Curacazgo de Cuzco

   |- style="font-size: 85%;"
       |Erro::  valor não especificado para "nome_comum"
   


O Curacado de Cusco (em espanhol: Curacazgo de Cuzco, também conhecido como Reino de Cusco ou Reino Inca) foi a primeira fase do desenvolvimento da cultura Inca, que, mais tarde, se transformaria no famoso Império Inca. Os incas ocuparam o vale de Cusco depois de uma lenta migração de 20 anos para fugir das invasões Aimarás em sua terra natal andina.[1] Se estabeleceram ao redor de um pântano que viria a tornar-se a praça principal de Cusco.[2] Durante muito tempo, ocuparam apenas a área ao redor desse pântano, porém logo vieram suas primeiras conquistas sob o comando de Sinchi Roca e outros incas como Yáhuar Huácac e Viracocha Inca. Sua cultura foi marcada por uma clara influência da cultura de Tiauanaco. Durante este período, algumas tecnologias foram desenvolvidas, mas a maioria de seus conhecimentos foi herança cultural.[3]

Curacado de Cusco

Reino Pré-Colombiano


século XIII – 1438
Localização de
Localização de
Mapa do Curacado de Cusco
Continente América do Sul
Capital Cusco
Língua oficial Cusco quíchua (falado de facto pela maioria da população), puquina (falado pelos governantes) e línguas aimaraicas (faladas pelas populações aimarás presentes no reino)
Religião Politeísta
Governo Monarquia Absolutista e Teocracia
Sapa Inca
 • 1200-1230 Manco Capac
 • 1230-1260 Sinchi Roca
 • 1260-1290 Lloque Yupanqui
 • 1290-1320 Maita Capac
 • 1320-1350 Cápac Yupanqui
 • 1350-1380 Inca Roca
 • 1380-1400 Yáhuar Huácac
 • 1400-1438 Viracocha Inca
História
 • século XIII Manco Capac funda o Curacado de Cusco
 • 1438 Viracocha Inca funda o Império Inca

Desde a chegada a Cusco, os incas sempre tiveram lutas constantes contra as tribos vizinhas. A maior parte delas era mais poderosa que os incas, como os ayarmacas e os Pinaguas, que tinham 18 curacados sob seu comando.[4] No entanto, quando derrotaram a última ameaça (os Chancas) sob o comando de Pachacuti, seu domínio sobre a região já era patente.

Origens editar

Além das lendas sobre a origem dos incas, existem evidências arqueológicas descobertas por Francis de Laporte de Castelnau em 1845 e confirmadas por Max Uhle de que os descendentes de Tiauanaco (os Taipicalas) foram atacados quando ainda habitavam seus povoamentos natais. Foram encontrados edifícios não inteiramente acabados, ferramentas espalhadas e construções abandonadas.

 
O Curacado Inca no período entre os anos 1000 e 1400, em vermelho no mapa.

Estas ondas de ataques obrigaram os Taipicalas a abandonar suas terras em busca de outras. Depois de 20 anos, entraram no vale de Cusco, onde Manco Capac fundou Qosqo (atual Cusco) depois de expulsar três etnias (sahuaseras, huallas e ayar uchos ou alcahuisas)[5].

Luta pela terra editar

Desde que chegaram em Cusco, os Incas tiveram que travar constantes lutas contra os grupos étnicos vizinhos. Quase sempre, eram os próprios Sapa Incas que comandavam e lutavam ao lado do exército Inca.[6]

Da época que vai de Manco Capac (1200 - 1230) até Cápac Yupanqui (1320 - 1350), a maior ameaça era a Confederação Ayarmacas-Pinaguas, mas, desde Inca Roca (1350 - 1380) até Pachacuti (1438 - 1471), a maior ameaça (ainda mais perigosa do que a anterior) foram os Chancas.[7]

Foi neste período que o Curacado Inca quase desapareceu (no governo de Yáhuar Huácac, 1380 - 1410). Uma rebelião causada pelos já conquistados Cuntis causou a morte do Sapa Inca e de seus familiares. O reino só não foi destruído porque ocorreu uma chuva torrencial, que os invasores acreditaram ser um mau presságio.[8]

Conquistas editar

Na época do Curacado Inca, houve poucas conquistas, limitadas a pequenas áreas ao redor de Cusco. Em seu apogeu, ocupou quase a metade do que é hoje o Departamento de Cusco. As conquistas foram limitadas pela debilidade dos incas em comparação com as outras etnias que estavam à sua volta, além dos conflitos internos. Sabe-se que ocorreram dois golpes de Estado durante este período (de Cápac Yupanqui sobre Maita Capac e de Inca Roca sobre Cápac Yupanqui).[9]

Governantes editar

Manco Capac editar

 Ver artigo principal: Manco Capac
  • dinastia Urin Cuzco: ~1200-~1230.

Fundou o império Inca aproximadamente no ano 1200, e foi seu primeiro governante. Se caracterizou pela conquista das tribos pré-incaicas que viviam ao redor de Cusco. Manco unificou os huallas, poques e lares, e com eles se estabeleceu na parte baixa da cidade. Deste modo, se originou a dinastia dos Urin Cuzco. Pouco tempo depois, ordenou a construção da primeira residência dos incas, o Inticancha (Templo do Sol). Sua irmã e esposa foi Mama Ocllo.

