Cilindros de Gudea

cilindros de Lagas

Os cilindros de Gudea são cilindros feitos de terracota por volta de 2 125 a.C., um ano antes da morte de Gudea de Lagas (r. 2144–2124 a.C.), aquele que os construiu. Os cilindros são dividos entre o A e o B. Eles são os maiores cilindros cuneiformes já descobertos e contêm o texto mais longo conhecido escrito na língua suméria.[1]

Cilindros de Gudea
Cilindros de Gudea
Dois cilindros de Gudea (Cilindro A e B) no Museu do Louvre
Material Terracota
Criado(a) 2 125 a.C.
Descoberto(a) 1877
Exposto(a) atualmente Louvre

Descoberta editar

 
Pequeno detalhe de um cilindro de Gudea com escrita cuneiforme.

Os cilindros foram encontrados em um ralo pelo artista Ernest de Sarzec sob o local do templo Eninu em Lagas, que eram as antigas ruínas da "cidade sagrada" suméria de Guirsu, durante a primeira campanha de escavação em 1877. Eles foram encontrados perto de um edifício conhecido sob o nome de Agaren, onde um pilar de tijolo (ilustração) foi descoberto com inscrições relatando sua construção por Gudea em Eninu durante a segunda dinastia de Lagas. Neste pilar, o Agaren era chamado de lugar de julgamento, ou propiciatório, e foi deduzido que os cilindros eram mantidos lá ou em outro lugar no templo. Acredita-se que sua queda no ralo foi causada pela destruição de Guirsu gerações depois. Em 1878, os cilindros foram enviados para Paris onde ainda estão em exibição no Museu do Louvre.[2]

Descrição editar

Cilindro A editar

 
Cilindro A do governador Gudea

O cilindro A se refere ao envolvimento humano e divino na construção do templo. Ele registra a ordem de Enlil a Ninguirsu:

"para construir um templo em nossa cidade [Guirsu] e que 'um príncipe de grande compreensão aplicará sua compreensão' ao projeto. Ninguirsu imediatamente apareceu a Gudea em um sonho para informá-lo sobre o templo, descrevendo como deveria ser e contando-lhe sobre sua glória futura: "Vou espalhar o respeito pelo meu templo por todo o mundo, por todo o universo desde o horizonte distante se reunirão lá em meu nome, e mesmo [as terras distantes de] Magã e Melua deixarão suas montanhas e chegarão a ela".[3]

Cilindro B editar

 
Cilindro B de Gudea

Já o cilindro B mostra os acontecimentos após a construção do templo, quando um deus e sua paredra, a deusa Bau, foram oficialmente convidados a tomar posse do templo. O rito principal conduzia à hierogamia, ou seja, casamento sagrado ou casal divino. Era um rito de fertilidade que garantia a renovação da vida em todas as suas formas (humana, animal e vegetal). Quando a deusa se casou com sua paredra, o sol voltou para a Suméria, fornecendo safras abundantes para o ano seguinte. Gudea forneceu a Ninguirsu servos divinos e humanos responsáveis ​​por alimentos, guerra, agricultura, pesca e construção, dando-lhes poderes até as fronteiras de seu estado, incluindo planícies, pântanos e campos. A cena do casamento, envolta em mistério, é mencionada em apenas algumas linhas breves. Depois, vem a refeição ritual, após a qual "os ritos foram completados e os decretos cumpridos":

"Graças às ações do príncipe, seu reino desfrutará de um tempo de fartura, todas as desigualdades entre senhor e escravo, o fraco e o forte, serão eliminadas, as viúvas e os órfãos serão protegido, e a justiça será feita."[3]

O rito do casamento sagrado era praticado durante toda a era mesopotâmica. Cujo rito era celebrado no ano novo (durante a primavera) de forma que o casamento era renovado anualmente, trazendo vida ao terra seca. No ritual do casamento, o rei representava o deus morto trazido de volta à vida. Os sumérios chamavam de Dumuzi e os acádios de Tamuz.[3]

Referências

  1. Black, Jeremy A. (2006). The Literature of Ancient Sumer (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press 
  2. Suter, Claudia E. (1 de janeiro de 2000). Gudea's Temple Building: The Representation of an Early Mesopotamian Ruler in Text and Image (em inglês). [S.l.]: BRILL 
  3. a b c «Cylinders of Gudea | Louvre Museum | Paris»