Claude Cahun (pronúncia em francês: ​[klod ka.œ̃]), é o nome adotado por Lucy Renee Mathilde Schwob (Nantes, 25 outubro de 1894 - Jersey, 08 de dezembro de 1954), uma fotógrafa, escultora e escritora surrealista francesa, mais conhecida por seus autorretratos onde explorou como temática principal a ambiguidade de gênero.[1][2] [3]

Claude Cahun
Claude Cahun
Nascimento Lucy Renée Mathilde Schwob
25 de outubro de 1894
Nantes
Morte 8 de dezembro de 1954 (60 anos)
Santo Helério
Residência Nantes, Saint Brelade, Paris
Sepultamento Saint Brelade
Cidadania França
Etnia judeus
Alma mater
  • Parsons Mead School
  • Lycée Gabriel Guist'hau
  • Nantes School of Art
Ocupação artista, fotógrafo, escritor, membro da resistência, escultor, pintor
Movimento estético surrealismo
Página oficial
http://www.claudecahun.org

Biografia editar

Claude naceu em uma família judaica influente com raízes literárias, filha do editor Maurice Schwob e sobrinha do escritor simbolista Marcel Schwob. Sua mãe foi institucionalizada em uma clínica psiquiátrica em 1898, o que fez com que ela fosse enviada para viver com sua avó Mathilde Cahun. Desde cedo ela sofreu com o antissemitismo em França e para fugir dele foi viver em Inglaterra por dois anos, onde conheceu Marcel Moore (na altura Suzanne Malherbe) sua parceira romântica e criativa. Além de sua ascendência judaica por parte de pai, o seu relacionamento lésbico assumido fizeram com que ela fosse mais tarde perseguida pelos nazistas. [2][4]

Claude adotou seu nome mais conhecido em 1914. [5] Ao longo de sua carreira ela assumiu uma variedade de personas performáticas. Seu trabalho é político e pessoal. Em Rejeições, ela escreve: "Masculino? Feminino? Depende da situação. Neutro é o único gênero que sempre me convém." [6]

Os trabalhos de Claude Cahun abrangeram escrita, fotografia e teatro. Eles são mais lembrados por seus autorretratos e tableaux altamente encenados que incorporaram a estética visual do surrealismo. Durante a década de 1920, Cahun produziu um número surpreendente de autorretratos em várias formas, como aviador, dândi, boneca, fisiculturista, vampiro, anjo e fantoche japonês. [7]

Em 2007, David Bowie criou uma exposição multimídia do trabalho de Cahun nos jardins do Seminário Teológico Geral de Nova Iorque. Era parte de um local chamado Highline Festival, que também incluía apresentações de Air, Laurie Anderson e Mike Garson. Bowie disse de Cahun:

 
Autorretrato de Claude Cahun

Você pode chamá-la de transgressora ou de Man Ray travestida com tendências surrealistas. Acho esse trabalho muito louco, da maneira mais simpática. Fora da França e agora do Reino Unido, ela não teve o tipo de reconhecimento que, como seguidora, fundadora, amiga e trabalhadora do movimento surrealista original, ela certamente merece. [8]

Ativismo durante a segunda guerra mundial editar

Em 1937, Cahun e Marcel Moore se estabeleceram em Jersey. Após a queda da França e a ocupação alemã de Jersey e das outras ilhas do Canal, eles se tornaram ativos como trabalhadores da resistência e propagandistas anti-Alemanha. Fervorosamente contra a guerra, os dois trabalharam extensivamente na produção de panfletos anti-alemães. Muitos eram fragmentos de traduções do inglês para o alemão de relatórios da BBC sobre os crimes dos nazistas, que foram colados para criar poemas rítmicos e críticas severas. Eles criaram muitas dessas mensagens sob o pseudônimo alemão Der Soldat Ohne Namen, ou O Soldado Sem Nome, para enganar os soldados alemães de que havia uma conspiração entre as tropas de ocupação. [9]

 
Esta placa na casa de Cahun em Saint Brélade, Jersey, celebra sua inovação fotográfica

Referências editar

  1. «MoMA | Claude Cahun. Untitled c. 1921». www.moma.org. Consultado em 8 de janeiro de 2018 
  2. a b «Claude Cahun | French writer, photographer, Surrealist, and performance artist». Encyclopedia Britannica (em inglês). Consultado em 29 de outubro de 2021 
  3. «Claude Cahun – Chronology». Consultado em 18 de outubro de 2007 
  4. «Surrealista que desafiou convenções, Claude Cahun é lançada no Brasil 62 anos após sua morte». O Globo. 3 de dezembro de 2016. Consultado em 29 de outubro de 2021 
  5. Sarah Howgate, Dawn Ades, National Portrait Gallery (Great Britain), Gillian Wearing and Claude Cahun Behind the Mask, Another Mask (Princeton University Press, 2017), p. 189.
  6. Cahun, Claude (2008). Disavowals: or cancelled confessions. [S.l.]: The MIT Press. ISBN 9780262533034. OCLC 922878515 
  7. Kline, Katy (1998). «In or Out of the Picture: Claude Cahun and Cindy Sherman». In: Chadwick. Mirror Images: Women, Surrealism, and Self-Representation. [S.l.]: MIT Press. 69 páginas 
  8. «The Art Story - Claude Cahun: French Photographer, Writer and Political Activist». Consultado em 27 de março de 2019 
  9. Jeffrey, Jackson (2020). Paper Bullets: Two Artists Who Risked Their Lives to Defy the Nazis. New York: Algonquin Books. pp. 122–23. ISBN 978-1616209162