Casa Consistorial de Bilbau

A Casa Consistorial de Bilbau ou Casa de la villa de Bilbao (em basco: Bilboko udaletxea é o principal edifício do Ayuntamiento (administração municipal) de Bilbau, a instituição que governa a capital da província da Biscaia, no País Basco, Espanha. Foi inaugurado a 17 de abril de 1892 e é da autoria do arquiteto municipal Joaquín Rucoba, que o desenhou em estilo eclético.[1]

Casa Consistorial de Bilbau
Casa de la villa de Bilbao, Bilboko udaletxea
Casa Consistorial de Bilbau
Fachada da Casa Consistorial de Bilbau
Tipo
  • casa consistorial
Estilo dominante Eclético
Arquiteto Joaquín Rucoba
Início da construção 1883
Inauguração 17 de abril de 1892 (132 anos)
Função atual Sede do Ayuntamiento de Bilbau
Geografia
País Espanha, País Basco
Cidade Bilbau
Coordenadas 43° 15' 50" N 2° 55' 24" O
Casa Consistorial de Bilbau está localizado em: Bilbau
Casa Consistorial de Bilbau
Localização em Bilbau
Escadaria exterior
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História editar

O edifício atual é quarta sede do ayuntamiento que Bilbau tem desde a sua fundação em 1300. A primeira foi erigida em frente à igreja de Santo Antão em 1535, a qual foi destruída em 1553 por inundações. Em 1560 iniciaram-se as obras da segunda, construída no mesmo local da anterior e reaproveitando os materiais do edifício anterior.[2] Esta teve uma alhóndiga (armazém), um peso público e uma sala de armas e munições. Em 1593 também esta foi destruída por enchentes, pelo que as autoridades instalaram os serviços municipais em lugares privados e eclesiásticos. No século XVII foi construído um terceiro edifício.[3]

O processo de industrialização levado a cabo na segunda metade do século XIX fez com que a cidade precisasse de dotar-se de novas infraestruturas e tornou evidente a necessidade de superar os limites do Casco Viejo.[1] No quarteirão onde hoje se ergue a Casa Consistorial situava-se o Convento de Santo Agostinho, que ficou em ruínas durante a Primeira Guerra Carlista.[4] As obras começaram em 1883 e só terminaram nove anos depois. O projeto e a direção das obras foi entregue ao então arquiteto municipal Joaquín Rucoba, que também desenhou outros edifícios importantes de Bilbau, como o Teatro Arriaga ou a Alhóndiga Municipal.[5] Foi inaugurado no domingo, 17 de abril de 1892 com um banquete a que assistiram, entre outros, o alcaide de então, Gregorio de la Revilla, e o alcaide durante cujo mandato tinham começado as obras, Eduardo Victoria de Lecea. Anteriormente tinham celebrado um último ato na casa consistorial anterior para depois irem a pé até ao novo edifício.[6]

Em julho de 2008 foram iniciadas obras de ampliação, que passaram pela construção doutro edifício de dois volumes e fachadas de vidro, unidos por um corpo central imediatamente atrás do velho edifício. Estava previsto que as obras se prolongassem durante três anos[7][8] e que as novas instalações concentrassem as áreas municipais de urbanismo, obras e serviços, circulação e transportes e intervenção estratégico e estacionamentos.[9]

Características editar

O arquiteto Rucoba inspirou-se na arquitetura pública da Terceira República Francesa para conceber o exterior, ricamente ornamentado.[1] O edifício consta de um eixo principal, no qual se encontra a varanda principal e três arcos com oito colunas, coroado por um campanário. Esta arcada compreende dois níveis; no superior encontram-se baixo-relevos de cinco figuras destacadas da história bilbaína: o fundador Don Diego López V de Haro, o cardeal Antonio Javier Gardoqui, o almirante Juan Martínez de Recalde, Tristán de Leguizamón e o economista Nicolás de Arriquibar.[10]

O edifício é flanqueado por quatro esculturas, dois maceiros e dois arautos. Na escadaria principal destacam-se duas esculturas que representam a lei e a justiça.[11] Segundo a tradição, o quinto lanço dessa escadaria faz referência à altitude oficial de Bilbau: 8,804 metros.[12]

No interior destacam-se três divisões: o salão de receções, o salão de assembleias e o vestíbulo, além das escadarias. A ornamentação destes espaços é também de estilo eclético, com o salão de receções com reminiscências neo-árabe, e os outros dois com traços neorrenascentistas.[1] Na decoração do interior participaram uma série de artistas, tanto bilbaínos como do resto de Espanha e estrangeiros. Por exemplo, o mobiliário veio de Bordéus e alguns candeeiros de Paris.[11]

