Culto grego ao herói

O culto ao herói foi uma das características mais distintivas da antiga religião grega. A palavra herói significava especificamente um homem, que passou a ser venerado depois de sua morte e por causa de sua fama durante a vida ou a maneira incomum de sua morte ele possuía o poder de apoiar e proteger a vida. Um herói era mais do que humano, porem menos do que um deus, e vários tipos de figuras sobrenaturais vieram a ser equiparado a uma classe de heróis; a distinção entre um herói e um deus era muito incerta, especialmente no caso de Hércules, o mais proeminente e mas atípico herói.[1]

Ruínas de um santuário dedicado a um herói ou heroon em Sagalassos, Turquia

As grandes ruínas e túmulos restantes da Idade do Bronze deram aos pré-literatos gregos dos séculos X e IX a.C., um sentimento, de uma grande que desapareceu com o tempo e foi refletida tradição oral épica, e que seria cristalizada na Ilíada.[2]

A natureza do culto ao herói  editar

Os cultos ao herói eram distintos do culto aos antepassados dos quais eles se desenvolveram[3] . Considerando que o ancestral era puramente local, Lewis Farnell observa, que o herói pode ser cultuado em mais de uma localidade

 
Culto a Édipo em uma ânfora, ca. 380-70 a.C. (museu do Louvre, CA 308)

Além da tradição épica, que contava com os heróis vivos e em ação, ao invés de incluir como objetos de culto,[4] a mais antiga referência escrita para culto ao herói é atribuída a Drácon, o legislador Ateniense do final do século VII a.C., que recomendou que os deuses e heróis locais deviam ser homenageados de acordo com os costume ancestrais. O costume, então, já estava estabelecido, e havia vários heróis locais.[5] As fontes escritas salientam a importância dos túmulos dos heróis e ou santuários, onde ritos ctônico eram feitos para apaziguar os espíritos e fazer com que eles continuassem a privilegiar as pessoas que olhavam para eles como fundadores. Ele iria ajudar aqueles que viviam nas imediações de seu túmulo, ou que pertencia a tribo da qual ele foi o fundador", observa Robert Parker,[6] com a exceção de Hércules, com seu escopo pan-Helenico.

Whitley interpretou a fase final, em que o culto foi co-optado pela cidade-estado como um gesto político, nos tumulus  aristocráticos rodeados por estelas, erguidos por Atenas para cremar os cidadão-heróis de Maratona (490 a.C.), para os quais o ctônico culto foi dedicado.[7] Por outro lado, heróis gregos eram distintos do culto aos imperadores mortos da antiga Roma, porque o herói não se acreditava na Grécia antiga que o herói tinha ascendido ao Olimpo ou tornado-se um deus;o seu poder era puramente local. Por esta razão os cultos ao herói eram ctônico por natureza, e seus rituais mais de perto assemelhavam-se aos de Hecate e Perséfone do que aos de Zeus e Apolo.

As duas exceções acima foram Hércules e Asclépios, que podiam ser honrados como heróis ou deuses, com libação ou com o sacrifícios. 

Uma frase atribuída a Pitágoras aconselha a não comer alimentos que tenham caído no chão, porque "pertencem aos heróis". Heróis se ignorados ou deixados de lado poderiam se transformar em maliciosos: em um fragmentário escrito por Aristófanes, um coro de heróis anônimos descrevem-se como remetentes de piolhos, febre e furúnculos.

Alguns dos primeiros cultos a heróis a heroína bem comprovados pela evidência arqueológica na Grécia continental incluem o Meneleu dedicado para Menelau e Helena em Terapne perto de Esparta, um santuário em Micenas dedicado a Agamemnon e Cassandra, outro na Amiclas dedicado a Alexandra, e outro em Ithaca dedicado para Ulisses. Todos estes parecem datados do século 8 a.C.[8] O culto de Pélope , em Olímpia, remonta ao período Arcaico.

Heróis e heroínas editar

Os cultos ao herói eram oferecidos de forma mais evidente para os homens, embora, na prática, a geralmente propiciavam a um conjunto de figuras da família, que incluíam mulheres que são esposas de um herói-marido, as mães de um herói-filho (Alcmena e Sêmele), e as filhas de um herói, pai.[9] Como Finley observa do mundo de Ulisses, que ele lê como uma nostalgia do século VIII  de tradições da cultura da Idade das Trevas da Grécia,

Penélope tornou-se uma heroína moral  para as gerações posteriores, a personificação de sua bondade e a castidade.[10]

Tipos de culto ao herói editar

 
Ofertas para um herói e outra divindade, representada em um mármore grego. 300 a.C.

Whitley distingue quatro ou cinco essenciais tipos de culto ao herói:[11]

  • cultos oikistas (aos fundadores).[12] 
  • Cultos ao herói nomeado
  • Cultos aos heróis locais
  • Cultos em túmulos da Idade do Bronze. [13]
  • Cultos ao oraculo de heróis

Lista de heróis editar

Veja também editar

Notas editar

  1. Robert Parker, in John Boardman,Jasper Griffin and Oswyn Murray, eds. Greece and the Hellenistic World (Oxford 1988) "Greek religion" p. 288; Parker gives a concise and clear synopsis of hero.
  2. Fox, Travelling Heroes in the Epic Age of Homer, 2008:34.
  3. "The cult of Heroes everywhere has the same features as the cult of ancestors... the remains of a true cult of ancestors provided the model and were the real starting-point for the later belief and cult of Heroes." Rohde 1925:125.
  4. R. K. Hack, "Homer and the cult of heroes", Transactions of the American Philological Association 60 (1929::57-74).
  5. Carla M. Antonaccio, "Contesting the Past: Hero Cult, Tomb Cult, and Epic in Early Greece" American Journal of Archaeology 98.3 (July 1994:389-410).
  6. Parker 1988:250.
  7. Inscriptions reveal that offerings were still being made to the heroised dead in the first century BC; the tumulus is discussed in Whitley, "The Monuments that stood before Marathon: Tomb cult and hero cult in Archaic Attica" American Journal of Archaeology 98.2 (April 1994:213-230).
  8. In the case of the shrine to Odysseus, this is based on a single graffito from the Hellenistic period.
  9. Jennifer Lynn Larson, Greek Heroine Cults (University of Wisconsin Press) 1995, has marshalled the evidence.
  10. Finley, The World of Odysseus (1954; rev. ed. 1978), p.32f.
  11. Whitley1994:220ff.
  12. A general study of oikist cults is I. Malkin, Religion and Colonization in Ancient Greece (Leida) 1987:189-266.
  13. Heinrich Schliemann, Mycenae, adduced by Whitley 1994:222 and note 44