Charlotte von Mahlsdorf

Charlotte von Mahlsdorf (Berlim, 18 de março de 1928 – Berlim, 30 de abril de 2002) foi uma travesti alemã fundadora do Museu Gründerzeit que mantém um acervo de peças do cotidiano do século XX.

Charlotte von Mahlsdorf
Charlotte von Mahlsdorf
Mahisdorf na parada gay de Berlim em 1994
Nascimento Lothar Berfelde
18 de março de 1928
alemã
Morte 30 de abril de 2002 (74 anos)
Berlim
Sepultamento Waldfriedhof Mahlsdorf
Cidadania Alemanha
Ocupação escritora, autobiógrafo, ativista, ativista LGBTQIAPN+
Prêmios
  • Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha (GER Bundesverdienstkreuz 2 BVK.svg, 1992)
Causa da morte enfarte agudo do miocárdio
Assinatura

Biografia editar

Charlotte von Mahlsdorf nasceu em 1928, filha de Max Berfelde. Apesar de Charlotte sentir-se frágil e identificar-se preponderantemente como do sexo feminino, seu pai, Max, membro do Partido Nazista desde a década de 1920 desejava torná-la em uma soldado. Encontrou refúgio e compreensão no lar de seu tio Josef Brauner.[1]

Em 1942 seu pai, Max, forçou-a a ingressar para a Juventude Hitlerista. Desafetos entre si a convivência eles teve um fim duro: com a evacuação da cidade em 1942 onde sua mãe foi obrigada a deixar a cidade, seu pai Max, desafiou-a com uma arma a defender seus parentes. Abalada, Charlotte matou seu pai enquanto ele dormia. Em janeiro de 1945, após a permanência de várias semanas numa clínica psiquiátrica, Charlotte foi condenada a quatro anos de detenção por delinquência juvenil antissocial.

Com a queda do Terceiro Reich ela foi libertada. Nessa época passou a ser vestir de forma feminina, revendendo bens de segunda-mão. Charlotte passou a ser conhecida com o nome que levou até o final de sua vida: Charlotte von Mahlsdorf. Apaixonada por objetos de coleção desde os 19 anos, montou um acervo de relógios, roupas, espelhos, aquecedores e aparelhos de som.[1] Em 1960 abriu o museu de objetos de uso cotidiano colecionados a partir de casas bombardeadas durante a Segunda Grande Guerra. Comandou um clube LGBT clandestino no porão do prédio que hoje abriga o museu. A partir de 1970 vários encontros e celebrações homossexuais da Alemanha Oriental foram realizadas no museu.

Em 1974 as autoridades governamentais da Alemanha Oriental pleitearam obter o controle estatal do museu e de seus bens. Charlotte optou por doar vários bens do museu a seus visitantes como protesto. Em 1976 a ação de controle estatal foi extinguida e o museu continuou sob a sua gerência.

Em 1991 o museu foi vítima de um ataque de neonazistas onde vários visitantes foram feridos. Nessa época Charlotte manifestava o desejo de deixar a Alemanha, mantendo visitações limitadas ao museu particular. O museu foi oficialmente fechado em 1995 quando ela mudou-se para Porla Brunn na Suécia levando consigo vários itens de coleção para formar um novo museu nesse país, inaugurado em 1997. Parte da coleção que foi deixada em Mahldorf foi posteriormente adquirida pela cidade de Berlim e o antigo museu for reaberto em junho de 1997.[1]

Charlotte faleceu de ataque cardíaco em uma visita a Berlim em 2002.

Adaptação para o Cinema editar

Em 1992 o cineasta Rosa von Praunheim realizou uma adaptação para o cinema sobre a vida de Charlotte onde ela entra em cena. O nome do filme é "Ich bin meine eigene Frau" (em alemão), cuja tradução para o português seria "Eu sou minha própria mulher".

Adaptação para o Teatro editar

A vida de Charlotte conta com uma adaptação para o teatro com a peça originalmente chamada em inglês de "I'm my own woman". A peça foi escrita por Doug Wright a partir de entrevistas do autor com a personagem real da história, Charlotte. No Brasil, a peça "Eu sou minha própria mulher", encenado pelo ator Edwin Luisi, ganhou o 20º Prêmio Shell de Teatro em 2008.[2]

Referências

  1. a b c «Charlotte von Mahlsdorf». Consultado em 14 de março de 2008 
  2. «Ator Edwin Luisi é premiado por interpretar travesti». Mix Brasil. 12 de março de 2008. Consultado em 14 de março de 2008 

Ligações externas editar


 
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