Domenico Capranica

Domenico Capranica (Capranica Prenestina, Lácio, Estados Pontifícios, 31 de Maio de 1400Roma, 14 de Agosto de 1458), foi humanista, teólogo, canonista, cardeal, secretário do Papa Martinho V, tesoureiro apostólico, conselheiro e protonotário apóstólico, preposto de Albi e comendatário de inúmeros benefícios. Era irmão do cardeal Angelo Capranica (1415-1478).

Domenico Capranica
Cardeal da Santa Igreja Romana
Arcipreste da
Arquibasílica de São João de Latrão
Protopresbítero
Info/Prelado da Igreja Católica
Atividade eclesiástica
Diocese Diocese de Roma
Nomeação 6 de julho de 1447
Predecessor Antão Martins de Chaves
Sucessor Dom Prospero Colonna
Mandato 1447 - 1458
Ordenação e nomeação
Nomeação episcopal 3 de novembro de 1425
Cardinalato
Criação 23 de julho de 1423 (in pectore)
8 de novembro de 1430 (Publicado)

por Papa Martinho V
Ordem Cardeal-diácono (1430-1458)
Cardeal-presbítero (1443-1458)
Título Santa Maria em Via Lata (1430-1458)
Santa Cruz de Jerusalém (1443-1458)
Brasão
Dados pessoais
Nascimento Capranica Prenestina
31 de maio de 1400
Morte Roma
14 de agosto de 1458 (58 anos)
Nacionalidade italiano
Progenitores Mãe: Iacobella
Pai: Niccolò da Capranica
Habilitação académica Universidade de Pádua
Universidade de Bolonha
Sepultado Santa Maria sopra Minerva
dados em catholic-hierarchy.org
Cardeais
Categoria:Hierarquia católica
Projeto Catolicismo

Biografia editar

Era filho de Niccolò da Capranica e de sua esposa Iacobella. Estudou em 1415 na Universidade de Pádua tendo como professor o futuro cardeal Giuliano Cesarini, O Velho (1398-1444). Mais tarde estudou na Universidade de Bolonha, obtendo o doutorado em direito em 1425. Em 1418 tornou-se secretário do Papa Martinho V, sendo também tesoureiro apostólico. Em 1420 Bispo de Evreux e desde 1427 arcebispo de Benevento. Em 3 de Fevereiro de 1423 foi nomeado clérigo da Câmara Apostólica, posto esse confirmado mas não publicado em 3 de Dezembro de 1425; publicado somente em 8 de Novembro de 1430[1]. Em 1424 foi nomeado arcebispo de Fermo e governador de Forlì em 1426. Foi pacificador entre Florença e o ducado de Milão. Participou do Concílio de Siena em 1424. Foi comendatário de inúmeros benefícios nas dioceses de Metz, Bolonha, Perúgia, Chiusi e Tortona. Foi também preposto de Albi. Em 8 de Novembro de 1430 foi nomeado administrador da sé de Fermo, ocupando esse posto até a morte.

Após a morte do Papa Martinho V, lhe foi contestado o cargo de cardeal e reconhecido somente dois anos depois, enquanto participava do Concílio de Basileia, concílio ao qual Capranica continuou a tomar parte de 1438 a 1443 - participando também quando o concílio se transferiu para Ferrara e depois para Florença, durante o papado de Eugênio IV. Foi promovido por causa de seus inúmeros serviços militares e políticos, notável em sua administração de Ímola e Forlì e pela sua bem sucedida intervenção com redução das revoltas em Bolonha. Nesse entremeio, tornou-se Bispo de Fermo, mas por alguma razão não foi para Roma para as cerimônias públicas do cardinalato. Apesar de seu protesto, e do acordo anterior com Martinho V, os cardeais do conclave posterior à morte do papa (1431) se recusaram a reconhecer a nomeação de Capranica e o novo papa, Eugênio IV, apoiou a decisão com base na entrega do chapéu cardinalício e a atribuição do título necessários para a validação da nomeação para o posto[2].

