Dimorphandra mollis

A Dimorphandra mollis, conhecida popularmente como faveiro ou fava de anta,[1] é uma árvore da família Fabaceae,[2] espécie comum do cerrado[3] brasileiro. Podendo chegar a 14 m de altura, ela tem diversos usos e grande importância econômica, principalmente no ramo farmacêutico, devido à elevada concentração de rutina.[4] Porém seus frutos não devem ser utilizados na alimentação bovina, pois tem caráter abortivo para esses animais.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaDimorphandra mollis

Classificação científica
Reino: Plantae
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Género: Dimorphandra
Espécie: D. mollis
Nome binomial
Dimorphandra mollis

Taxonomia editar

A espécie Dimorphandra mollis é conhecida popularmente como fava d'anta, faveira, favinha, faveiro, canafístula, barbatimão falso ou barbatimão de folha miúda. Ela pertence ao reino Plantae,[5] estando classificada dentro da família Fabaceae, a terceira maior família do grupo das angiospermas e da qual também fazem parte espécies como Medicago sativa (alfafa) e Pisum sativum (ervilha). A Fabaceae se divide em três subfamílias denominadas Faboideae[6] (Papilionoideae), Caesalpinioideae[7] (Caesalpiniaceae) e Mimosoideae[8] (Mimosaceae), sendo assim D. mollis faz parte da subfamília Caesalpinioideae. Por fim, o gênero na qual a espécie está inserida, Dimorphandra, se divide em outros três subgêneros: Pocillum, Phaneropsia e Dimorphandra, no qual D. Mollis está incluída.

Características gerais editar

A Dimorphandra mollis, conhecida popularmente como fava d’anta, é uma espécie da família Fabaceae, de médio porte, podendo chegar a 14m de altura. Apresentam folhas compostas, e os pares de pinas podem conter de 6 a 14 folíolos oblíquos de consistência cartácea, com nervura central abaxial inconspícua. Suas flores são amarelas com cálices pubescentes, superfície da corola glabra e ovário fusiforme. Os frutos da fava d’anta tem consistência coriácea, alongados/achatados de odor bastante forte e adocicado, são verdes e finos quanto imaturos, quando maduros são castanho escuros, contendo cerca de 28 sementes em média.[9] Os frutos apresentam ainda, rutina, um bioflavonóide utilizado no fortalecimento de vasos capilares. Essa substância é abortiva para o gado leiteiro,[1] devido a isso a espécie vem sendo eliminada das pastagens naturais. Mas por ser uma planta de fácil adaptação a solos secos e de baixo teor de nutrientes, e ainda por ter a necessidade de se desenvolver em superfícies abertas, são bastante recomendadas para a recomposição de áreas degradadas.[10]

Reprodução e crescimento editar

A Dimorphandra mollis é uma espécie monóica,[11] ou seja, apresenta o sexo masculino e feminino no mesmo indivíduo. A polinização é realizada por insetos e a dispersão dos propágulos é feita por mamíferos terrestres, como a anta[12] (Tapirus terrestris), porém o consumo desses frutos por esses dispersores naturais pode ser reduzido, devido à baixa densidade desses animais na fauna local. A fava d’anta apesar de apresentar grande valor econômico não é cultivada, sendo toda a sua matéria prima extraída de maneira desordenada e predatória, o que pode levar a extinção da espécie, já que a disseminação das sementes é restrita o que reflete no insucesso reprodutivo e na regeneração natural da mesma. A maturação dos frutos ocorre entre os meses de maio e agosto, onde a estação é mais seca. As inflorescências são facilmente visualizadas com flores amarelas de cerca de 5 mm, distribuídas em espigas reunidas em panículas corimbrosas que exalam um cheiro forte. O desenvolvimento é acróptero, com a abertura do botão floral ocorrendo em torno das 15 h e liberação de pólen três horas após a abertura.

Distribuição editar

Dentre as demais espécies do gênero, Dimorphandra mollis é a que apresenta um dos maiores números de ocorrência em regiões do Brasil.[13] Já foram confirmados indivíduos da espécie nas regiões Sudeste, Nordeste, Centro-Oeste e Norte, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Ceará, Maranhão, Piauí, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins. É encontrada nos domínios fitogenéticos Amazônia, Cerrado e Pantanal, estando presente nas vegetações de campo rupestre, cerrado (lato sensu), floresta ciliar ou galeria e floresta estacional semidecidual. Esta espécie não é endêmica[14] do Brasil, sendo também catalogada no Paraguai e na Bolívia.

Uso medicinal editar

O Cerrado apresenta uma rica diversidade biológica, principalmente em relação a sua flora. Dentre as plantas presentes nesse bioma algumas se destacam pela possibilidade de uso medicinal,[15] entre elas está a Dimorphandra Mollis. Seu caráter medicinal advém principalmente dos altos teores de flavonoides concentrados em seus frutos, destacando-se a rutina e a quercetina. Esses compostos são largamente utilizados pela indústria farmacêutica, o que pode vir a desencadear sistemas de manejo e extrativismo inadequados, causando por conseguinte danos à população da espécie.

