Dama com Arminho

pintura de Leonardo da Vinci

Dama com Arminho é uma pintura feita no ano de 1489-1490 pelo artista Leonardo da Vinci. A obra, feita em óleo sobre madeira, é um retrato de Cecília Gallerani, encomendado pelo amante dela, Ludovico Sforza.

Dama com Arminho
Dama com Arminho
Autor Leonardo da Vinci
Data 1485-1490
Técnica Óleo sobre Madeira
Dimensões 54,8 × 40,2 
Localização Museu Czartoryski

Cecília fez parte de uma família abastada de Siena, admirada pelos dotes artísticos dos quais dispunha: falava latim, escrevia poemas e cantava. Na pintura, o que predomina é, no entanto, o estilo de Da Vinci, comum aos demais pintores renascentistas. As feições da retratada não permitem definir o sexo da personagem, sobretudo pela simbologia das mãos. Os dedos alongados não possuem características que podem ser atribuídas à feminilidade.[1]

A técnica de pintura utilizada pelo artista tinha como objetivo sustentar o belo por meio do esfumado, ou, sfumato renascentista - como era conhecido. Por esse motivo, é possível compreender o retrato de Gallerani como uma eufemização do eu interior da jovem, que seria apresentado de forma agressiva caso a técnica prezasse pelo alto contraste entre as cores utilizadas.[2]

As feições faciais da moça, diferentemente de outras obras de arte, não traz maçãs do rosto bem destacadas, lábios carnudos e avermelhados ou qualquer traço de maquiagem. A suavidade do rosto da jovem, que parece estar reduzido aos traços mais simples de um rosto, distanciam a figura feminina do olhar do observador.[3] A técnica do sfumato também pode ser percebida no arminho, que é o animal que ela segura. Ele está encaixado no colo dela como se também posasse para o retrato, embora, no momento da confecção deste, o animal não estivesse presente.

A linguagem iconográfica presente nessa pintura, recorda-nos um pouco da anterior Ginevra de' Benci. O Arminho representa o sobrenome da jovem em grego galée, mas também é o símbolo do amante Ludovico Sforza. Cecília abraça carinhosamente o seu amor junto ao colo. Após a conclusão desta surpreendente obra de arte, Ludovico termina o romance com a jovem e casa-se com Beatriz d'Este. No mesmo ano, toma como amante a modelo da obra intitulada erroneamente como La Belle Ferronière, também encomendada por ele.

Localização editar

Está no Museu Nacional de Cracóvia.

É um dos tesouros de uma coleção fundada há dois séculos por uma família da nobreza polonesa e "tem uma história atribulada", como sublinha Pytlarz. No filme Os Caçadores de Tesouros, com George Clooney, o quadro é uma das grandes obras roubadas pelos nazistas.

História editar

Foi comprado em 1798 pelo príncipe Adam Jerzi Czartoryski, durante uma viagem a Itália. Serviu de oferta à mãe, Izabela, que na sua propriedade em Pulawi, a sudeste de Varsóvia, se preparava para abrir o primeiro museu público na Polónia.

Com as atribulações políticas na Polónia, o quadro foi transferido para uma mansão dos Czartoryski em Paris. Depois, com a agitação na França, regressou à Polónia, sendo exposto em Cracóvia a partir de 1876. Quando se iniciou a Primeira Guerra Mundial, e com Cracóvia parte do Império Austro-Húngaro, o quadro foi transferido para longe da linha da frente, para Dresden. Voltaria a Cracóvia, agora cidade de uma Polónia renascida das cinzas e novamente independente a partir de 1918. Cobiçada por Hitler para o museu que pretendia construir na sua Linz natal. Depois de decorar os aposentos do governador nazi de Cracóvia, acabou na Alemanha, com a Polónia a conseguir recuperá-lo em 1945. A propriedade pelos Czartoryski só seria reconhecida em 1991, já depois do fim do regime comunista.

Referências

  1. PARISOTTO, Giovanna (2009). «As vênus do Renascimento». II Encontro Nacional de Estudos da Imagem. Consultado em 20 de setembro de 2017 
  2. CORDEIRO, Douglas (2008). «O universo das cores - da idade das cavernas ao renascimento». Universidade Federal de Uberlândia. Consultado em 20 de setembro de 2017 
  3. MORAIS, Carlos (2008). «O espírito do tempo nos discursos literário e pictórico: a descrição do feminino em Eça e Vuillard». XI Congresso Internacional da ABRALIC. Consultado em 20 de setembro de 2017