Convento de São Francisco do Val de Deus

Convento de São Francisco do Val de Deus
Apresentação
Tipo
Parte de
Way of Saint James in the province of A Coruña (d)
Diocese
Estilo
Spanish Baroque architecture (en)
Estatuto patrimonial
parte do Património Mundial (d)
Bem de Interesse Cultural ()Visualizar e editar dados no Wikidata
Logotipo do Patrimônio Mundial Património mundial
Identificador
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa

San Francisco de Val de Deus é um mosteiro franciscano fundado nos primórdios do século XIII em Santiago de Compostela (Galiza); foi declarado Monumento histórico artístico.

Fachada da igreja obra de Simón Rodríguez, com o monumento a São Francisco, obra do escultor Francisco Asorey.

Situação editar

Situa-se no lugar conhecido como "o Val de Deus" ("o vale de Deus"), no centro antigo da cidade de Santiago de Compostela, província da Corunha, Galiza.

História editar

 
Vista geral do templo

Diz a lenda que São Francisco de Assis, em peregrinação a Compostela em 1214, hospedou-se com um carvoeiro chamado Cotolai na sua choupana do Monte Pedroso. Encomendou a este construir um mosteiro, mas quando lhe replicou que não tinha recursos, mostrou-lhe um tesouro perto da ermida de San Paio do Monte, que permitiria levar a cabo a obra. Val de Deus era um terreno propriedade do mosteiro beneditino de San Martiño Pinario, que o cedeu em troques de uma cesta de peixe anual, que se continuou entregando até fins do século XVIII.

O convento primitivo derrubou-se em princípios do século XVIII e dele apenas ficam cinco arcos apontados que se conservam no claustro principal e o sepulcro de Cotolai. Estes arcos estavam na Sala Capitular, na qual Carlos I celebrou cortes em 1520. A reconstrução, que implicava mudar a orientação da sua igreja, foi encetada em 1742; não foi sem problemas, pois os vizinhos (especialmente os monges de São Martinho) queixavam-se da magnitude da obra, que restava luz e ventilação e, além disso, ocuparia terras pertencentes aos de São Martinho. A disputa saldou-se rebaixando a altura da igreja franciscana.

Descrição editar

A renovação da fábrica medieval começou com o arcebispo Maximiliano.

A igreja editar

 
Torre da igreja

As obras do novo templo seguiram as traças dadas por Simón Rodríguez, apesar de que a lentidão das obras fez que a participação de outros mestres inclua algum câmbio substancial.

A planta da igreja corresponde o tipo "jesuítico", em forma de retângulo no qual se inscreve uma cruz latina.

A Fachada editar

A fachada da igreja, desenhada (em estilo barroco) no século XVIII por Simón Rodríguez, impõe-se no contorno pelo seu tamanho. Foi executada por Frei Manuel Caeiro, não estando terminada ainda em 1770, fato que faz que responda a dois conceitos diferenciáveis na decoração: reduzida na parte inferior da mesma, cambiando drasticamente por cima da altura do entabuamento que muda adaptando-se aos princípios neoclássicos. Portanto, a parte inferior é barroca e a superior neoclássica.

Consta de três corpos e três ruas. Na central destacam-se quatro colunas dóricas que ladeiam uma imagem de São Francisco (obra de José Antonio Mauro Ferreiro Suárez). O segundo corpo está dominado por um enorme vitral flanqueado por colunas jônicas, sobre as que se apoia um frontão triangular. As ruas laterais suportam os dois campanários.

O Adro editar

O adro encontra-se vários metros por debaixo do nível da rua num extremo, e diante dele, ao rés desta, ergue-se um monumento a São Francisco realizado por Francisco Asorey em 1926.

Interior do templo editar

 
Cúpula do cruzeiro da igreja

O interior do templo é também sóbrio, se bem que monumental. A planta é de cruz latina com três naves. A central, de cinco trechos, e o cruzeiro coberto por uma abóbada de canhão com cúpula de média laranja nas penachos, modificações de Frei Manuel Caeiro. Na decoração do interior do templo aprecia-se a marca de Simón Rodríguez que decoração de placas e cilindros.

Aos lados das naves e aos do presbitério situam-se capelas intercomunicadas sobre as quais discorre uma tribuna. A sacristia atrás da capela-mor tem a mesma largura que o templo.

Domingo de Andrade realizou a austera Capela da Ordem Terceira, estruturada numa planta retangular simples coberta com abóbada de canhão e uma capela-mor de planta quadrada coberta com uma cúpula. O retábulo maior foi realizado por Miguel de Romay em 1714.

Imagineria editar

Às naves laterais abrem-se quinze retábulos, a maioria realizados por Frei José Rodríguez, o mesmo que o retábulo central. Este último consta de três corpos. No inferior, São Domingos de Guzmán, fundador da Ordem dos Pregadores, e São Boaventura, primeiro cardeal da Ordem Franciscana, acompanham uma imagem da Virgem. No segundo, uma talha de São Francisco, obra de Ferreiro Suárez tem a seu junto um escudo da Ordem de São Francisco e outro com a Cruz da Terra Santa e as Cinco Chagas do santo. No corpo superior há outra talha de Santa Clara e no centro um livro aberto.

Os claustros editar

 
Claustro principal
 
Claustro

As tarefas de reedificação começaram com as obras do claustro principal, que se realizaram com grande rapidez.

O claustro principal do mosteiro é obra [1] de Ginés Martínez finalizando antes de 1607. O estilo no qual se enquadra é estritamente classicista. Consta de dois andares, que se abre para o interior mediante pilastras toscanas que sustêm arcos de volta perfeita o inferior e mediante pilastras mais estreitas e janelas com arcos de volta perfeita o superior. Este arquiteto também se relaciona com o arco de Santo Antônio situado na testeira Oeste do refeitório.

Seguindo o estilo classicista, Juan González Araujo realizou a escada entre os dois claustros por volta de 1634.

Tanto a escada como o segundo claustro foram executadas seguindo as traças realizadas por Bartolomé Fernández Lechuga

Outras estâncias editar

Nos primeiros anos do século XVIII com a colaboração econômica do arcebispo Monroy principiam-se as obras do Noviciado (1703), a enfermaria (1705 a 1724).

Simón Rodríguez iniciou a realização de um novo refeitório (1725 a 1733) e a nova cozinha (1740)

Situação atual editar

O convento foi declarado Monumento Histórico-Artístico em 1986. Na atualidade vivem nele cerca de 20 franciscanos. Parte é uma hospedaria (70 quartos) e restaurante; um dos claustros pode ser usado para banquetes. Outra parte alberga o Museu da Terra Santa (com diversos fundos: arqueologia, belas artes (pintura, escultura), artes aplicadas (cerâmica, têxtil), numismática, ciência e técnica, maquetes arquitetônicas) e outra mais oferece atividades sociais diversas.

Atualmente, parte dele alberga um hotel de quatro estrelas.

Notas

  1. de acordo com Bonet Correa

Ver também editar

Bibliografia editar

  • GARCÍA IGLESIAS, J. M. (1990). Galicia, Tiempos de Barroco. A Corunha. [S.l.: s.n.] ISBN 84-87751-50-4 
 
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