Collingwood Ingram

Jardineiro especialista e botânico Britânico (1880-1981)

Collingwood "Cherry" Ingram (Londres, 30 de outubro de 1880Benenden, 19 de maio de 1981) foi um ornitologista, botânico, colector de plantas e jardineiro, considerado uma das maiores autoridades em matéria de cerejeiras de flor do Japão.[1]

Collingwood Ingram
Nascimento 28 de outubro de 1880
Londres
Morte 19 de maio de 1981
Benenden
Cidadania Reino Unido
Progenitores
  • Sir William Ingram, 1st Baronet
  • Mary Eliza Collingwood Stirling
Cônjuge Florence Maude Laing
Filho(a)(s) Ivor Laing Ingram, Mervyn Ingram, William Alastair Ingram, Certhia Mary Ingram
Ocupação horticultor, ornitólogo, botânico, jardineiro
Prêmios
  • Medalha Memorial Veitch (1948)
Empregador(a) Universidade de Londres

Biografia editar

Collingwood Ingram foi filho de Sir William Ingram e de Mary Eliza Collingwood, nascida Stirling, filha do político australiano Edward Stirling.[2][3]

Era neto de Herbert Ingram, o fundador do The Illustrated London News. Sir William Ingram sucedeu a Herbert como proprietário do jornal, e era irmão de Bruce Ingram, editor entre 1900 e 1963. O tio de Collingwood, Sir Edward Charles Stirling, era um conhecido antropólogo, fisiólogo e director de museu, que ao longo da sua carreira manifestaria grande interesse pelo estudo do mundo natural.

A 17 de outubro de 1906, Collingwood casou com Florence Maude Laing, a única descendente de Henry Rudolph Laing, e o casal teve quatro filhos.

Durante a Primeira Guerra Mundial foi inicialmente recutado para Batalhão de Ciclistas de Kent (Kent Cyclist Battalion)[4] e foi depois nomeado oficial controlador do Royal Flying Corps e da Royal Air Force. Na Segunda Guerra Mundial foi comandante de uma unidade local da Home Guard em Benenden, Kent.

Foi um grande coleccionador de arte japonesa, especialmente netsuke, tendo legado a sua colecção ao British Museum.[5]

Nos primeiros anos da década de 1900, Sir William Ingram contratou Wilfred Stalker para colectar peles de aves na Austrália, que Collingwood para identificar e catalogar no Natural History Museum de Londres, tarefa de que resultou a sua primeira grande publicação.[6]

Em 1907 ele colectou no Japão e em resultado desse trabalho[7] foi feito membro honorário da Sociedade Ornitológica do Japão. Contudo, o seu principal interesse eram os estudos de campo sobre aves; entre outras contribuições de relevo, fez o primeiro registo da nidificação do carriço-dos-pântanos, a espécie Acrocephalus palustris, em Kent.[8]

Era um dotado artista no desenho de aves.[9] Uma obra ilustrada sobre as aves da França que planeara foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial e nunca chegou a ser completado, sendo apenas parte publicado em como Birds of the Riviera em 1926.

Os seu diários de 1916–1918 registam as suas experiências durante a Grande Guerra e as suas observações de aves feitas quando não estava de serviço, com muitos esboços feitos por detrás das linhas de trincheiras do norte da França. Os seus diários de guerra foram publicados e estão repletos de esboços feitos a lápis mostrando aves, pessoas e paisagens.

As observações que obteve perguntado a pilotos que voavam nas imediações da frente, incluindo Charles Portal, sobre a altitude a que observavam aves em voo, resultados que publicou num curto artigo que saiu a público após a Guerra.[10]

Foi membro da British Ornithologists' Union durante um período recorde de 81 anos.

Após o termo da Primeira Guerra Mundial, o seu interesse pela ornitologia migrou progressivamente para a horticultura como principal interesse de Collingwood Ingram. Criou um magnífico jardim em The Grange, em Benenden, e dedicou-se à colecta de plantas em diversas regiões do mundo. As suas viagens de colecta de plantas mais importantes foram realizadas ao Japão em 1926 e à África do Sul em 1927.

