A Cytisus striatus, comummente conhecida como giesta-amarela,[1] é uma espécie de planta arbustiva, pertencente à família das Fabáceas e ao tipo fisionómico dos microfanerófitos, marcada pelas flores amarelas que lhe aparecem entre Abril e Junho[2] e que se encontram associadas a rituais e tradições centenárias do folclore português.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaGiesta-amarela; Maios

Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Género: Cytisus
Desf.
Espécie: C. striatus
Nome binomial
Cytisus striatus
(Hill) Rothm.

Nomes comuns editar

Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: giesta-das-serras[4] (também grafada giesteira-das-serras[5]), giesta-negral[6] (também grafada giesteira-negral[7]) e maios[8] (também grafado maia[9] ou maias[8])

Taxonomia editar

Do que toca ao nome científico desta planta:

  • O nome genérico, Cytisus, advém do étimo latino cўtĭsus, que significa «erva de pasto; forragem»,[10]
  • O epíteto específico, striatus, também vem do latim e significa «estriada; com estrias».[11]

Do que toca aos nomes comuns:

  • «giesta-amarela»; «giesta-das-serras» e «giesta-negral», bem como as suas demais variantes gráficas, todas partilham o elemento vocabular «giesta»,[12] que por seu turno provém do latim genista[13], termo alusivo às espécies de arbustos usadas para fazer vassouras.
  • «maios», «maias»[3] e «maia» são nomes comuns alusivos à época do ano em que esta espécie costuma florir.[14]

Sinonímia editar

  • Cytisus pendulinus L. f. var. eriocarpus (Boiss. et Reut.) P. Cout.
  • Cytisus striatus (Hill) Rothm. var. eriocarpus (Boiss. et Reut.) Heywood
  • Cytisus striatus (Hill) Rothm. var. welwitschii (Boiss. et Reut.) Heywood
  • Sarothamnus eriocarpus Boiss. et Reut.
  • Spartium patens L.
  • Spartium patens L. raça procerum (Link) Samp.[2]

Descrição editar

Esta planta arbustiva pode medir entre 1 a 3 metros de altura, contando com ramos abundantes, estriados e flexíveis e flores amarelas.[7]

As folhas são constituídas por três folíolos, sendo que as mais baixas costumam ser pecioladas, ao passo que as mais altas soem de ser sésseis.[15] As folhas aparecem, em posições alternadas, na base dos ramos e caiem rapidamente.[16] Por seu turno, os folíolos, cujas dimensões variam entre os dois milímetros e meio e os dez milímetros de comprimento e um a dois milímetros de largura, exibem um feitio estreitamente oblanceolado, com as faces glabras e os versos seríceos.[17]

No que toca às flores, costumam ser solitárias, raramente aparecendo aos pares e ainda mais raramente em trios.[15] Figuram nas axilas das folhas, onde formam cachos folhosos. São compostas por cálice diminuto e seríceo, em forma de campânula, contando com cinco pétalas, amarelas, de grande tamanho.[18] A floração ocorre entre Abril e Junho.[2]

O fruto é uma vagem, de formato que varia entre o oblongo-ovado e o elíptico, completamente coberta de pelos acinzentados e arredondada, com até 3,5 cm de comprimento.[18]

Distribuição editar

Trata-se de uma espécie autóctone de Península Ibérica e no Noroeste de Marrocos, tendo sido introduzida na Europa Ocidental e na América do Norte.[2]

Portugal editar

Trata-se de uma espécie presente no território português, nomeadamente em Portugal Continental, de onde é autóctone, e no Arquipélago da Madeira, onde foi introduzida.[7]

Designadamente, no que toca a Portugal Continental, encontra-se presente, em quase todo o país, salvante o Centro-Sul Arrabidense e o Barlavento e Sotavento algarvios.[2]

Do que toca ao arquipélago da Madeira, encontra-se presente desde S. Martinho até ao Poiso e à Camacha, bem como no Porto Moniz, até altitudes na ordem dos 1.400 metros.[15]