Capranica, tendo já sofrido inúmeras perdas em Roma por causa da inimizade dos Orsini, refugiou-se primeiro junto ao Visconde de Milão e mais tarde (1432) apelou para o Concílio de Basileia para reconhecimento do seu título. Dentro do grupo de amizades quando ele partiu para Basileia estava Enea Silvio Piccolomini. A assembléia em Basileia reconheceu a promoção de Capranica, mas para puní-lo por sua adesão ao Concílio convocado por Eugênio IV, foi destituído de todas as suas honras e dignidades, bem como de suas propriedades.

Capranica procurou uma reconciliação com o papa em Florença (em 30 de Abril de 1434). Eugênio devolveu-lhe os ofícios e os bens, deu-lhe o título cardinalício da Santa Cruz em Jerusalém, e o enviou para o Concílio de Ferrara com permissão especial para tratar com os bispos e teólogos gregos relativamente à assembleia das igrejas. Ele desempenhou por doze vezes o papel de embaixador para a Sé Apostólica, e em 1449 foi nomeado Penitenciário-mor e arcipreste de Latrão. Em 1443 foi promovido como vigário geral da marca de Ancona.

Capranica foi um dos mais justos reformadores da Igreja Romana, restaurando os ofícios do fervor primitivo entre os Cistercianos de Toscana, e elaborou em 1449 para o papa Nicolau V, um plano modelo para uma reforma religiosa geral. Ele era severo e grave de caráter, e no cumprimento dos seus deveres em seu ofício, franco e fluente ao se exprimir, era também bastante destemido. Ele insistiu em um exame pessoal com relação aos votos dados a Nicolau V, cuja eleição muito o surpreendeu, e ele protestou vigorosamente com o Papa Calixto III por causa do seu nepotismo, especialmente no caso da nomeação de Don Pedro Luis Borgia como vigário (governador) de Spoleto.

Capranica notabilizou-se como pacificador em Gênova, onde ele curou as feridas de inúmeras divergências municipais, e também entre a Sé Apostólica e o rei Afonso V de Aragão contra os príncipes da Alemanha. Durante a peste de 1456 ele permaneceu em Roma. Ele desempenhou papel proeminente em todas as negociações para uma cruzada contra os turcos na esperança de restaurar Constantinopla para os Paleólogos.

Atualmente ele é mais conhecido como fundador do Almo Collegio Capranica[3], o qual ele abriu em seu próprio palácio (o mais antigo monumento romano da alta renascença) para trinta e um estudantes pobres, dezesseis em teologia e artes liberais, e quinze em direito canônico. A sua constituição, elaborada por ele mesmo, foi louvada como modelar em sua espécie; o colégio propriamente dito é o mais antigo dos colégios romanos e portanto se orgulha do seu título peculiar de Colégio das Almas. Sua biblioteca de manuscritos passou para o colégio. Em 1460, o seu irmão e cardeal Angelo Capranica mandou construir nos arredores um prédio especial para o colégio.

Ele deixou toda os seus bens para uso da igreja, dizendo: A Igreja deu tudo isso para mim; eu devolvo, porque não sou seu mestre, mas seu administrador. Em verdade, eu teria amadurecido muito pouco nas noites que passei como estudante das disciplinas eclesiásticas se eu deixasse para meus parentes os bens da Igreja que pertencem aos pobres. Quando de seu falecimento o embaixador de Milão disse que o mais sábio, o mais perfeito, o mais douto, e o mais santo prelado que a Igreja tivera em nossos dias havia partido. E acrescentara que ele fora considerado universalmente como o próximo papa. Ludwig von Pastor (1854-1928), em sua obra História dos Papas, diz que de todos os cardeais da Era Renascentista nenhum exceto Niccolò Albergati (1375-1443), Cesarini e Carvajal (1400-1469) podem ser comparados a ele. Ele foi sepultado na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, em Roma, perto de Santa Catarina de Siena (1347-1380). Seu irmão, Angelo Capranica, também foi sepultado junto dele quando morreu em 1478[1].

Presumivelmente ele foi autor de uma obra chamada A Arte de bem morrer (1487). Segundo o historiador italiano Giovanni Domenico Mansi (1692-1769), ele escreveu a história do concílio, que nunca foi impressa. O cardeal na verdade compilou uma coleção sistemática dos documentos de Basileia, encontrado somente na forma de manuscrito.

Obra editar

  • Ars moriendi ou L'Arte del ben morire, publicado em 1487.
  • Il Governo del pontificato.

Referências editar

Notas editar