Félix Houphouët-Boigny

político francês

Félix Houphouët-Boigny ([feliks ufwɛ(t) bwaɲi];[1][2] Iamussucro, 18 de outubro de 1905 – 7 de dezembro de 1993), conhecido carinhosamente por Papa Houphouët (em francês: Papai Houphouët) ou Le Vieux (em francês: O Velho), foi o primeiro Presidente da Costa do Marfim, cargo onde permaneceu por mais de três décadas até à sua morte. Chefe tribal, trabalhou como assistente médico, sindicalista e agricultor antes de ser eleito para o Parlamento francês. Teve vários cargos ministeriais dentro governo francês antes de alcançar a liderança política da Costa de Marfim na sequência da independência do país em 1960. Ao longo da sua vida, teve um papel significativo na política e na descolonização da África.

Félix Houphouët-Boigny
Félix Houphouët-Boigny
Retrato oficial tirado em 16 de julho de 1962
1.º Presidente da Costa do Marfim
Período 3 de novembro de 1960
a 7 de dezembro de 1993
Antecessor(a) Cargo criado
Sucessor(a) Henri Konan Bédié
1.º Primeiro-ministro da Costa do Marfim
Período 7 de agosto de 1960
a 27 de novembro de 1960
Antecessor(a) Cargo criado
Sucessor(a) Alassane Ouattara
Ministro da Saúde da  França
Período 6 de novembro de 1957
a 14 de maio de 1958
Antecessor(a) Bernard Lafay
Sucessor(a) André Maroselli
Dados pessoais
Nascimento 18 de outubro de 1905
Iamussucro, África Ocidental Francesa
Morte 7 de dezembro de 1993 (88 anos)
Iamussucro, Costa do Marfim
Primeira-dama Marie-Thérèse Houphouët-Boigny
Partido Partido Democrata da Costa do Marfim
Religião Católico romano
Profissão Assistente médico

Presidência da Costa do Marfim editar

Sob a liderança política moderada de Houphouët-Boigny, a Costa do Marfim prosperou economicamente. Este sucesso, invulgar da região pobre da África Ocidental, tornou-se conhecido como o "milagre de marfim" e deveu-se a uma combinação de um bom planeamento, a manutenção de laços fortes com o Ocidente (em particular com a França), e o desenvolvimento das indústrias do café e cacau do país. Contudo, as explorações do sector agrícola causaram dificuldades em 1980, após uma acentuada quebra nos preços do café e do cacau.

Política externa editar

Ao longo da sua presidência, Houphouët-Boigny manteve uma relação próxima com France, uma política conhecida como Françafrique, e desenvolveu uma amizade próxima com Jacques Foccart, o conselheiro-chefe sobre assuntos relacionas com África nos governos de de Gaulle e Pompidou. Deu apoio aos conspiradores que derrubaram Kwame Nkrumah do poder no Gana em 1966, fez parte no golpe fracassado contra Mathieu Kérékou no Benim em 1977, e tornou-se suspeito no golpe de 1987 que retirou Thomas Sankara do poder no Burquina Fasso. Houphouët-Boigny manteve uma forte política externa anticomunista, a qual teve como resultado, entre outros, o corte de relações diplomáticas com a União Soviética em 1969 (depois de terem sido estabelecidas em 1967) e a recusa em reconhecer a República Popular da China até 1983. Apoiou a UNITA, organização rebelde anti-comunista de Angola, também apoiada pelos Estados Unidos. Em 1986, re-estabeleceu as relações com a União Soviética, pouco antes da queda de sua confederação de países-membros socialistas.

Morte e legado editar

No Ocidente, Houphouët-Boigny era conhecido como Sábio de África ou o Grande Velho de África. Houphouët-Boigny saiu da capital Abidjã para a sua terra-natal, Iamussucro, e construiu a maior igreja do mundo, a Basílica de Nossa Senhora da Paz de Iamussucro, com um custo de 300 milhões de dólares. Quando morreu, era o líder africano que mais tempo se manteve no mandato na história da África, e o terceiro líder no mundo, depois de Fidel Castro de Cuba e Kim Il-sung da Coreia do Norte. Em 1989, a UNESCO criou o Prémio pela Paz Félix Houphouët-Boigny pela alvaguarda, manutenção e procura da paz". Após a sua morte, as condições na Costa do Marfim depressa se deterioraram. Entre 1994 e 2002, ocorreram vários golpes de estado, desvalorização da moeda, recessão económica, e, desde 2002, uma guerra civil.

Ligações externas editar

 
Commons
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Bibliografia editar

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Precedido por
Cargo criado
Presidente da Costa do Marfim
1960 – 1993
Sucedido por
Henri Konan Bédié

Precedido por
Cargo criado
Primeiro-ministro da Costa do Marfim
1960 – 1990
Sucedido por
Alassane Ouattara

Referências

  1. Noble, Kenneth B. (8 de fevereiro de 1994). «For Ivory Coast's Founder, Lavish Funeral». New York Times. Consultado em 22 de Julho de 2008 
  2. «Félix Houphouët-Boigny». France Actuelle. 5. 1956. p. 10 
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