Elétricos de Braga

A rede de Elétricos de Braga foi uma rede de transporte ferroviário ligeiro público coletivo urbano, de tração elétrica e via não-segregada, que existiu entre 1914 e 1963 nesta cidade do noroeste de Portugal. Herdou a infraestrutura preexistente de um sistema anterior, de tração animal e, por breve período, térmica a vapor.

Primeiro dia de circulação, em 1914.
Elétricos de Braga - Linha 1
Continuation backward
Ramal de Braga
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Estação de Braga
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Depósito dos elétricos
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Rua Andrade Corvo
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Variante do Campo da Vinha
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Arco da Porta Nova / Rua dos Biscainhos
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R.D. Diogo de Sousa / Pç. Cd. Agrolongo
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Rua do Souto / Rua dos Capelistas
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Arcada× Linha 2
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Avenida Central
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Variante do Campo da Vinha
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Rua São Victor
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Rua Dom Pedro V
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Rua Nova de Santa Cruz
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Rua Lusíadas
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Via do Bom Jesus
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Elevador do Bom Jesus (Tenões)
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Elétricos de Braga - Linha 2
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Largo do Monte de Arcos
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R. Cons. Bento Miguel
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Liceu Sá de Miranda
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Rua São Vicente
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Rua dos Chãos
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Linha 3(pj. abd.) →V.ª Prado
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Arcada× Linha 1 (var.)
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Arcada× Linha 1
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Av. Liberdade
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Parque da Ponte

História editar

Já em 1905 a Companhia Carris e Ascensor lança o projecto para substituir toda a frota de “americanos” por composições elétricas e acrescentar fiação aérea para a sua alimentação, mas a câmara municipal mostrou-se desinteressada pelo assunto. Poucos meses mais tarde, o assunto “incendiou” a cidade com o aparecimento de uma nova companhia, constituída por capitalistas e empresários de Braga e do Porto, e depois ainda o interesse da Companhia Viação de Lisboa. A instabilidade gerada pelo fim da monarquia e o início da república arrefeceu e atrasou o processo até 1912.

O sistema foi finalmente inaugurado a 5 de Outubro de 1914, substituindo a frota do “carro americano” e de comboio urbano a vapor. Durante a cerimónia de inauguração, os elétricos foram ao Bom Jesus, e depois voltaram para a Praça da República, onde eram aguardados por centenas de pessoas.[1]

Para abastecer os elétricos foram instalados na Rua da Cruz de Pedra geradores elétricos a vapor. O sistema era alimentado, como habitual, em corrente contínua[2], na tensão relativamente alta, para a época, de 700 V[2] e com a particularidade mundialmente rara de ter o pólo positivo na linha aérea e o negativo nos carris, causa de perdas na alimentação[2]. A central elétrica, além de alimentar os carros elétricos, também servia para a iluminação da cidade.[1]

A frota ostentava primeiramente libré vermelha, posteriormente alterada para amarela.[3] Em dias de grande afluência podia-se registar uma lotação excecional de 200 passageiros em composições de carro-motor e um atrelado, ultrapassando largamente a respetiva capacidade nominal.[4] Após a descontinuação do serviço, em 1963, toda a frota foi desmantelada num sucateiro do Porto, que a havia adquirido a peso à Câmara Municipal de Braga por 111 mil escudos.[4] Subsiste o carro-elevador, musealizado em Coimbra; este foi usado para reparação da rede aérea mesmo após a substituição dos elétricos por tróleicarros.[4]

Na década de 1920 a linha um e dois (ida a volta do mesmo trajeto) passaram a ser designadas como apenas linha um, e foi criada uma nova linha dois. A linha um, desde o Largo da Estação até ao Pórtico do Elevador do Bom Jesus do Monte, foi inaugurada a 18 de Outubro de 1914, e a linha dois, que ligava a Ponte de S. João ao Cemitério de Monte de Arcos, foi inaugurada em 30 de Junho de 1923. Esta nova linha iniciava no Parque da Ponte, passava a Rua das Águas (actual Avenida da Liberdade), intersetava com a linha um na Avenida Central, seguia pela Rua dos Chãos, pela Rua de São Vicente, e terminava no Largo de Monte d’Arcos.

Nos primeiros anos de funcionamento, os eléctricos funcionavam quase sempre vazios, uma vez que as tarifas demasiado elevadas afastavam os habitantes da cidade e o número de turistas era ainda muito reduzido.[5] Como resultado, as receitas eram muito inferiores às despesas, acumulando um grande défice e gerando problemas financeiros à concessionária, os serviços municipalizados de Braga, ameaçando mesmo a extinção do sistema dos eléctricos.[5] Para tentar resolver este problema, foram reduzidas as tarifas, o que fez aumentar a procura por parte da população, gerando mais receitas e melhorando a situação económica dos serviços municipalizados.[5]

O serviço tinha uma cadência de 10 minutos na linha um (com circulação simultânea de cinco carros) e de 15 minutos na dois.[4]

Foi ainda projetada uma linha três, que ligaria o centro de Braga até à Vila de Prado. Tal nunca se veio a realizar, por em detrimento do elétrico ter sido escolhido o autocarro para esse trajecto. Houve ainda projectos de ligação de Braga a outras localidades, por elétrico, nomeadamente os que previam ligar o Elevador do Bom Jesus do Monte ao Sameiro, Braga a Barcelos e Braga a Ponte de Lima. Em 1 de Junho de 1921, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que a câmara municipal de Braga tinha sido autorizada a construir e explorar, durante 73 anos, uma linha de eléctricos entre a estação ferroviária e a Ponte do Prado.[6]

Além dos serviços de passageiros circulava regularmente transporte postal, em vagão fechado atrelado, entre a estação ferroviária e a Estação dos Correios.[4]

Em 20 de Maio de 1923 (um domingo) o atrelado do elétrico que seguia para o Bom Jesus soltou-se, descendo desgovernado a encosta. Alguns passageiros em pânico saltaram da composição o que provocou oito vítimas mortais.

A rede de elétricos foi definitivamente encerrada em 22 de Maio de 1963, sendo substituída pelos tróleis de Braga. Alguns carris perduraram até aos anos oitenta do século XX.

Ver também editar

 
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Bibliografia editar

  • MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no ano da Grande Guerra 1.ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1 
  • António RESENDE (ASPA): “Entre Aspas” Diário do Minho (1989.10.02). Transcrito, com notas e atualizações, em “Os elétricos de Braga, ”(sic!)“ foram inaugurados há 100 anos” Forum Cidadania Braga (partes: I, II, III, e VI)
  • Joaquim da Silva GOMES (2014). Os eléctricos em Braga (1914-1963). Braga: Bom Jesus. 136 páginas. ISBN 978-989-98974-0-3 
  • (autor desconhecido): “Para a história dos eléctricos de Braga” Boletim Municipal 9 (1982.03). C.M.B.

Referências

  1. a b MARQUES, 2014:187
  2. a b c Manuel Vaz GUEDES: Tracção Eléctrica 03 (2005): p.2
  3. in Resende (1989): parte I
  4. a b c d e in Resende (1989): parte III
  5. a b c SOUSA, José Fernando de (16 de Janeiro de 1939). «Transportes Colectivos no Porto» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1226). p. 69-71. Consultado em 31 de Outubro de 2017 
  6. «Efemerides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1233). 1 de Maio de 1939. p. 237-238. Consultado em 31 de Outubro de 2017 
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