Polémica das bandeiras editar

Desde o início dos anos 1980, pouco depois da restauração da democracia em Espanha, que a única bandeira que era hasteada na varanda da Casa Consistorial era a ikurriña, a bandeira do País Basco.[13] A única exceção ocorria no primeiro dias das festas, quando eram hasteadas a bandeira da cidade, a ikurriña, a espanhola e a da União Europeia.[14]

Em dezembro de 2007, uma sentença do Tribunal Superior de Justiça do País Basco obrigou Ayuntamiento a hastear também a rojigualda (bandeira da Espanha).[15] O alcaide de Bilbau, Iñaki Azkuna acatou a decisão, apesar de se manifestar contra ela — nas suas próprias palavras: «por obrigação e não por devoção» — e desde 5 de abril de 2008 tanto a bandeira nacional como a autonómica basca são içadas em ambos os lados do campanário. Optou-se por este sítio, muito mais alto do que a varanda, para "evitar possíveis sabotagens".[13] Ao mesmo tempo, na praça Ercoreca, situada imediatamente à esquerda da Casa Consistorial, foi erigido um mastro de vinte metros de alturaonde se içou uma bandeira de Bilbau com 7 por 5 metros, um tamanho doze vezes maiores que as outras bandeiras.[16]

Notas e referências editar


  1. a b c d Pérez de la Peña, Gorka. «Casa Consistorial (Bilbao)» (PDF). www.bizkaia.net (em espanhol). Deputação Foral da Biscaia. Consultado em 10 de maio de 2012 
  2. Plata, Alberto (2002). «Arqueología urbana en Bilbao. Excavaciones en la calle de La Ribera». www.ehu.es (em espanhol). Universidade do País Basco. Consultado em 10 de maio de 2012 
  3. Leis, Ana Isabel. «Las casas consistoriales de Bizkaia durante el Renacimiento». www.euskonews.com (em espanhol). Consultado em 10 de maio de 2012 
  4. «Las ruinas de San Agustín». www.bilbao.net (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao - Conoce el Ayuntamiento. Consultado em 10 de maio de 2012 
  5. «Nueve Años de Obras». www.bilbao.net (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao - Conoce el Ayuntamiento. Consultado em 10 de maio de 2012 
  6. «La inauguración». www.bilbao.net (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao - Conoce el Ayuntamiento. Consultado em 10 de maio de 2012 
  7. Romero, Manuel (25 de setembro de 2008). «El nuevo Ayuntamiento de Bilbao será un gran edificio de cristal dividido en dos cubos». www.20minutos.es (em espanhol). Consultado em 10 de maio de 2012 
  8. Alonso, Alberto G. (9 de janeiro de 2011). «Cuatro inauguraciones con pedigrí». www.deia.com (em espanhol). Consultado em 10 de maio de 2012 
  9. García, Josu (12 de março de 2008). «El nuevo Ayuntamiento de Bilbao muestra su primera cara». www.elcorreo.com (em espanhol). Consultado em 10 de maio de 2012 
  10. «Bustos parte superior fachada principal». www.bilbao.net (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao - Conoce el Ayuntamiento. Consultado em 10 de maio de 2012 
  11. a b «Artistas que colaboraron». www.bilbao.net (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao - Conoce el Ayuntamiento. Consultado em 10 de maio de 2012 
  12. «Bilbao panorámico» (PDF). www.bilbao.net (em espanhol). Ayuntamiento de Bilbao - Vive Bilbao. Consultado em 10 de maio de 2012  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  13. a b «La bandera ya ondea en Bilbao pero Elorza no la pone en San Sebastián». El Mundo (em espanhol) (6683). 5 de abril de 2008. Consultado em 10 de maio de 2012 
  14. «Mástiles más altos para colocar la bandera de España en Bilbao». www.minutodigital.com (em espanhol). 1 de abril de 2008. Consultado em 10 de maio de 2012. Arquivado do original em 10 de maio de 2012 
  15. «Azkuna acata la resolución del TSJPV e izará la bandera española todos los días». www.gara.net (em espanhol). 22 de dezembro de 2007. Consultado em 10 de maio de 2012 
  16. Reviriego, José Mari (5 de abril de 2008). «Azkuna coloca una bandera de Bilbao doce veces mayor que la de España y la ikurriña». www.elcorreo.com (em espanhol). Consultado em 10 de maio de 2012