Emilio Castelar y Ripoll (Cádis, 7 de setembro de 1832San Pedro del Pinatar, Múrcia, 25 de maio de 1899), político e escritor espanhol, foi o penúltimo Presidente da Primeira República Espanhola.

Emilio Castelar y Ripoll
Emilio Castelar
4.º Presidente da Espanha
Período 7 de setembro de 1873
a 3 de janeiro de 1874
Antecessor(a) Nicolás Salmerón Alonso
Sucessor(a) Francisco Serrano y Domínguez
Dados pessoais
Nascimento 7 de setembro de 1832
Cádis, Espanha
Morte 25 de maio de 1899 (66 anos)
San Pedro del Pinatar, Espanha
Partido Partido Democrata (Espanha), Partido Republicano Possibilista, Partido Liberal
Profissão político, escritor

Origem editar

Nasce em Cádis a 7 de setembro de 1832. Seus pais, Manuel Castelar e María Antonia Ripoll, de ideologia liberal, eram de Alicante. A restauração absolutista de Fernando VII obrigou o seu pai, Manuel Castelar, a exilar-se em Gibraltar durante sete anos por ter sido condenado à morte acusado de afrancesado. Quando a morte repentina do seu pai, Castelar contava somente com sete anos e mudou-se a Elda com a família da sua mãe.

Formação editar

Já quando pequeno, e graças ao influxo de sua mãe, María Antonia Ripoll,[1] era um leitor insaciável, o que se traduzia num rendimento escolar muito alto. Iniciou-se nos seus estudos de Ensino Médio no Instituto de Alicante em 1845. Estudou Direito e Filosofia na Universidade Complutense de Madrid, com homens que seriam os seus adversários políticos mais tarde como Antonio Cánovas del Castillo, licenciou-se em Direito aos vinte anos e fez o doutoramento um ano mais tarde (185354), e obteve uma cátedra de História Filosófica e Crítica da Espanha (1857). Durante os seus estudos pôde colaborar com a Escola Normal de Filosofia o que permitiu ajudar a salvar as penúrias da sua família.

Entrada em política editar

Ao terminar a sua formação dedicou-se em cheio à luta política, canalizada através do jornalismo (passou por vários periódicos como El Tribuno del pueblo, La Soberanía Nacional e La Discusión até fundar o seu próprio em 1864: La Democracia). O seu primeiro discurso deu-o em 25 de setembro de 1854 durante um comício do Partido Democrático em Madrid e desde esse momento, não apenas os assistentes, mas também a imprensa madrilenha, elevariam-no como um orador excepcional e defensor da liberdade e da democracia.

Defendia um republicanismo democrático e liberal, que se enfrentava com a tendência mais socializante de Pi i Margall. Desde essas posições lutou contra o regime de Isabel II, chegando a criticar diretamente a conduta da rainha no seu artigo El rasgo (1865). Em retaliação por aquele escrito, foi demitido da sua cátedra de História Crítica e Filosófica da Espanha na Universidade Central de Madrid que ocupava desde 1857, provocando revoltas estudantis e de professores contra a sua demissão, que foram reprimidas pelo governo sangrentamente na denominada "Noite de São Daniel" a 10 de abril de 1865. O governo de Ramón María Narváez demitiu e foi substituído pelo de Leopoldo O'Donnell, o qual restituiria a cátedra a Castelar. Mais tarde interveio na frustrada sublevação do quartel de San Gil de 1866, e foi condenado a garrote vil; porém, conseguiu fugir para França num exílio de dois anos.

Revolucionário editar

Participou na Revolução de 1868, que destronou a Isabel II, mas não conseguiu que conduzisse à proclamação da República. Foi deputado nas imediatas Cortes constituintes, nas quais se destacou pela sua capacidade oratória, especialmente pela defesa da liberdade de cultos (1869). Seguiu defendendo a opção republicana dentro e fora das Cortes até a abdicação de Amadeu I provocar a proclamação da Primeira República Espanhola em 1873.

