Coeficiente de expansão adiabática

O coeficiente de expansão adiabática, representado pela letra grega γ, é a razão entre a capacidade térmica a pressão constante e a capacidade térmica a volume constante:[3]

Coeficiente de Expansão adiabática para diversos gases[1][2]
Temp. Gás γ   Temp. Gás γ   Temp. Gás γ
−181 °C H2 1.597 200 °C Ar seco 1.398 20 °C NO 1.400
−76 °C 1.453 400 °C 1.393 20 °C N2O 1.310
20 °C 1.410 1000 °C 1.365 −181 °C N2 1.470
100 °C 1.404 2000 °C 1.088 15 °C 1.404
400 °C 1.387 0 °C CO2 1.310 20 °C Cl2 1.340
1000 °C 1.358 20 °C 1.300 −115 °C CH4 1.410
2000 °C 1.318 100 °C 1.281 −74 °C 1.350
20 °C He 1.660 400 °C 1.235 20 °C 1.320
20 °C H2O 1.330 1000 °C 1.195 15 °C NH3 1.310
100 °C 1.324 20 °C CO 1.400 19 °C Ne 1.640
200 °C 1.310 −181 °C O2 1.450 19 °C Xe 1.660
−180 °C Ar 1.760 −76 °C 1.415 19 °C Kr 1.680
20 °C 1.670 20 °C 1.400 15 °C SO2 1.290
0 °C Ar seco 1.403 100 °C 1.399 360 °C Hg 1.670
20 °C 1.400 200 °C 1.397 15 °C C2H6 1.220
100 °C 1.401 400 °C 1.394 16 °C C3H8 1.130

Nessa transformação, o sistema não troca calor com o meio externo; o trabalho realizado é graças à variação de energia interna. Numa expansão adiabática, o sistema realiza trabalho sobre o meio e a energia interna diminui. Na expansão adiabática ocorre um abaixamento de temperatura.[3]

A partir da Lei dos gases ideais e outras equações de termodinâmica pode-se chegar as equações:[4]

Onde P é a pressão do gás, V é o volume do gás e T é a temperatura do gás.

Sistema adiabático editar

Um sistema adiabático é definido como aquele em que não há troca de calor entre o sistema e o meio, ou seja, todo o trabalho realizado pelo gás provém de sua energia interna:

 

Se um sistema se expande adiabaticamente, o trabalho do sistema é positivo, logo a energia interna do sistema diminui e por consequência sua temperatura também diminui. Se o sistema se contrai adiabaticamente, o trabalho do sistema é negativo, a energia interna aumenta e sua temperatura também aumenta.[5]

O processo adiabático é possível se o sistema estiver isolado termicamente (com paredes adiabáticas) ou se o trabalho é realizado tão rapidamente que não há

 
Quando um spray é utilizado, o gás se expande adiabaticamente e resfria.

tempo para o sistema trocar calor com o meio.[4]


Exemplos de processos adiabáticos editar

São exemplos de processos adiabáticos a formação de uma névoa na abertura de uma garrafa de refrigerante ou alguma outra bebida com gás, o aquecimento da bomba de encher pneus ao se utilizá-la e o resfriamento do gás de um desodorante quando ele sai do spray. Processos adiabáticos também são importantes no estudo do aquecimento e resfriamento de gases na atmosfera terrestre.

Relação com graus de liberdade editar

Como   e   variam conforme o número de graus de liberdade do gás, o coeficiente de expansão adiabática também varia.

 

 

Onde   são os graus de liberdade. A partir disso podemos tomar

 

Para gases monoatômicos ideais, existem 3 graus de liberdade:

 

Para gases diatômicos ideais, existem 5 graus de liberdade:

 

Em gases reais, o valor dos calores específicos a volume constante e a pressão constante variam em função da temperatura, então   será um valor aproximado do ideal (ver tabela).[4][6]

Dedução das fórmulas editar

Imagine um sistema com um gás em um embolo hermeticamente fechado. Partindo da primeira lei da termodinâmica:

 

Onde   é a variação da energia interna,   é o calor trocado com o meio e   é o trabalho realizado pelo gás.

Para variações infinitesimais e substituindo   por  :

 

Supondo que o gás está termicamente isolado,  . Também podemos substituir   por   em que  é o número de mols do gás e   é a variação infinitesimal da Temperatura. Após algumas alterações algébricas chegamos a

 

Dada a equação:   , onde   e substituindo o   da equação acima chega-se em:

 

Substituindo  , integrando ambos os lados e fazendo operações logarítmicas:

 

Logo,

 

Para deixar em termos da temperatura e do volume, se substitui  na equação anterior e se chega a fórmula

 

pois   é constante durante a expansão.

Para deixar em função da pressão e do volume, substitui-se   na equação anterior e fazendo algumas substituições algébricas se encontra

 [4][7][6]

Ver também editar

Referências editar

  1. White, Frank M.: Fluid Mechanics 4th ed. McGraw Hill
  2. Lange's Handbook of Chemistry, 10ª ed. página 1524
  3. a b SERWAY, R.A.; JEWETT Jr., J.W (2004). Princípios de Física. 2. São Paulo: Cengage Learning. p. 609-611. ISBN 85-221-0413-1 
  4. a b c d Halliday, David (2009). Fundamentos de Física Vol. 2 8 ed. [S.l.]: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. ISBN 978-85-216-1606-1 
  5. Palandi, Joecir; Figueiredo, Dartanhan Baldez (2010). Teoria Cinética e Termodinâmica (PDF). [S.l.: s.n.] 
  6. a b Estrada, Alejandro de (1964). Termodinamica Tecnica 2 ed. Buenos Aires: Libreria y Editorial Alsina 
  7. Lee, John F.; Weston Sears, Francis (1969). Termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora LTDA.