Ecologia editar

Trata-se de uma espécie rupícola, que medra na berma de caminhos.[2] Tem uma notável preferência por solos com substractos ácidos, arenosos, graníticos, xistosos ou quartzíticos.[7] Medram ainda em bouças, penedias, escarpas, nas orlas de florestas e em sebes.[7][2]

Cultura popular editar

No Norte de Portugal, é tradição exibir um ramo de giesta no dia 1º de Maio, pendurando-o junto às portas e janelas das casas e demais edifícios ou mesmo depondo-a em cortelhos de animais, em carroças ou na dianteira de automóveis ou de outros veículos, como amuleto da sorte ou como protecção contra o carrapato (identificado com o demónio ou com o mau-olhado).[3] Por essa razão a planta é também conhecida como «maia» ou «maios».[14]

Usos editar

Os ramos são tradicionalmente utilizados para a manufactura de vassouras.[14][19] Foi ainda amplamente usada como chamiça ou acendalha, para fogueiras, ao longo da história de Portugal.[14]

Na língua inglesa as plantas do género Cytisus têm o nome comum broom que significa também vassoura. A Cytisus striatus é designada Portuguese broom, em referência à sua proveniência.[20]

Referências

  1. Infopédia. «giesta-amarela | Definição ou significado de giesta-amarela no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 1 de outubro de 2021 
  2. a b c d e f g «Jardim Botânico UTAD | Cytisus striatus». webcache.googleusercontent.com. Consultado em 30 de dezembro de 2020 
  3. a b c Braga, Teófilo (1885). O povo portuguez nos seus costumes, crenças e tradições, Volume 2. Porto: .Livraria Ferreira. p. 102 «No 1.° de Maio devem colocar nas portas e janellas flores de giesta, preservativo contra o Mal»; «Em 1835 escrevia o celebre antiquário João Pedro Ribeiro: «na cidade do Porto, no presente anno de 1835, ouvi ainda festejar as Janeiras, e no primeiro de Maio enramar as janellas com a flor de giesta amarella, que chamam Maias e nas aldeias não se faltou ao costume immemorial de as pôr nas cortes dos gados, nos Unhares e nos nabaes, etc. É natural que se não faltasse ao mesmo costume immemorial.»
  4. Infopédia. «giesta-das-serras | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 28 de março de 2022 
  5. Infopédia. «giesteira-das-serras | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 28 de março de 2022 
  6. Infopédia. «giesta-negral | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 28 de março de 2022 
  7. a b c d e «cytisus striatus - Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 1 de outubro de 2021 
  8. a b «Cytisus striatus - Flora-On | Flora de Portugal». flora-on.pt. Consultado em 28 de março de 2022 
  9. Infopédia. «maia | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 28 de março de 2022 
  10. «ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 1 de outubro de 2021 
  11. «ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 1 de outubro de 2021 
  12. Infopédia. «giesta | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Porto Editora. Consultado em 28 de março de 2022 
  13. «genista - ONLINE LATIN DICTIONARY - Latin - English». www.online-latin-dictionary.com. Consultado em 28 de março de 2022 
  14. a b c d Leite de Vasconcellos, José (1882). Tradições Populares de Portugal, vol. I. Porto: Livraria Portuense de Clavel & c.ª. p. 124. 320 páginas 
  15. a b c «Cytisus striatus (Hill) Rothm.». www3.uma.pt. Consultado em 28 de março de 2022 
  16. Pinto, B. (2010). Guia de campo – Dia B, 22 Maio de 2010, bioeventos.
  17. Press, J. R; Short, Marian; Turland, N. J; Natural History Museum (London, England) (1994). Flora of Madeira (em inglês). London: H.M.S.O. OCLC 31010930 
  18. a b Castroviejo, S. (1986). Flora Iberica - Cytisus striatus (PDF). Madrid: Real Jardín Botánico, CSIC. p. 163-164 
  19. Oria de Rueda, J.A.; Diez J (2003). Guía de árboles y arbustos de Castilla y León. [S.l.]: Palencia:Cálamo. ISBN 84-95018-46-2 
  20. «Cytisus striatus Profile». California Invasive Plant Council (em inglês). 20 de março de 2017. Consultado em 28 de março de 2022 

Ligações externas editar

 
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