Sinchi Roca editar

 Ver artigo principal: Sinchi Roca
  • dinastia Urin Cuzco: ~1230-~1260.

Filho de Manco Capac e Mama Ocllo. De seu governo, se têm poucas notícias. Se crê que começou em 1230, prolongando-se por mais de vinte anos. Durante este período, no entanto, Sinchi Roca nunca saiu de Cusco nem ampliou o território conquistado por seu pai. De acordo com o cronista Sarmiento, Sinchi Roca se casou com Mamá Cora, filha de um curaca (governante) da aldeia de Saño, com quem teve um filho que chamaram de Lloque Yupanqui. Este herdaria o trono logo após a morte de Sinchi Roca.

Lloque Yupanqui editar

 Ver artigo principal: Lloque Yupanqui
  • dinastia Urin Cuzco: ~1260-~1290.

A partir de Lloque Yupanqui, os soberanos incas exerceram uma maior hegemonia sobre os povoados de Cusco e decidiram conquistar os vales vizinhos. A vitória sobre os huallas permitiu, a Lloque Yupanqui, estabelecer alianças políticas com curacas de aldeias vizinhas. Assim, nasceu a Confederação Cusquenha, na qual os incas eram o grupo mais numeroso e poderoso. Sua esposa foi Mama Cahua, filha do curaca de Oma, uma aldeia vizinha de Cusco.

Mayta Cápac editar

 Ver artigo principal: Mayta Cápac
  • dinastia Urin Cuzco: ~1290-~1320.

Seu governo se iniciou aproximadamente em 1290. Os cronistas contam que nasceu com apenas três meses de gestação, e que em poucos anos se converteu numa criança sadia e robusta. Ainda muito jovem, já dirigiu a campanha que derrotou os acllahuizas. Essa vitória foi celebrada por Mayta com o Huarachico, um ritual de iniciação viril muito comum entre a nobreza, e que simbolizava a passagem da adolescência para a idade adulta. Sua esposa foi Mama Pacuraray, natural da aldeia homônima.

Cápac Yupanqui editar

 Ver artigo principal: Cápac Yupanqui
  • dinastia Urin Cuzco: ~1320-~1350.

Foi o primeiro governante inca que decidiu sair em busca de conquistas fora da região cusquenha. Dirigiu numerosas e exitosas campanhas militares sobre os povoados de Cuyumarca e Andamarca, anexando-os ao poder central. Também enfrentou os condesuyos, que se haviam apoderado do santuário de Huanacauri e ameaçavam Cusco. Cápac os derrotou e regressou triunfante a Cusco. Com ele, terminou a dinastia Urin Cuzco. Sua esposa foi Curihilay, filha do curaca de Ayarmaca.

Inca Roca editar

 Ver artigo principal: Inca Roca
  • dinastia Hanan Cuzco: ~1350-~1380.

Com ele, se inicia a dinastia Hanan Cuzco, aproximadamente no ano 1350. Foi o primeiro a usar o título de inca, já que, anteriormente, os soberanos eram chamados de sinchis ou mancos, e eram considerados apenas chefes tribais. Conquistou os territórios de Mayna, Pinahua e Caitomarca, nos arredores de Cusco. Também penetrou a leste até Paucartambo. Construiu a Casa do Saber (Yachaywasi) e a residência do inca (Coracora). Sua esposa foi Mama Micay, do povoado dos huallacanes.

Yáhuar Huácac editar

 Ver artigo principal: Yáhuar Huácac
  • dinastia Hanan Cuzco: ~1380-~1400.

Conta a lenda que, quando criança, foi raptado por conspiradores. Quando estes se dispuseram a matá-lo, começou a chorar sangue, o que atemorizou seus raptores, que decidiram libertá-lo e devolvê-lo a seu pai, Inca Roca. Aproximadamente em 1380, assumiu o trono, mas teve que enfrentar sucessivas rebeliões internas. Depois de sua morte, a sociedade inca entrou em um período confuso. Sua esposa foi Mama Chiquia, filha do chefe ayarmaca que, tempos atrás, havia dirigido o seu rapto.

Viracocha Inca editar

 Ver artigo principal: Viracocha Inca
  • dinastia Hanan Cuzco: ~1400-~1438.

É considerado o primeiro inca com ambições imperialistas. Iniciou a expansão do poder cusquenho submetendo os povoados vizinhos e construindo guarnições militares nos novos territórios. Essa expansão provocou a reação dos chancas, habitantes da zona de Andahuaylas, que atacaram vários povoados quíchuas e chegaram até Cusco. Viracocha, já velho, se negou a defender a capital, mas um de seus filhos, Pachacuti, assumiu a resistência e derrotou os invasores.

Referências

  1. Waldemar Espinoza, Los Incas, pág 36.
  2. Victor Angles Vargas, Historia del Cusco incaico, pág. 77.
  3. Waldemar Espinoza, Los Incas, pág 415.
  4. Waldemar Espinoza, Los Incas, pág 65.
  5. Waldemar Espinoza, Los Incas, pág 47
  6. Como fizeram Sinchi Roca ou Pachacútec
  7. María Rostworowski, Historia del Tawantinsuyu, Pág.52
  8. Waldemar Espinoza, Los Incas, pág 62
  9. Waldemar Espinoza, Los Incas, pág 59.
  Este artigo sobre um Estado extinto é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.