Cormorão-das-galápagos

O cormorão-das-galápagos (Nannopterum harrisi) é uma ave suliforme,[1] da família Phalacrocoracidae.[2] A espécie é nativa das Galápagos e é o único cormorão que não voa. Esta peculiaridade justificou a classificação do cormorão-das-galápagos em género próprio por duas vezes (Nannopterum, Compsohalieus) — no passado estava no género Phalacrocorax. O cormorão-das-galápagos tem uma distribuição geográfica bastante reduzida, podendo ser encontrado em apenas duas ilhas do arquipélago das Galápagos: Isabela e Fernandina. Em 1999 a população era de 900 indivíduos.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCormorão-das-galápagos

Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo (IUCN 3.1)
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Suliformes[1]
Pelecaniformes
Família: Phalacrocoracidae
Género: Nannopterum
Espécie: N. harrisi
Nome binomial
Nannopterum harrisi
(Rothschild, 1898)
Distribuição geográfica

Descrição editar

 

Com 89–100 cm de comprimento e 2,5–4 kg de peso, o cormorão-das-galápagos é o maior cormorão existente hoje em dia. O seu peso relativamente elevado para uma ave do seu tamanho é possível apenas porque esta espécie não voa. As asas são bastante reduzidas, cerca de um terço do equivalente nos outros cormorões, e adaptadas para a natação. A quilha é reduzida e os músculos de voo estão atrofiados. A plumagem do cormorão-das-galápagos é de cor preta, com a zona ventral acastanhana. O bico é também negro e os olhos são verdes-turquesa. A espécie não apresenta dimorfismo sexual significativo, as fêmeas são apenas menores, e os juvenis distinguem-se pela plumagem mais brilhante.

O cormorão-das-galápagos procura alimento no mar e como tal é um excelente nadador. Como todos os outros pelecaniformes, as suas patas são totipalmadas e os dedos são unidos por uma membrana interdigital que ajuda à propulsão sub-aquática. A alimentação é baseada em peixes, enguias e cefalópodes. O cormorão-das-galápagos é um predador altamente especializado, alimentando-se apenas junto do fundo e nunca a mais de 100 m da costa.[3] Em terra, tende a permanecer junto da linha de costa e só raramente é encontrado longe das praias e baías que habita.

A época de reprodução decorre entre Junho e Outubro, no pico de produtividade oceânica que garante uma boa fonte de alimentação para os juvenis. Os cormorões-das-galápagos organizam-se em pequenas colónias de cerca de 12 pares monogâmicos. O começo da época de acasalamento é marcado por um complicado ritual que se inicia com macho e fêmea nadando em conjunto. O ninho, pouco sofisticado, é construído pouco acima da linha de maré, com algas marinhas. Ao longo de toda a época de reprodução, o macho decora o ninho com pequenas prendas para a parceira que incluem conchas e pedras lisas e, em tempos mais recentes, latas de bebidas e tampas de garrafas. A fêmea põe em média três ovos por estação, mas é rara a sobrevivência de mais de uma cria. Macho e fêmea partilham as tarefas de incubação e cuidados parentais até os juvenis se tornarem independentes. Se, num ano, as fontes de alimento são abundantes, a fêmea abandona os juvenis aos cuidados do macho e procura novo parceiro para iniciar nova postura.

As Galápagos constituem um habitat insular livre de predadores, com condições ecológicas únicas que permitiram o desenvolvimento de uma fauna peculiar. Charles Darwin, que visitou as ilhas durante a sua viagem a bordo do HMS Beagle, ficou impressionado com a biodiversidade do arquipélago, que inspirou a sua teoria da evolução. O cormorão-das-galápagos evoluiu neste ambiente livre de predadores e com o passar do tempo perdeu a capacidade de voar. A sua população nunca foi muito elevada, devido à sua distribuição geográfica restrita, mas manteve-se em equilíbrio até à colonização do arquipélago pelo Homem. Com os colonos, chegaram espécies invasoras como ratos, porcos e gatos que atacavam ninhos e juvenis. A sobrevivência do cormorão-das-galápagos ficou em risco, mas o estabelecimento de uma reserva natural em 1979 permitiu a tomada de medidas para limitar as ameaças. A população de cormorões-das-galápagos permanece estável mas continua vulnerável.[4]

Ver também editar

Referências

  1. a b «Hamerkop, Shoebill, pelicans, boobies & cormorants». IOC World Bird List (v 6.4) (em inglês). Consultado em 23 de dezembro de 2016 
  2. Kennedy, Martyn; Valle, Carlos A.; Spencer, Hamish G. (1 de outubro de 2009). «The phylogenetic position of the Galápagos Cormorant». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês) (1): 94–98. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2009.06.002. Consultado em 28 de março de 2023 
  3. Wilson, Rory P.; Vargas, F. Hernán; Steinfurth, Antje; Riordan, Philip; Ropert-Coudert, Yan; Macdonald, David W. (novembro de 2008). «WHAT GROUNDS SOME BIRDS FOR LIFE? MOVEMENT AND DIVING IN THE SEXUALLY DIMORPHIC GALÁPAGOS CORMORANT». Ecological Monographs (em inglês) (4): 633–652. ISSN 0012-9615. doi:10.1890/07-0677.1. Consultado em 28 de março de 2023 
  4. Clegg, John (novembro de 1979). «Life on Earth, by David Attenborough. Collins & BBC, £7.95.». Oryx (2): 201–201. ISSN 0030-6053. doi:10.1017/s0030605300024406. Consultado em 28 de março de 2023