A Classe Número 13 (十三号型戦艦?) foi uma classe de navios couraçados projetados para a Marinha Imperial Japonesa, composta por quatro embarcações nunca nomeadas, chamadas apenas de Número 13 a Número 16. Eles tinham a intenção de reforçar a chamada "Frota Oito-Oito" do Japão, formada por oito couraçados e oito cruzadores de batalha, tendo sido encomendados depois dos Estados Unidos terem anunciado em 1919 um grande programa de construção naval. A Classe Número 13 foi projetada pelo capitão Yuzuru Hiraga para ser superior a quaisquer outros couraçados no mundo, existentes ou em construção. Os trabalhos foram suspensos pela assinatura do Tratado Naval de Washington em 1922 e a classe foi cancelada em novembro de 1923, antes que as obras tivessem começado.

Classe Número 13

Desenho do projeto da Classe Número 13
Visão geral  Japão
Operador(es) Marinha Imperial Japonesa
Construtor(es) Arsenal Naval de Yokosuka
Arsenal Naval de Kure
Mitsubishi
Kawasaki
Predecessora Classe Kii
Sucessora Classe Yamato
Planejados 4
Características gerais
Tipo Couraçado
Deslocamento 47 500 t (normal)
Comprimento 274,4 m
Boca 30,8 m
Calado 9,8 m
Propulsão 4 hélices
4 turbinas a vapor
22 caldeiras
Velocidade 30 nós (56 km/h)
Armamento 8 canhões de 460 mm
16 canhões de 140 mm
4 ou 8 canhões de 120 mm
8 tubos de torpedo de 610 mm
Blindagem Cinturão: 330 mm
Convés: 127 mm

Antecedentes editar

Em 1918, a Marinha Imperial Japonesa tinha conseguido aprovação para uma frota "Oito-Oito" de oito couraçados e oito cruzadores de batalha, todos navios com menos de oito anos de idade. Entretanto, ter encomendado quatro grandes couraçados mais quatro cruzadores de batalha colocou um enorme fardo econômico sobre o Japão, que na época estava gastando por volta de um terço do orçamento nacional apenas na marinha.[1] Mesmo assim, a Marinha Imperial conseguiu a aprovação em 1920 de uma frota "Oito-Oito-Oito" depois dos Estados Unidos terem anunciado no ano anterior sua intenção de reiniciar um plano para possuírem mais dez novos couraçados e seis cruzadores de batalha. A resposta japonesa foi planejar a construção de mais oito couraçados das classes Kii e Número 13.[2]

Os japoneses, ao projetarem novos navios, seguiam a mesma doutrina que tinham usado desde a Primeira Guerra Sino-Japonesa de 1894–1895, que era de compensar inferioridade quantitativa com superioridade qualitativa.[3] Segundo o historiador naval Siegfried Breyer, caso os navios da Classe Número 13 tivessem sido completados, "eles teriam sido os maiores e mais poderosos couraçados do mundo. Apenas o calibre de suas armas teria causado uma corrida naval nova e mais intensa. Do ponto de vista da engenharia eles estavam mais de dez anos à frente de seu tempo, pois anteciparam as características do totalmente desenvolvido couraçado rápido".[4] Os arquitetos e historiadores William H. Garzke e Robert O. Dulin concordaram, afirmando que "estes navios teriam superado qualquer couraçado europeu".[5]

A Classe Número 13 foi projetada pelo capitão Yuzuru Hiraga, o mesmo arquiteto naval responsável pela maioria dos navios capitais japoneses anteriores. As embarcações foram baseadas na predecessora Classe Kii e nos cruzadores de batalha da Classe Amagi, porém aumentadas de tamanho para receberem canhões de 460 milímetros.[6]

Características editar

Os navios da Classe Número 13 teriam 259,1 metros de comprimento entre perpendiculares, 274,4 metros de comprimento de fora a fora, boca de 30,8 metros e calado de 9,8 metros. Seu deslocamento normal seria de 47,5 mil toneladas.[7] O sistema de propulsão dos navios consistiria de quatro turbinas a vapor Gijutsu-Hombu, cada uma girando uma hélice. Essas turbinas foram projetadas para produzirem 150 mil cavalos-vapor (110 mil quilowatts) de potência, usando o vapor proporcionado por 22 caldeiras Kampon, que seriam alimentadas pela queima de óleo combustível. Sua velocidade máxima seria de trinta nós (56 quilômetros por hora).[8]

