A Erliquiose humana é uma zoonose causada por bactérias da família Anaplasmataceae e transmitidas para humanos através da picada do carrapato.[1]

São parasitas intracelulas obrigatórios e existem quatro genogrupos distintos:

  1. Anaplasma: representado pelo Anaplasma phagocytophilum causador da Erliquiose humana granulocítica e pela Ehrlichia equi, causadora da erliquiose em ovelhas, alces e cavalos;
  2. Ehrlichia: representado pela Ehrlichia chaffensis, causadora da Erliquiose humana monocítica e pela Ehrlichia canis, causadora da doença em cães;
  3. Neorickettsia: representado pela Neorickettsia sennetsu;
  4. Wolbachia.

Ao infectar os leucócitos circulantes, desenvolvem-se no fagossomo, apresentando característica morfológica distinta denominada mórula.

Agentes etiológicos e patologias editar

Cinco espécies foram identificadas como causadoras de infecção nos humanos:[2]

Os últimas duas infecções não estão ainda bem estudadas. Recentemente, foi descoberta uma infecção pela espécie recém-descoberta Panola Mountain Ehrlichia.[4]

Sinais editar

A doença é multisistémica com sintomatologia aproximada à da febre exantémica por Rickettsia, porém sem exantema:

A Erliquiose pode também afectar o sistema imune, podendo levar a infecções oportunistas como a candidíase. Se o tratamento for atrasado, a erliquiose pode ser factal. A taxa de mortalidade é inferior a 3%.[3]

Epidemiologia editar

Estas bactérias apresentam um período de incubação no organismo de uma semana, após o qual o indivíduo manifesta sintomatologia característica. Utilizam como vectores as carraças (português europeu) ou carrapatos (português brasileiro) presentes em esquilos, ratos, alces, ovinos e equinos.

Diagnóstico editar

No exame microscópico, assemelham-se a mórulas no citoplasma dos leucócitos. O exame cultural segue o método padrão e a cultura celular pode demorar até 1 mês.

Tratamento editar

A antibioterapia de 1ª linha deve ser levada a cabo antes da chegada da confirmação laboratorial, consistindo em tetraciclina ou doxiciclina. No caso de pessoas alérgicas a drogas da classe das tetraciclinas, a rifampicina é alternativa. Experiências Clínicas recentes sugerem que o cloranfenicol também possa ser efectivo, porém testes de susceptibilidade in vitro revelaram resistência.

Referências

  1. Gershon (2004). Krugman´s Infectious Diseases of Children 11th edition ed. [S.l.: s.n.] 
  2. Dumler JS, Madigan JE, Pusterla N, Bakken JS. Ehrlichioses in humans: epidemiology, clinical presentation, diagnosis, and treatment. Clin Infect Dis. 2007; 45 Suppl 1:S45-51. Pubmed ID =17582569
  3. a b Goddard J (1 de setembro de 2008). «What Is New With Ehrlichiosis?». Infections in Medicine 
  4. Reeves WK, Loftis AD, Nicholson WL, Czarkowski AG (2008). «The first report of human illness associated with the Panola Mountain Ehrlichia species: a case report». Journal of medical case reports. 2. 139 páginas. PMC 2396651 . PMID 18447934. doi:10.1186/1752-1947-2-139