pequenas bocas de fogo. Para eliminação dos fumos produzidos pelo disparo das armas, a caponeira também, muitas vezes, dispôe de aberturas de ventilação.

Para evitar que o fogo de uma capoeira atinja a mais próxima, as capoeiras são, normalmente, colocadas em cantos alternativos da fortificação. Deste modo, disparam contra um muro vazio no extremo oposto do fosso, cobrindo-o totalmente, sem sujeitar a próxima capoeira a fogo amigo. O comprimento de cada secção direita do fosso é escolhido de modo a que possa ser coberto pelo fogo a partir de uma única capoeira. As capoeiras têm, frequentemente, uma forma angular de modo a que possam disparar na direção de ambos os ângulos do fosso.

Bateria em contraescarpa editar

Um alternativa à capoeira é uma bateria em contraescarpa, cavada na face exterior do canto do fosso, permitindo um campo de tiro semelhante. Também ligada por um túnel a partir do interior do forte, a bateria em contraescarpa evita a cobertura vulnerável da capoeira. Em contrapartida, estando fora do fosso, a bateria em contraescarpa é mais vulnerável à minagem.