Constantino Ponce de la Fuente

teólogo, pregador e catequista espanhol acusado de luteranismo pela Inquisição

Constantino Ponce de la Fuente, conhecido como Doutor Constantino (San Clemente, Província de Cuenca, 1502 - Sevilha, 1560), era um teólogo protestante espanhol perseguido pela Inquisição, e o mais influente, posto que chegou a ser capelão do rei Carlos V.

Biografia editar

De possível ascendência hebraica, se formou na Universidade de Alcalá. Enquanto desempenhava o cargo de pregador da Catedral, foi ordenado padre e se licenciou em Teologia. Desenvolveu seu trabalho principalmente em Sevilha, de onde chegou em 1533. Ali produziu sua obra e alcançou fama. Naqueles tempos, Sevilha havia se convertido no foco principal do protestantismo na Espanha, pois alguns dos principais teólogos da cidade simpatizavam ou se identificavam com o luteranismo, como Juan Gil (Dr. Egidio) e Constantino Ponce de la Fuente, e além disso, havia ali um monastério de frades jerônimos que resumia por pregar a mesma doutrina, contando entre os seus membros Casiodoro de Reina e Cipriano de Valera, o primeiro tradutor da Bíblia completa para o castelhano a partir do hebraico e do grego, e o segundo, o revisor da mesma. Além disso, andava por ali como reitor do Colégio da Doutrina outro destacado protestante, Juan Pérez de Pineda.

Em 1548, o doutor Constantino passou a exercer o cargo de capelão do rei na corte de Carlos V, até que este abdicou. Durante este tempo, viajou como tal com o Príncipe Filipe pela Itália, Alemanha, Flandres, Inglaterra e Bruxelas. Ao regressar a Sevilha, ocupou a Canonia Magistral, até que interveio o Santo Ofício em 1558, acusando-lhe de "Luterano". Os inquisidores, que já haviam atentado contra os seus livros (censurando-os e queimando-os publicamente), arremeteram contra a sua vida, prendendo-o no castelo de Triana, de onde morreu em consequência das torturas. Quando terminou o seu processo, desenterraram seus restos mortais e o queimaram, com outros membros da comunidade protestante sevilhana, através do Auto de Fé de 22 de Dezembro de 1560.

Obra editar

Desde os seus versos latinos, quando era estudante em Alcalá, até os manuscritos apreendidos pela Inquisição, durante a sua prisão, escreveu um bom número de obras que passaram ao Índice de Livros Proibidos (Index Librorum Prohibitorum) em 1559: Sumário da Doutrina Cristã (1543), Exposição do Primeiro Salmo (1546), Catecismo Cristão (1547) e Doutrina Cristã (1548). Todas estas obras chegaram até nós, tanto em edições do século XVI (primeiro em Sevilha, e depois em Amberes) como as de Luis de Usoz e outras em épocas mais recentes.