Por volta de 1926, era considerado uma das maiores autoridades mundiais em cerejeiras japonesas, sendo nesse ano convidado a ser orador numa reunião plenária da Sociedade das Cerejeiras do Japão sobre a árvore nacional daquele país. Foi durante essa visita que lhe foi mostrado uma pintura de uma bela cereja branca, então considerada extinta no Japão. Nessa pintura reconheceu uma planta que vira em estado moribundo num jardim de Sussex, resultado de uma introdução precoce do Japão muitas décadas antes. Recolheu material de enxertia e foi assim capaz de reintroduzir a espécie no mundo da jardinagem como a cerejeira "Taihaku", nome que significa "grande-cerejeira-branca". A sua obra de 1948 intitulada Ornamental Cherries (Cerejeiras ornamentais) é considerada uma obra padrão sobre a matéria.

Em março de 2016, um livro sobre sua contribuição para a sobrevivência das cerejas japonesas foi publicado no Japão. O autor é Naoko Abe, o editor Iwanami Shoten. Uma versão da obra em inglês, com o título Cherry Ingram: the Englishman who saved Japan's Blossoms foi lançada em março de 2019 junto com a versão americana intitulada The Sakura Obsession. A obra relata o papel importante, quase central, das cerejeiras na história e na cultura do Japão e descreve a contribuição de Ingram para a sua preservação. No seu trabalho de horticultura introduziu muitas cerejeiras japonesas e outras espécies de cerejeras no Reino Unido, tendo criado vários híbridos.

Ingram introduziu nos jardins europeus várias espécies e seus híbridos, incluindo Prunus × incam ‘Okamé’ (Prunus incisa × Prunus campanulata), Rubus × tridel ‘Benenden’ (Rubus deliciosus × Rubus trilobus) e o rosmaninho ‘Benenden Blue’, uma variedade natural de Rosmarinus officinalis que colectou na Córsega. Também produziu vários híbridos de espécies dos géneros Rhododendron e Cistus. Uma alameda de cerejeiras da variedade 'Asano' por ele desenvolvida é uma das atracções dos Kew Gardens.

Como um de muitos actos de generosidade por ele praticados, ofereceu uma planta de cerejeira para plantar no jardim de cada um dos chalés de Walkhurst, em Walkhurst Road, Benenden. Uma das cerejeiras resultantes ainda está de pé nesta estrada.

Referências editar

  1. Naoko Abe, Cherry Ingram: The Englishman who saved Japan's Blossoms, Chatto and Windus, London, 2019.
  2. Burke's Peerage, Baronetage and Knightage 2003, vol. 2, pg 2048
  3. Debretts House of Commons and the Judicial Bench 1886
  4. «No. 29055». The London Gazette. 2 de fevereiro de 1915. p. 1027 
  5. «Your search with the following terms: Capt Collingwood Ingram». Britishmuseum.org. Consultado em 18 março 2019 
  6. On the birds of the Alexander district, Northern territory of South Australia, Ibis, 387–415, 1907
  7. Ornithological notes from Japan, Ibis, 129–169, 1908
  8. "On the nesting of the marsh warbler in Kent", Bulletin of the British Ornithologists' Club, 15, 96, 1905
  9. Vários exemplos estão disponíveis em http://erniepollard.jim do.com
  10. Ingram, Collingwood (1919). «Notes on the height at which birds fly». Ibis: 321–325. doi:10.1111/j.1474-919X.1919.tb02887.x 

Bibliografia editar

  • Birds of the Riviera. 1926. Witherby, London.
  • Isles of the Seven Seas. 1936. Hutchinson, London.
  • Ornamental Cherries. 1948. Country Life, London.
  • In search of Birds. 1966. Witherby, London.
  • Garden of Memories. 1970. Witherby, London.
  • The Migration of the Swallow, 1974. Witherby, London.
  • Wings over the Western Front: the First World War Diaries of Collingwood Ingram, June 2014, Day Books, Oxfordshire.
  • Cherry Ingram: The Englishman who saved Japan's Blossoms, author Naoko Abe, 21 March 2019, Chatto and Windus, London.

Ligações externas editar