Commentarii de Bello Gallico (latim para "Comentários sobre a Guerra Gálica") é um texto de Júlio César onde ele relata as operações militares durante as Guerras da Gália, que se desenrolaram de 58 a.C. a 52 a.C., das quais ele foi vencedor.

Commentarii de Bello Gallico
(Comentários sobre a Guerra Gálica)
Uma edição do século XVII
Uma edição do século XVII de Commentarii de Bello Gallico
Autor(es) Júlio César, Aulo Hírcio (VIII)
Idioma Latim clássico
Assunto História, etnografia, história militar
Cronologia
Commentarii de Bello Civili
C. Iulii Caesaris quae extant, 1678

A "Gália" à qual se refere César é toda a Gália, com exceção da Província Narbonense (hoje Provença), englobando toda a França atual, Bélgica e parte da Suíça. Em outras ocasiões ele se refere somente ao território habitado pelos Celtas (a quem os Romanos chamavam Gauleses), do Canal da Mancha a Lugduno (Lyon).

O De Bello Gallico foi escrito por volta de 50 a.C. sob a forma de memórias, com um cuidado aparente de objetividade, mas finalmente revelam sua intenção de apologia pessoal.[1] Cada um dos livros de De Bello Gallico é consagrado a uma das sete campanhas de César na Gália, e constituem preciosos documentos históricos.

Conteúdo editar

A obra começa com Júlio César descrevendo a Gália e a campanha contra os Helvécios — um conglomerado de povos cujo número (segundo César) ultrapassava os 300 mil —, que decidira migrar das regiões alpinas para o oeste, passando através de Provença e outras áreas do centro da Gália, ocupadas por tribos aliadas a Roma. Quando César deixou claro que não permitiria isso, eles formaram uma aliança com outras tribos, para lutar contra os romanos (58 a.C.).

Segue-se a descrição das campanhas contra outras tribos gaulesas e germânicas, e a invasão da Britânia. Por último, o livro trata da insurreição geral da Gália[2] e da derrota de Vercingetórix na Batalha de Alésia.[3]

César distingue três grupos étnicos que viviam na Gália e que foram subjugados por suas forças: os Gauleses (no centro do país), os aquitanos (que viviam onde hoje é a região francesa da Aquitânia), e os Belgas (no norte).

As campanhas militares geralmente se iniciavam no final do verão — com o abastecimento de grãos e construção de fortalezas — e terminavam no final do ano, quando César voltava para seus quartéis entre os Sequanos (seus aliados), para passar o inverno.[4]

A obra completa contem oito seções, Livro 1 ao Livro 8, variando em tamanho de aproximadamente 5 000 a 15 000 palavras. Cada um dos livros de De Bello Gallico é consagrado a uma das sete campanhas de César na Gália, sendo o livro 8 escrito por Aulus Hirtius, após a morte de César.[5]

Importância histórica editar

O livro é também valioso pelos diversos fatos históricos e pontos geográficos (Gallia est omnis divisa in partes tres…) que podem ser apreendidos da obra, que foi também uma das primeiras a serem escritas na terceira pessoa. Capítulos notáveis são aqueles que descrevem os costumes dos Gauleses (VI, 13), sua religião (VI, 17), uma comparação entre os Gauleses e os Germanos (VI, 24) e outras notas curiosas como a falta de interesse dos Germanos pela agricultura (VI, 22).

Uso para instrução do Latim editar

A obra tem sido um dos pilares da instrução do latim por causa de sua prosa simples e direta. Como vemos na dedicatória e introdução de Francisco Sotero dos Reis o ensino do Latim foi o objetivo principal da tradução, sendo publicada em versão bilíngue.[5] Começa com a frase frequentemente citada "Gallia est omnis divisa in partes tres", que significa "A Galia está toda dividida em três partes".

Ver também editar

Referências

  1. ALBRECHT, Michael. Geschichte der römischen Literatur. Band 1. Munich 1994 2nd ed., p. 332-334.
  2. César, De bello gallico, VII, 4.
  3. César, De bello gallico, VII, 89
  4. César, De bello gallico, 42
  5. a b Sotero dos Reis. «Introdução de Comentários à Guerra da Gália». Montecristo Editora. Consultado em 27 de maio de 2020 

Ligações externas editar

 
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