Circum-navegação fenícia da África

A circum-navegação fenícia da África foi uma expedição fenícia que circum-navegou o continente africano pela primeira vez no século VII a.C. e cujo relato foi dado pelo historiador grego Heródoto.

Estátua de Neco (I ou II). Brooklyn Museum.

Não se dispõe de documentação da época que avale a historicidade desta viagem, mas a ausência de dados contemporâneos não implica que não acontecesse. Curiosamente, os dados que Heródoto considerava possivelmente incertos, são os que poderiam dar invericidade ao relato:

O relato de Heródoto editar

Segundo Heródoto (n. 484 a.C.), uma expedição fenícia auspiciada pelo faraó Neco II (proclamado rei em 610 a.C.) circum-navegou o continente africano pela primeira vez. O faraó queria buscar uma passagem para ocidente desde o mar Vermelho. Após fracassar na tentativa de construir um canal que unisse o mar Vermelho com o Mediterrâneo através do Nilo, decidiu buscar uma passagem para ocidente pelo Sul. Relata Heródoto que várias naves fenícias circum-navegaram o continente africano, denominado então Líbia, numa expedição penosa que efetuou duas longas paradas para conseguir provisões, e que demorou três anos a chegar às colunas de Hércules (estreito de Gibraltar).

 
Reconstrução do Oikoumene baseado na descrição de Heródoto (Século V a.C.), com África rodeada de mar.

Veracidade da história editar

A façanha é questionada por historiadores e especialistas, que indicam a incapacidade do equipamento marítimo da época de enfrentar os ventos alísios que, no cabo Bojador, apresentavam forte obstáculo contrário ao seu rumo. É bem possível, portanto, que os fenícios tenham se utilizado de suas antigas rotas comerciais em terra para completar a façanha.

Um fator importante sobre o relato de Heródoto é sua compreensão de uma terra esférica, perspectiva essa mantida pelos europeus durante toda a Idade Média, embora muitos tenham propagado, a fim de desmoralizar o cristianismo, que o homem medieval acreditava que a terra era plana. O historiador Jeffrey B. Russell desmente tal teoria[2]. Os gregos tinham a concepção de um planeta redondo desde antes dos escritos de Eratóstenes que, já em 300 a. C., havia calculado o diâmetro do planeta, e essa concepção permaneceu viva na Europa medieval.

Ver também editar

Referências

  1. Heródoto Os nove livros da História, IV, em wikisource.
  2. Ferretti, Junior (6 de fevereiro de 2017). «O mito da Terra Plana, por Jeffrey B. Russell». o absorto. Consultado em 21 de agosto de 2017 

Bibliografia editar

Ligações externas editar