Comunhão dos Santos

No cristianismo, a Comunhão dos Santos (em latim, Communio Sanctorum) é a união espiritual de todos os cristãos vivos e mortos, aqueles na terra, no céu e, na doutrina católica, no purgatório. Eles formam juntos um único corpo místico, e cuja cabeça é o próprio Jesus Cristo,[1][2][3][4][5] sendo que cada membro deste corpo contribui para o bem de todas as partes e no bem-estar de todos, as pessoas que estão ligadas a esta comunhão incluem aqueles que já morreram como é citado em Hebreus 12:22-23( "22 Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos;23 À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados;"). A palavra "sanctorum" na frase "communio sanctorum" também pode referir-se não apenas às pessoas santas, mas também para as "coisas santas", ou seja, as bênçãos que as pessoas santas partilham umas com os outras, incluindo a sua fé, os sacramentos e as outras graças e dons espirituais que têm como cristãos.[6][7]

Pintura fazendo alusão à Apocalipse 5:8 em que os santos no céu estão ligados pela oração com seus companheiros cristãos na Terra.

História e Conceito editar

O termo é incluído no Credo dos Apóstolos, uma grande profissão da fé cristã cuja forma atual foi atingida no século VIII, mas que teve origem em torno do ano 100, sendo a base da declaração de fé da Igreja.[6] A crença em um elo místico que unia tanto os cristãos vivos e os mortos em esperança e amor é confirmada já no século IV por São Nicetas de Remesiana (335-414); o termo desde então tem desempenhado um papel central nas formulações do credo cristão.[8]

A doutrina da Comunhão dos Santos é baseada em I Coríntios 12, na qual São Paulo compara os cristãos e a Igreja a um único organismo. "Santos" refere-se aos cristãos como indivíduos, independentemente da sua santidade pessoal, sendo assim chamados, porque eles são consagrados a Deus e a Cristo. O uso da palavra "santo" encontra-se cerca de cinquenta vezes no Novo Testamento. A alegação de que todos os cristãos estão em comunhão com Cristo, e são beneficiários de todos os seus dons é citado em Romanos 8:32, I Coríntios 6:17 e I João 1:3.

A Igreja Católica, a Igreja Ortodoxa, a Igreja Anglicana e a Igreja Assíria do Oriente apontam para essa doutrina, em apoio de sua prática de se pedir a intercessão dos santos no céu,[9] cujas orações (Apocalipse 5:8) ajudam os seus companheiros cristãos na Terra.

Na doutrina católica, a comunhão dos Santos tem dois significados intimamente relacionados: "«comunhão nas coisas santas, sancta», e «comunhão entre as pessoas santas, sancti»". O primeiro significa a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas: a , os sacramentos (nomeadamente a Eucaristia), os carismas e os outros dons espirituais. O segundo significa a união viva e espiritual de todos os fiéis cristãos e membros da Igreja que, "pela graça, estão unidos a Cristo", formando um único Corpo Místico de Cristo e sendo por isso "pessoas santas (sancti) em Cristo". Logo, esta comunhão de santos forma "uma só família, a Igreja", que está organizada em três estados espirituais diferentes:[9][10][11]

Todos os membros da Igreja destes três diferentes estados espirituais, unidos espiritualmente em Cristo, podem por isso interceder e ajudar-se mutuamente, através de orações, boas obras, sacrifícios e indulgências, ou seja, através da "comunicação dos bens espirituais".[9][11] Esta união viva é sustentada na doutrina católica de que "todos os crentes formam um só corpo, [logo] o bem duns é comunicado aos outros [...]. E assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão de bens na Igreja. [...] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça [...]. Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se faz através dos sacramentos da Igreja»". Esta união espiritual, em última análise, é fundamentada "no mesmo amor de Deus e do próximo" que todos os católicos comungam, "embora de modo e grau diversos", formando assim uma só Igreja.[11]

Referências

  1. IGREJA CATÓLICA (2000). Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N. 161. ISBN 972-603-349-7 
  2. «O único mandamento». Paróquias de Portugal. Consultado em 3 de Junho de 2009 
  3. «A vida em Cristo: prescrições e mandamentos». Paróquias de Portugal. Consultado em 3 de Junho de 2009 
  4. «O que é justo, o que é importante?». Paróquias de Portugal. Consultado em 3 de Junho de 2009 
  5. «A Fé e as Obras». Frente Universitária Lepanto. Consultado em 3 de Junho de 2009. Arquivado do original em 17 de março de 2009 
  6. a b William Barclay, The Plain Man Looks at the Apostles Creed, páginas 10-12.
  7. Catechism of the Catholic Church, 948
  8. Encyclopædia Britannica
  9. a b c d e f «Santos intercessores e seu culto». Paróquia São Leopoldo Mandic. Consultado em 6 de Junho de 2009 
  10. a b c d IGREJA CATÓLICA (2000). Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N. 194 e 195. ISBN 972-603-349-7 
  11. a b c IGREJA CATÓLICA (2000). Catecismo da Igreja Católica. Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N. 946–948, 954, 955, 960–962. ISBN 972-603-208-3 
  12. IGREJA CATÓLICA (2000). Compêndio do Catecismo da Igreja Católica. Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. N. 211. ISBN 972-603-349-7 

Ligações externas editar