O uso medicinal de plantas é uma atividade usual no Brasil e em outros países do mundo. Assim, compõem saberes passados de geração em geração e por vezes são a única fonte de medicamentos de determinadas comunidades. Estudos realizados nos mostram que a D. Mollis pode sofrer usos variados de acordo com a região e comunidade na qual está inserida. Em algumas regiões foi constatado o uso da casca no preparo de chás destinados ao tratamento de inflamações e úlceras, além da confecção de soluções para a limpeza de feridas e banhos de assento. Contudo, a rutina presente na planta apresenta propriedades abortivas para as espécies bovinas. O gado pode vir a ingerir o fruto principalmente na época de seca, quando há menor oferta de comida.[carece de fontes?]

Referências

  1. a b «Fava-de-anta». old.cnpgc.embrapa.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  2. «Fabaceae | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  3. «Cerrado: tudo sobre o 2º maior bioma do Brasil!». Mundo Educação. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  4. «O que é rutina? Saiba para que serve a vitamina P». www.conquistesuavida.com.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  5. «Reino Plantae. Classificação dos vegetais no Reino Plantae». Brasil Escola. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  6. «Faboideae | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  7. «Caesalpinioideae | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  8. «Mimosoideae | WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil». www.wikiaves.com.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  9. admin (22 de janeiro de 2016). «Fava D'Anta». Portal São Francisco. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  10. «Recuperação de áreas degradadas - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  11. Infopédia. «espécie monoica - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  12. «Anta (Tapirus terrestris )». FAUNA DIGITAL DO RIO GRANDE DO SUL. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  13. «Divisões Regionais do Brasil | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  14. «O que é uma Espécie Endêmica». ((o))eco. 9 de janeiro de 2015. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  15. «Plantas medicinais. O uso das plantas medicinais». Mundo Educação. Consultado em 25 de agosto de 2021 

Bibliografia editar

  • NUNES, J.D.; NERY, P.s.; FIGUEIREDO, L.s.; COSTA, C.A.; MARTINS, E.R.. O extrativismo da fava d'anta (Dimorphandra mollis Benth.) na região do Norte de Minas Gerais. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, [S.L.], v. 14, n. 2, p. 370-375, 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1516-05722012000200018.
  • Souza, V.C.; Lima, A.G. 2020. Dimorphandra in Flora do Brasil 2020. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB83086>. Acesso em: 18 ago. 2021.
  • Mourão, Sheila Abreu. Uso de leguminosas no Semiárido mineiro / Sheila Abreu Mourão, Décio Karam, Jéssica Aline Alves Silva. -- Sete Lagoas : Embrapa Milho e Sorgo, 2011. 91 p. : il. -- (Documentos / Embrapa Milho e Sorgo, ISSN 1518- 4277; 135)
  • SILVA, Guilherme Sousa da. CONTRIBUIÇÃO NA DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES DO GÊNERO NEOTROPICAL DIMORPHANDRA SCHOTT (FABACEAE CAESALPINIOIDEAE). 2019. 132 f. Dissertação (Mestrado) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, Amazonas, 2019.
  • MARTINS, Jaqueline Maria Della Torre. Fungos associados às sementes de faveiro (Dimorphandra mollis Benth.) submetidas a tratamentos pré-germinativos e antifúngicos. 2008. 46 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2008.
  • Oliveira, Oriane F. do Vale and Gondim, Maria José da Costa (2013) Plantas medicinais utilizadas pela população de Caldas Novas, GO e o conhecimento popular sobre a faveira (Dimorphandra mollis Benth Mimosoideae). [Medicinal plants used by the population of Caldas Novas, state of Goias, Brazil and popular knowledge about the faveira (Dimorphandra mollis Benth Mimosoideae).] Revista Brasileira de Agroecologia, 8 (1), pp. 156-169.
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  • SOUZA, Karolina Ascari de et al. ESTUDO ETNOBOTÂNICO DO FALSO BARBATIMÃO (Dimorphandra mollis Benth, Leguminosae - Caesalpinoideae) NA COMUNIDADE DE SALOBRA GRANDE, PORTO ESTRELA,MT. Biodiversidade, v. 2, n. 14, p. 106-115, 2015.
  • SILVA, Suelma Ribeiro. Ecologia de População e Aspectos Etnobotânicos de Dimorphandra gardneriana Tullasne (Leguminosae) na Chapada do Araripe, Ceará. 2007. 119 p. Tese (Pós- Graduação em Ecologia) - Universidade de Brasília, [S. l.], 2007.
  • MOREIRA, Francisco José Carvalho et al. Crescimento inicial de Fava D’Anta (Dimorphandra mollis Benth.) em diferentes substratos alternativos., [s. l.], v. 2, ed. 6, p. 1-10, 2019.
  • GONÇALVES , Ana Cecília et al. Conservação de Dimorphandra mollis benth. (fabaceae) baseada na estrutura genética de populações naturais, [s. l.], p. 1-8, 2010.
 
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