Durante o primeiro governo republicano, presidido por Estanislao Figueras, ocupou a carteira de Estado, desde a qual adotou medidas como a eliminação dos títulos nobiliários ou a abolição da escravidão em Porto Rico. Mas o regime pelo qual tanto lutara descompunha-se depressa, rasgado pelas dissensões ideológicas entre os seus líderes, isolado pela hostilidade da Igreja, a nobreza, o exército e as classes acomodadas, e acossado pela insurreição cantonal, a retomada da guerra carlista e o recrudescimento da rebelião independentista em Cuba. A Presidência foi passando de mão em mão —de Figueras a Pi i Margall em junho e deste a Nicolás Salmerón em julho— até em setembro, as Cortes Constituintes nomeá-lo Presidente do Poder Executivo da República [1].

Presidente da República editar

Para tratar de salvar o regime dissolveu as Cortes, mobilizou homens e recursos e encarregou o comando das operações a militares profissionais, embora de duvidosa fidelidade à República. Quando as sessões das Cortes foram retomadas a princípios de 1874, Castelar apresentou a sua demissão a 3 de janeiro após perder uma votação parlamentar [2]; enquanto se votava a nomeação do novo presidente do poder executivo, que ia sendo favorável a Eduardo Palanca Asensi, o general Manuel Pavía deu um golpe de Estado e dissolveu as Cortes. Ofereceu formar governo Castelar, mas este recusou; finalmente foi o general Serrano que aceitou ser presidente do Poder Executivo.

Restauração monárquica editar

 
Monumento a Castelar em Madrid (Mariano Benlliure, 1908).

Liquidada assim a Primeira República, o pronunciamento de Arsenio Martínez Campos veio restabelecer a Monarquia. proclamando rei a Afonso XII. Castelar exilou-se em Paris. Após regressar de uma longa viagem, Castelar ingressou na Real Academia Espanhola e na Real Academia da História e voltou à política, encarnando nas Cortes da Restauração bourbônica a opção dos republicanos "possibilistas" que aspiravam a democratizar o regime desde dentro. Quando na década de 1890 se aprovaram as leis do jurado e do sufrágio universal, Castelar retirou-se da vida política, aconselhando aos seus partidários a integração no Partido Liberal de Sagasta (1893).

Foi sepultado no Cemitério de San Isidro, no pátio de Santa María de la Cabeza.[2][3]

Legado editar

Considerado como o mais eloquente orador da Espanha, foi também um dos grandes prosistas do século XIX. Influenciado pelo Romantismo, do qual também há sinais na sua oratória, recordam-se entre as suas obras os Recuerdos de Italia, algum romance como Ernesto, Fra Filipo Lippi e coleções de artigos, discursos e diversos estudos jurídicos, históricos e de crítica literária e artística, além de ensaios sobre ideologia política.

Cidade de Castelar editar

Em homenagem a Emilio Castelar há uma cidade na Argentina, na província de Buenos Aires, com o seu nome. Em princípio, o nome foi dado à estação de ferrovia que, posteriormente, deu origem à povoação, por volta de 1913. Foi declarada oficialmente Cidade de Castelar em 1971, quando superou os 10 000 habitantes. No ano de 2000, superava os 100 000 habitantes.

Bibliografia editar

  • DE ALBEROLA, Ginés. Emilio Castelar: Memorias de un secretario. Madrid, 1950.
  • ARAQUISTÁIN, Luis. El pensamiento español contemporáneo. Buenos Aires, 1962.
  • ESTEVE IBÁÑEZ, Luis. El pensamiento de Emilio Castelar. Universidad de Alicante, 1990. Tesis Doctoral.
  • LLORCA, Carmen. Discursos parlamentarios de Castelar. Madrid, 1973.
  • RAMOS, Vicente. Historia parlamentaria, política y obrera de la provincia de Alicante. 4 vols. Alicante, 1992.
  • VALERO, José Ramón. La palabra política de Emilio Castelar: cuatro discursos y un artículo. Elda, 1984.
  • VILCHES, Jorge. Emilio Castelar. La patria y la república. Madrid, 2001.

Notas

Referências

  1. www.ensayistas.org - Estudos críticos sobre Emilio Castelar
  2. Rico de Estasen, José (3 de novembro de 1935). «En el día de los muertos. El cementerio de San Isidro». Madrid. Blanco y Negro: 112 
  3. González Olaya, Vicente (12 de fevereiro de 1994). «Te olvidaron, Castelar». El País 

Ligações externas editar

 
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Precedido por
Nicolás Salmerón
Presidente da República de Espanha
1873 - 1874
Sucedido por
Francisco Serrano y Domínguez