O armamento principal seria de oito canhões calibre 50 de 460 milímetros montados em quatro torres de artilharia duplas, duas na frente e duas atrás da superestrutura, em ambos os casos com uma sobreposta à outra.[4] Nenhum exemplo dessa arma chegou a ser construída, porém foi planejado que elas disparariam projéteis de 1 550 quilogramas a uma velocidade de saída de oitocentos metros por segundo.[9] A bateria secundária consistiria em dezesseis canhões calibre 50 de 140 milímetros montados em casamatas na superestrutura. Seriam armas manuais com alcance máximo de 19,75 quilômetros a uma elevação de 35 graus e cadência de tiro de até dez disparos por minuto.[10] As defesas antiaéreas teriam quatro[4] ou oito[6] canhões calibre 45 de 120 milímetros montados ao redor da chaminé.[4] Estas teriam uma elevação máxima de 75 graus e cadência de tiro de dez a onze disparos por minuto. Seus projéteis pesariam 20,41 quilogramas, teriam uma velocidade de saída de 825 a 830 metros por segundo e uma altura máxima de disparo de dez quilômetros.[11] A Classe Número 13 também receberia oito tubos de torpedo de 610 milímetros acima da linha d'água, quatro de cada lado.[4]

As embarcações teriam sido protegidas por um cinturão de blindagem na linha d'água de 330 milímetros de espessura que, assim como na Classe Kii, seria angulado em quinze graus para fora no topo a fim de aumentar a resistência contra penetração a curta distância. A blindagem do convés seria de 127 milímetros.[6]

História editar

Os navios nunca receberam nomes e teriam sido construídos pelo Arsenal Naval de Yokosuka, Arsenal Naval de Kure, Mitsubishi e Kawasaki.[4] O Japão, junto com Estados Unidos e Reino Unido, anunciaram programas de construção de grandes navios capitais depois da Primeira Guerra Mundial, incorporando as lições aprendidas na guerra. Essas embarcações seriam maiores e mais caras que anteriores, assim o presidente norte-americano Warren G. Harding convocou conferência em Washington, D.C. para o final de 1921 com o objetivo de impedir uma nova corrida armamentista. Os participantes da conferência concordaram em limitar a construção de navios capitais pela década seguinte e desmontar grandes números de embarcações existentes, assim como muitas ainda em construção. O Japão suspendeu a Classe Número 13 enquanto a conferência ainda estava em andamento e ela foi formalmente cancelada em 19 de novembro de 1923. As construções estavam programadas para começar em 1922 e terminar em 1927.[12]

Referências editar

Bibliografia editar

  • Breyer, Siegfried (1974) [1973]. Battleships and Battle Cruisers 1905–1970. Garden City: Doubleday. OCLC 613091012 
  • Campbell, John (1985). Naval Weapons of World War II. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 0-87021-459-4 
  • Evans, David C.; Peattie, Mark R. (1997). Kaigun: Strategy, Tactics, and Technology in the Imperial Japanese Navy, 1887–1941. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 0-87021-192-7 
  • Friedman, Norman (2011). Naval Weapons of World War One. Barnsley: Seaforth. ISBN 978-1-84832-100-7 
  • Gardiner, Robert; Gray, Randal (1985). Conway's All the World's Fighting Ships: 1906–1921. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 0-87021-907-3 
  • Garzke, William H.; Dulin, Robert O. (1985). Battleships: Axis and Neutral Battleships in World War II. Annapolis: Naval Institute Press. ISBN 0-87021-101-3 
  • Jentschura, Hansgeorg; Jung, Dieter; Mickel, Peter (1977). Warships of the Imperial Japanese Navy, 1869–1945. Annapolis: United States Naval Institute. ISBN 0-87021-893-X