Fernando Piteira Santos

político, professor universitário e jornalista português (1918-1992)

Fernando António Piteira Santos (Amadora, 23 de janeiro de 1918 — Lisboa, 28 de setembro de 1992) foi um político, professor universitário e jornalista português.[1]

Fernando Piteira Santos
Nascimento 23 de janeiro de 1918
Morte 28 de setembro de 1992
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação político, jornalista
Prêmios

Formação académica editar

Iniciou os seus estudos na Amadora, onde nasceu e viveu até aos 39 anos, tendo concluído o ensino secundário no Liceu Passos Manuel, em Lisboa. Frequentou seguidamente a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas, em 1950, com uma tese intitulada Geografia e Economia da Revolução de 1820.[nota 1][1]

Atividade política editar

Ingressou na Juventude Comunista na década de 40 do século XX.

No III Congresso do Partido Comunista Português (PCP), em novembro de 1943, foi eleito membro suplente do seu Comité Central.

Em 1943, foi um dos fundadores do Movimento de Unidade Nacional Antifascista (MUNAF), sendo membro do seu comité executivo em representação do PCP[2]

Em 1945, é controleiro do MUNAF a sul do Tejo e controleiro do Comité Regional do Oeste Sul do PCP.

Entre 1945 e 1946, foi preso pela PIDE na Cadeia do Aljube e no Forte de Caxias.

Em 1950, foi expulso do PCP sob a acusação de titista e de revisionista.

Em 1958, participa na campanha eleitoral do general Humberto Delgado à presidência da República.

Liga-se à Resistência Republicana e Socialista. Em 1961, é um dos subscritores do "Programa para a Democratização da República".[3][1]

É de novo preso pela PIDE entre agosto e novembro de 1961.

Em 1961, participou no fracassado assalto ao quartel de Beja, tendo passado à clandestinidade e, subsequentemente, exilado em Argel.

Participa então na fundação da Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN), de cuja Comissão Delegada fez parte.[4]

Após o 25 de Abril de 1974, regressa a Portugal.[1]

Atividade literária e jornalística editar

Após a sua expulsão do PCP, trabalha como tradutor e prefaciador de obras na editora Publicações Europa-América, onde, a partir de 1952, é igualmente chefe de redação do Boletim Bibliográfico da Europa-América, LER.[1]

Desenvolveu uma intensa atividade no jornalismo, colaborando, desde jovem, em diversos jornais e revistas.

Entre fevereiro de 1976 e abril de 1989, foi subdiretor do jornal Diário de Lisboa,[1] onde, a partir de 1976, publicou a coluna de análise política Política de A a Z.[nota 2]

Atividade docente e de investigação editar

Após a Revolução de 25 de Abril de 1974, regressa a Portugal, onde desenvolve atividade docente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Deu a sua última lição em 30 de junho de 1988, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

É nomeado para integrar a Comissão do Livro Negro do Fascismo, de que fez parte até à sua extinção.[5][1]

Homenagens editar

Condecorações editar

Na toponímia editar

Outras editar

A biblioteca municipal da Amadora denomina-se Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos.[13]

Vida familiar editar

Entre 1940 e 1947, foi casado com Cândida Margarida Ventura.

Em 1948, casou com Maria Stella Bicker Correia Ribeiro (1917-2009), mãe da jornalista Maria Antónia Fiadeiro.[14][1]

Algumas obras editar

  • As grandes doutrinas económicas. Lisboa: Publicações Europa-América, 1951
Com o pseudónimo Arthur Taylor
  • Geografia e economia da revolução de 1820. Lisboa: Europa-América, 1962.
  • 5 de outubro de 1976. Lisboa: Direção-Geral da Divulgação, 1976
Com Miriam Halpern Pereira e Jacinto Baptista.
  • Camões, os centenários, as leituras e o conceito de "experiências". Lisboa: Sociedade de Língua Portuguesa, 1982. Sep. Língua Portuguesa, 6.
  • Raul Proença e a "Alma nacional". Mem Martins: Europa-América, 1982.
Com a colaboração de António José de Almeida
  • O centenário da sociedade "A Voz do Operário". Lisboa: A Voz do Operário, 1983.
  • SÉRGIO, António. Correspondência para Raul Proença. Lisboa: Dom Quixote: Biblioteca Nacional, 1987.
GONZÁLEZ, José Carlos (org. e introd.); SANTOS, Fernando Piteira (estudo).

Traduções editar

  • BOGLIOLO, Luigi. Filosofia da pessoa humana no pensamento de António Rosmini. Lisboa: Ed. da Rev. Filosofia, 1958
Com o pseudónimo Fernando dos Santos
  • LE LANNOU, Maurice. Brasil. Lisboa: Europa-América, 1957.
  • KRAMER, Samuel Noah. A história começa na Suméria. Lisboa: Europa-América, 1963.
  • VIAUD, Gaston. A inteligência. 2.ª ed. - Lisboa: Europa-América, 1964
Com o pseudónimo F. Santos

Tradução e prefácio editar

  • ROUSSEAU, Pierre. A ciência do século XX: descobertas, aplicações

Lisboa: Europa-América, 1958

Prefácio editar

Raúl Rego, Manuela de Azevedo, Jacinto Baptista. Nosso confrade Herculano. Lisboa: Dir. Geral da Divulgação, 1983.

Espólio documental editar

O espólio documental de Fernando Piteira Santos encontra-se depositado no Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.[1]

Bibliografia editar

  • FIADEIRO, Maria Antónia (org., e coord.); SUCENA, Paulo (pref.); MARINHO, Luísa (rev.). Fernando Piteira Santos, mestres, amigos e companheiros: perfis biográficos. Lisboa: Campo da Comunicação, 2010.

Notas

  1. A tese foi publicada pela editora Publicações Europa-América, em 1962, sob o título Geografia e Economia da Revolução de 1820.
  2. Pode ser consultado online em Diário de Lisboa

Referências

  1. a b c d e f g h i Cf. Introdução ao espólio documental de Fernando Piteira Santos, no Centro de Documentação 25 de Abril.
  2. Movimento de Unidade Nacional Antifascista no sítio da Fundação Mário Soares.
  3. Resistência Republicana e Socialista na Politipedia.
  4. Frente Patriótica de Libertação Nacional na Politipedia.
  5. Criada pelo Decreto-Lei n.º 110/78, de 26 de maio, e extinta pelo Decreto-Lei n.º 22/91, de 11 de janeiro. Ver também o Decreto-Lei n.º 33/85, de 31 de janeiro. Cf. ainda a dissertação de mestrado de Joana Rebelo Morais, Comissão do Livro Negro do Fascismo.
  6. a b «Entidades Nacionais Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Fernando Piteira Santos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 28 de setembro de 2023 
  7. Rua Fernando Piteira Santos
  8. Avenida Doutor Fernando Piteira Santos
  9. Rua Fernando Piteira Santos
  10. Rua Fernando Piteira Santos
  11. Rua Piteira Santos
  12. Rua Fernando Piteira Santos
  13. Biblioteca Municipal Fernando Piteira Santos.
  14. CRUZEIRO, Maria Manuela. Stella Piteira Santos,
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