Doutrina da dupla verdade

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A doutrina da dupla verdade afirma que uma verdade apresentada teologicamente pode não ser uma verdade filosófica, e vice-versa. Segundo seus defensores, determinadas verdades estabelecidas pela podem ter a sua negação pela ciência histórica e ainda assim ser compatível com a fé; ou seja, poderia ser verdadeiro o contrário daquilo que teologicamente é admitido como verdade de fé, bem como poderia ser verdadeiro o contrário daquilo que filosoficamente é admitido como verdade.[1]

Origem editar

A doutrina tem origem no averroísmo latino, ou aristotelismo heterodoxo, que foi o primeiro a defender a dupla verdade. O averroísmo latino inspirava-se, entre outros, no pensamento aristotélico da "doutrina da eternidade da matéria (com a decorrente possível negação ou, pelo menos, reconhecimento da impossibilidade de demonstração, da tese da criação a partir do nada)"[2]. Daí defenderem a tese da dupla verdade, para tentar conciliar a doutrina cristã com Aristóteles.

Tomás de Aquino editar

No auge da Idade Média, no séc. XIII, Tomás de Aquino refutou a tese da dupla verdade. Diz o Aquinate que não há contradição entre filosofia e teologia. Para ele, a verdade atingida pelo teólogo é a mesma atingida pelo filósofo, apenas os métodos são diferentes: o primeiro procede pela revelação e o segundo, pela razão.[3]

Referências

  1. Josef de Vries, Dicionário de Filosofia, Tradução de Antônio Pinto de Carvalho, Editora Helder, SP, 1969
  2. José Ferrater-Mora, Dicionário de filosofia. Tomo 1, Verbetes A – D, tradução de Maria Stela Gonçalves e outros, Edições Loyola, SP, 2000 (original 1994), 2° Ed 2004, Verbete Averroísmo, pag 238 ISBN 85-15-01869-1
  3. Suma Contra os Gentios, Livro II, Cap. 4; Questões Disputadas sobre a Verdade, q. 14, art. 9.

Ver também editar